Como a professora Mara Mansani renovou o jeito de pôr todo mundo para escrever
Docente da EE Laila Galep Sacker, em Sorocaba (SP), adotou a metodologia do circuito de aprendizagem para desenvolver um trabalho sobre gêneros informativos
“Ninguém escreve do nada, é preciso mostrar bons modelos.” Mara Mansani, professora do 2º ano da EE Laila Galep Sacker, em Sorocaba (SP), não cansa de repetir essa verdade. E foi partindo dessa premissa que ela começou a pesquisar de que maneira poderia juntar a produção textual com a apresentação e a leitura de textos diversos, que oferecessem aos alunos a oportunidade de ter contato com diferentes gêneros - como acontece na vida cotidiana - e servissem de referência para a produção própria.
Mara, então, encontrou na obra de especialistas como Lilian Bacich e José Moran (que recebeu NOVA ESCOLA em sua casa para uma entrevista, que você encontra neste box), a resposta para esse desafio: montar um circuito de aprendizagem, no qual as crianças poderiam transitar por diferentes estações, lendo e produzindo coletivamente diferentes gêneros de texto.
“Quando o professor utiliza a produção textual no processo de alfabetização, ou mesmo em outro segmento, valendo-se de uma metodologia ativa como o circuito de aprendizagem, ele potencializa o desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita”, afirma a professora.
Para apoiar e conduzir a aprendizagem é necessário oferecer estímulos, como materiais de referência, modelos para estudo, que são os diferentes tipos de textos. A própria Base Nacional Comum Curricular (BNCC) preconiza, para o processo de alfabetização, a centralidade do texto - e dos textos reais, presentes na vida social. O documento diz que podemos organizar esses textos em quatro campos de atuação: vida cotidiana, artístico-literário, prática de estudo e pesquisa e vida pública. E, na hora de escolhê-los, é preciso seguir uma ordem de complexidade, de acordo com a faixa etária da criança, indo de bilhetes e listas de supermercado, por exemplo, a notícias de jornal e artigos de opinião.
Em sua sala, Mara levou para os alunos textos da vida escolar: verbetes de enciclopédia, texto instrucional, que ela chamou de textos que ensinam a estudar.
Aula ponto a ponto
- Mara explica o objetivo da aula: produzir um texto informativo sobre ioiôs. Faz perguntas: "quem aqui gosta de escrever?", "quem tem boas ideias?".
- Ela divide a sala em 3 grupos com cerca de 5 crianças cada e um tipo de texto a ser feito: grupo azul (curiosidade), laranja (verbete), vermelho (instrucional).
- No centro, uma mesa verde reúne os vários tipos de textos a serem desenvolvidos, para referência. Cada grupo pega os seus, conforme a cor.
- Eles analisam os textos recebidos. A professora passa por eles, orientando, estimulando o debate, solicitando que apontem características.
- Os alunos se movimentam pela sala, passando pelos vários grupos, para ter acesso a todos os tipos de textos.
- De volta a suas estações, iniciam a produção, conforme o desafio proposto. Um dos alunos é eleito como escriba, mas todos participam.
- Ao final, o material produzido é colocado em um painel amarelo para ser lido e discutido por todos.
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