Para potencializar a prática

10 sugestões para trabalhar nome próprio na alfabetização

De estabelecer relações entre os nomes das crianças a criar desafios diferentes para o uso dos cartões com nomes, veja o que considerar na hora de planejar atividades com o tema

No ensino remoto, a lista de nomes dos amigos de turma pode ganhar a companhia dos nomes dos familiares como referência para a escrita.
No ensino remoto, a lista de nomes dos amigos de turma pode ganhar a companhia dos nomes dos familiares como referência para a escrita. Foto: Lana Pinho/NOVA ESCOLA

Uma das primeiras referências que as crianças têm de escrita convencional, o nome próprio pode ser trabalhado com alunos de 1º e 2º anos para introduzi-los na compreensão da leitura e da escrita. Para colaborar no planejamento de atividades envolvendo o tema, Nova Escola conversou com Anna Kelly Carvalho, professora do Instituto Educacional Imaculada, em Campinas (SP); Fátima Fonseca, membro do núcleo de Coordenação Pedagógica da Comunidade Educativa Cedac e da equipe docente dos cursos da plataforma CEDAC Virtual; e Selene Coletti, vice-diretora da EMEB Philomena Zupardo, em Itatiba (SP). Confira as sugestões das especialistas.    

1. Use e abuse da lista de nomes da turma

Ela é famosa por marcar o início da aula, quando a chamada nome a nome é feita. E por ser usada quando as crianças vão começar alguma atividade em folha avulsa e devem escrever o nome. Mas a lista de nomes próprios é como aquela palha de aço famosa: tem mil e uma utilidades. Durante as atividades de leitura e escrita de títulos de livros que a turma gosta, por exemplo, é possível recorrer a ela para ajudar a escrever outras palavras. Se é hora de escrever receitas culinárias também. Quando você sugere que a turma recorra à lista em diversos momentos do dia para nela encontrar informações, está semeando um comportamento importante: o de recorrer a uma lista segura e com palavras estáveis para aprender mais. 

2. Estabeleça relações

A lista de nomes próprios da turma é um objeto interessante de análise quando, para além de considerar o nome de cada criança, individualmente, é usada para estabelecer relações. RAFAEL, PEDRO, HENRIQUE e MARGÔ são nomes que têm R, mas em cada um deles, a mesma letra tem sonoridades diferentes. KARINA e CAMILA parecem começar do mesmo jeito quando falamos o nome delas, não é? Mas são escritos de maneiras distintas. O que podemos concluir com tudo isso? A lista ajuda os pequenos a pensarem sobre os diferentes sons de uma mesma letra, a depender da posição que ocupam e da palavra em que aparecem. Também possibilitam a percepção de outras semelhanças e diferenças entre os nomes.  

3. Mantenha um padrão básico na elaboração da lista

Tal como o alfabeto e os números de zero a 9 expostos em sala, geralmente, o ideal é que a lista de nomes da turma seja feita toda ela utilizando letras bastão maiúsculas, sem nenhum tipo de decoração, e usando uma só cor. Assim, as crianças são desafiadas a tentar ler o que está escrito sem serem guiadas por pistas (exemplo: DENISE está escrito com caneta vermelha, CARLOS tem uma cobrinha desenhada no fim), ao mesmo tempo que não se confundem com o traçado. 

4. Apresente o sistema alfabético para a turma

Quando a lista de nomes da classe é feita, os nomes aparecem em ordem alfabética. E isso não é uma convenção a ser desconsiderada. É uma organização interessante para as crianças conhecerem a ordem alfabética. 

5. Explore todos os nomes

Não existe nome ruim para o trabalho de alfabetização com nome próprio. As letras K, W e Y, menos comuns na língua portuguesa, não precisam ser encaradas como problemáticas. Pelo contrário. Quando aparecem, podem ser usadas em ótimas conversas de investigação com a turma. “KARINA se escreve com KA e CAMILA com CA. O que podemos pensar sobre isso?”, “Na turma temos um THIAGO e outro TYAGO, que interessante” e “O nome da ANTONELLA tem dois L porque é de origem italiana, mas na hora de ler, é como o da LAURA” são exemplos de intervenções possíveis. No entanto, é importante ficar de olho se o aluno se sente confortável com o nome que tem. Nem todo apelido deve ser evitado - no caso de bullying, ele pode entrar em cena, mas é fundamental fazer um trabalho em paralelo com todos sobre o respeito com o outro. 

6. Acrescente os familiares na lista

Em tempos de pandemia, com os estudantes em casa ou indo para a escola somente alguns dias por semana, além da lista de nomes dos amigos de classe, outro material que se torna muito útil e cheio de significados para as crianças é a lista de nomes de pessoas da família. Vale sugerir que cada família construa a sua. Oriente os responsáveis de forma clara: uso de letras bastão, sempre maiúsculas, e nomes registrados em ordem alfabética. A aprendizagem e o uso da letra cursiva ficam para depois, quando as crianças tiverem compreendido o aspecto conceitual do sistema.

7. Não se preocupe com a data de validade da lista

Não há prazo certo para tirar a lista da parede da classe. Quando não precisam mais consultá-la, as próprias crianças deixam de recorrer ao material. Não se preocupe em recolher o cartaz para evitar que os alunos simplesmente copiem seu nome. Se eles estão fazendo isso, é porque ainda precisam desse apoio para fazer o registro. A lista só perde sentido mesmo quando todos tiverem escrita alfabética. Ainda assim, ela pode seguir sendo um recurso potente, tal como listas de adições que a turma sabe de cor, por exemplo. Como no item 2, as crianças podem continuar a usá-las para estabelecer relações

8. Utilize outras listas para complementar o trabalho

Mais do que normal, é óbvio que nenhuma turma terá uma lista de nomes completa: cada nome tem sua particularidade, mas nem todas as letras vão aparecer numa só lista ou nem todas as variações de sonoridade. Por isso, analisar o que é interessante, mas não aparece na lista do seu grupo, ajuda a pensar em quais outras listas podem ser feitas com os alunos. Dos jogos e brincadeiras que as crianças mais gostam, das frutas preferidas da classe, dos nomes de amigos de outras turmas etc.

9. Fique de olho no que as crianças sabem

Reflita o que os alunos revelam saber quando o uso da lista de nomes próprios está em cena para planejar outras atividades. Por exemplo, se a proposta é realizar um jogo de bingo de nomes, você pode planejar a cartela a ser entregue para determinada criança de maneira a combinar opções de nomes que ela ainda não identifica com outros que ela já domina.

10. Crie desafios diferentes

Recorra a cartões com o nome dos alunos para criar, diariamente, a lista de nomes da turma, na hora que as crianças entram em sala. É válido criar desafios diferentes. Num dia, você pode pedir que o ajudante do dia entregue para cada colega a tarjeta com o nome dele, para que, depois, cada um cole o seu no cartaz ou diretamente na parede, respeitando a ordem alfabética. Noutro dia, pode deixar todos os cartões misturados e pedir que cada criança pegue o seu. Também é interessante separar as crianças em dois grupos, misturar as tarjetas e pedir aos alunos para separarem de modo que cada grupo fique com as correspondentes aos seus integrantes (acesse um banco de ideias de atividades sobre nome próprio para o contexto remoto e o presencial).

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