Casa não é tudo igual - e nem cidade
Projeto explora como desenvolver a observação dos alunos a partir das casas da sua cidade
Um quadrado com um retângulo dentro e um triângulo em cima ou um retângulo sob um triângulo. É assim que os seus alunos desenham uma casa? Esse foi o ponto de partida do projeto Era uma Casa, do professor Whebert Costa, que trabalhou a importância do patrimônio histórico e as histórias “contadas” pelas casas na cidade de Palmeiras (BA). A arquitetura dos casarões do Centro histórico da cidade remonta ao século 19 e conta um pouco sobre os garimpeiros e donos de garimpos que se instalaram na Chapada Diamantina. As casas atuais narram o presente.
O professor de Arte, então, propôs aos estudantes do 4º ano um novo olhar sobre suas casas: desenhá-las usando formas e materiais diversos e, principalmente, com vida. A primeira coisa feita por Whebert foi chamar atenção dos alunos para os tipos de casas diferentes que eles mesmos já conheciam. O professor apresentou um vídeo da história dos três porquinhos, que vivem em uma casa de palha, outra de madeira e outra de alvenaria. Com base nessa observação, Whebert iniciou uma roda de conversa sobre as casas de Palmeiras. As crianças perceberam que havia diferenças entre as fachadas e as cores e identificaram que, como na fábula, as construções são feitas de diversos materiais.
O professor utilizou diferentes materiais no projeto, de bloquinhos coloridos de madeira a caixas de papelão para que os alunos pudessem reproduzir o que entendiam como casa e depois fazer seu desenho. Os alunos foram desafiados a criar fachadas diferentes para o desenho tradicional de uma casa e o que se viu foi de janelas de vidro a antenas Wi-Fi. O professor escolheu então a fotografia para registrar as diferentes casas de Palmeiras. Ele explicou sobre iluminação, ângulo, composição. Em grupos, as crianças usavam câmeras para registrar suas imagens, precedidas de uma selfie para que o professor soubesse quem era o autor da imagem. As melhores fotos foram selecionadas para fazer parte de uma exposição na escola.
Para Whebert, se a casa é o lugar que acolhe as famílias, a cidade é o local onde estão todos esses lares e, portanto, ela deve ser valorizada como se fosse a nossa casa. “Devemos incentivar os alunos a olharem para o espaço de suas casas, vivências e histórias não só para tornar a experiência escolar significativa, mas também, para que suas produções artísticas sejam expressões genuínas de quem eles são”, diz Monique Deheinzelin, coautora do livro Aprender com a Criança.
Mais sobre esse tema