Cozinha: como trabalhar Ciências com pipoca, gelatina e cabos de panela

O que faz a massa do pão crescer? Como o milho vira pipoca? Por que a tampa da panela se enche de bolhas quando a água está fervendo? O que acontece com o óleo quando jogado na água? Sabe o que todas essas perguntas têm em comum? A cozinha. Isso porque as respostas para essas – e outras perguntas que possam surgir a partir delas – estão nesse cômodo da casa, que é considerado um potente laboratório científico a ser explorado pelas crianças. 

É o que afirma Elisa Greenhalgh Vilalta, professora polivalente e autora do Time de Autores de NOVA ESCOLA de planos de aula de Ciências para o Fundamental 1. “Na cozinha, podemos investigar o que acontece quando misturamos uma coisa com outra, o que enxergamos de cada elemento misturado, as transformações, os estados físicos das matérias, a utilização dos materiais disponíveis e assim por diante”, observa a educadora, que leciona para os Anos Iniciais na escola Maple Bear e para os Anos Finais na rede pública de Maceió (AL).

Em tempos de pandemia, em que muitos alunos ainda estão longe da escola, explorar o que há ao redor pode ser um dos lados bons do isolamento social. Consultora desta Caixa, Luciana Hubner, selecionadora do Prêmio Educador Nota 10 e responsável por programas educacionais para incentivo e qualificação do ensino de Ciências na Educação Básica, lembra que o ensino do componente curricular se faz com poucos – e simples – recursos. 

“A gente faz ciência fazendo perguntas. E boas perguntas são aquelas para as quais não temos respostas prontas, aquelas para as quais vamos procurar indícios de respostas junto a um adulto, uma criança, uma fonte de informação. O mais bacana é que essa resposta pode trazer novas perguntas sobre o que estou pesquisando”, enfatiza.  

A professora Elisa reforça que os espaços de casa são pratos cheios para as experimentações científicas, daí a importância de propor tais atividades. “É justamente fazer com que as crianças utilizem o que elas têm à disposição e isso põe em xeque, inclusive, o fato de que, muitas vezes, o livro didático traz apenas experimentos para serem realizados no ambiente escolar quando, na verdade, há muitos materiais em casa que podem ser usados para ampliar o conhecimento em Ciências”, pondera a educadora. 

Vale lembrar que, em muitas dessas experiências, é importante que a criança tenha a supervisão de um adulto. Confira a seguir algumas sugestões para levar as Ciências para a casa dos alunos e incentivá-los a colocar a mão na massa – em alguns casos, literalmente.

ATIVIDADE 1: COMO A GELATINA REAGE AO SER MISTURADA COM ÁGUA E OUTROS PRODUTOS?

Como trabalhar com os alunos: Partindo de uma receita de gelatina colorida (veja aqui), peça que os alunos façam diferentes misturas: primeiro misturando a gelatina com água morna e, depois, com água fria, em seguida com água fria e leite condensado e, finalmente, com água morna e creme de leite. O professor deve orientar que os alunos analisem e listem, em forma de tabela, quais os materiais de cada mistura e quais são as condições semelhantes e diferentes – uso do mesmo pó de gelatina, líquidos iguais em temperaturas diferentes etc.

Em seguida, peça para que tentem explicar e justificar as possíveis diferenças observadas, além de compartilhar as suas conclusões com os colegas. É uma atividade interessante, pela observação das condições de solubilidade de um soluto (gelatina) em diferentes solventes (água fria, morna, leite condensado e creme de leite). Além disso, fica uma receita deliciosa que pode envolver familiares e que será degustada por todos.

Habilidade da BNCC de Ciências relacionada:

EF04CI01 - Identificar misturas na vida diária, com base em suas propriedades físicas observáveis, reconhecendo sua composição.

EF04CI02 - Testar e relatar transformações nos materiais do dia a dia quando expostos a diferentes condições (aquecimento, resfriamento, luz e umidade).

ATIVIDADE 2: QUAL O MELHOR MATERIAL PARA O CABO DE UMA PANELA?

Como trabalhar com os alunos: A partir dessa pergunta disparadora, peça para o aluno convidar algum de seus familiares para uma experiência. O experimento pode ser feito tanto no fogão, sob a supervisão de um responsável, quanto no microondas. Neste caso, a ideia é encher um copo d'água e deixar o líquido aquecer por breve período de tempo. Depois, peça para a criança mexer a água com uma colher de metal e com uma de plástico para ver, na prática, a transferência de calor. Importante ressaltar que a experiência deve ser bem orientada por um adulto. Os alunos podem anotar o que perceberam sobre a temperatura da colher, levantar hipóteses sobre o porquê da diferença de temperatura nos dois materiais e compartilhar suas conclusões com os colegas.

Habilidade da BNCC de Ciências relacionada: EF05CI01 - Explorar fenômenos da vida cotidiana que evidenciem propriedades físicas dos materiais – como densidade, condutibilidade térmica e elétrica, respostas a forças magnéticas, solubilidade e respostas a forças mecânicas (dureza, elasticidade etc.), entre outras.

Plano de aula relacionado: Misturas na cozinha

ATIVIDADE 3: COMO O MILHO VIRA PIPOCA?

Sugestão de atividade: Nesta atividade, proponha que a criança observe os grãos de milho e que descreva as suas características (a cor, a forma etc.). O aluno também pode manipular e medir o tamanho do grão e sentir sua textura. Depois, com a ajuda de um adulto, o milho deve ser levado ao micro-ondas ou ao fogo para, enfim, acontecer a observação da transformação do milho em pipoca. Da mesma forma, o aluno deve observar a pipoca quanto às suas características, tamanho e textura. A seguir, peça que pesquise e responda: o que foi necessário para que o milho se transformasse em pipoca? Essa transformação pode ser revertida? Por fim, peça para cada um compartilhar suas conclusões com os colegas e explique que há certas mudanças causadas pelo aquecimento que são reversíveis e outras não, como é o caso da transformação do milho em pipoca.

Habilidade da BNCC de Ciências relacionada: EF04CI03 - Concluir que algumas mudanças causadas por aquecimento ou resfriamento são reversíveis (como as mudanças de estado físico da água) e outras não (como o cozimento do ovo, a queima do papel etc.).