PARA USAR COM OS ALUNOS

4 dicas para contar as histórias dos personagens da Região Norte aos alunos

Saiba como organizar momentos de contação de histórias no Ensino Fundamental 1 apostando no repertório, criatividade e oferta de textos impressos e livros para os alunos se guiarem

Ilustração de diversos rostos em fundo verde.
Ilustração: Renata Miwa/NOVA ESCOLA

Boto, Buopé, Cainamé, Caruara, Cobra-Norato, Erem, Guariba, Maria Caninana, Matinta-Pereira, Mãe da Mata, Mapinguari, Motucu, Onça-Boi, Poronominare, Rudá, Uaiuara e Vitória-Régia. Sabe o que esses personagens do folclore brasileiro têm em comum? Todos são, predominantemente, da Região Norte. Segundo Januária Cristina Alves, pesquisadora e autora do livro Abecedário de Personagens do Folclore Brasileiro, embora seja difícil afirmar a localidade exata onde esses personagens nasceram, é na cultura nortista que suas trajetórias ganharam força e atravessaram os anos na boca do povo.  

Para ampliar o repertório cultural sobre a região, especialistas consultadas por NOVA ESCOLA deram dicas de como incluir as peripécias dessas criaturas e seres fantásticos na rotina de leitura das crianças do Fundamental 1, mais especificamente através da contação de histórias. As sugestões das especialistas podem ser usadas para trabalhar com os alunos o e-book 5 personagens folclóricos da Região Norte (baixe aqui).

Confira algumas dicas de especialistas para organizar momentos de contação de histórias com os alunos desta etapa. 

Construa seu repertório

Busque referências de contação de histórias disponíveis em canais como o YouTube (confira algumas sugestões aqui). Mostre para as crianças não apenas as histórias em si, mas também todos os elementos que envolvem o enredo, tais como roupas, objetos, cenários e expressões, por exemplo. Segundo Maria José de Nóbrega, professora de pós-graduação no Instituto Vera Cruz e assessora pedagógica dos planos de aula NOVA ESCOLA de Língua Portuguesa, é crucial que o educador organize seu repertório para que a criança não só tenha conhecimento das histórias, mas também, de como o contador se apresenta, quais vestimentas e objetos usa, quais expressões utiliza etc. 

Escolha enredos adequados à turma

Maria José pontua que não há uma regra sobre quais histórias são mais indicadas para determinada idade, pois a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) recomenda o trabalho com os contos e seus variados subgêneros durante todos os anos do Ensino Fundamental. 

No entanto, ela observa que, muitas vezes, abordar alguns desses enredos significa “operar em um lugar de provocar certo medo, que é uma emoção também provocada pelo cinema, por exemplo”. 

“Às vezes, os subgêneros ligados ao sobrenatural podem ser perturbadores para crianças pequenas, mas muito da literatura direcionada às crianças alivia esse conteúdo mais assustador com humor. Eu diria que esses contos são os mais indicados para as crianças pequenas, os que temperam o sobrenatural com um lado mais divertido”, destaca.  

Januária Cristina Alves recomenda que a professora ou professor avaliem sua turma e tentem perceber quais histórias podem ser bem acolhidas pelos alunos e quais dialogam mais com a realidade daquela comunidade. Na prática, vale refletir se, com aquele grupo de crianças, é mais interessante trabalhar com monstros ou princesas guerreiras, com seres fantásticos ou lendas urbanas, por exemplo. 

“O professor precisa, sobretudo, conhecer sua turma e perceber o que desperta o interesse dos alunos em um momento ou em outro e, também, avaliar suas próprias preferências e se colocar no processo como leitor”, acrescenta.

Aposte na tela, mas lembre-se do papel

Na hora de contar as histórias por meio de uma plataforma síncrona (em caso de aulas remotas), é interessante que o professor faça com que os alunos intercalem os momentos de tela e o contato com as histórias por livros e folhas impressas, o que os ajudará a ter elementos imagéticos e diminuirá o tempo de exposição ao computador ou celular. Em tempos de ensino remoto, recorrer ao impresso trará uma concretude e atrairá o olhar do aluno, inclusive para as ilustrações.

Use e abuse da criatividade

Você não precisa ser um ator ou atriz para “encarnar” o personagem, mas pode usar a criatividade para temperar as histórias. Uma música, uma maquiagem, um cenário ou um apetrecho relacionados à figura narrada são apenas alguns exemplos do que pode ser explorado ao levar os enredos para a aula e ajudar a construir uma atmosfera envolvente para a criança.

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