Como acolher os professores e alinhar os protocolos contra a covid-19 no 2º semestre de 2021
Acolhimento não é apenas dar um presente ou agrado de boas-vindas: é fundamental levar aos professores informação e segurança sobre os cuidados relacionados à pandemia e deixar as portas abertas para planejar em equipe as atividades pedagógicas
Quando o assunto é o retorno das aulas presenciais em meio à pandemia de covid-19, é comum vermos secretarias e diretorias focando seus esforços nas mudanças estruturais que se fazem necessárias nas escolas para seguir os protocolos sanitários contra a doença. Também entra como prioridade o planejamento das aulas e da acolhida dos estudantes, de modo a transmitir segurança de que todos os cuidados serão tomados. No entanto, e os professores? Como eles se sentem diante do provável retorno de muitas redes e escolas ao modelo presencial ou semipresencial no segundo semestre?
Pouco ou quase nada se fala sobre o acolhimento tão necessário daqueles que precisarão passar toda essa confiança aos alunos e famílias. A retomada das aulas presenciais não traz consigo a normalidade de antes da pandemia, muito pelo contrário. Nos últimos meses, educadores voltaram às salas de aula com a cara e a coragem, muitos sem ter tomado sequer a primeira dose de vacina e, mesmo com o temor de se contaminarem e contaminarem os próprios familiares, foram apoiar os alunos presencialmente.
Assim como os estudantes, eles também podem ter passado por perdas familiares por causa do coronavírus. E, mesmo assim, continuaram trabalhando e se adequaram às dificuldades impostas pelo contexto. Tudo isso trouxe cansaço, medo e ansiedade. Por isso, na hora que, mais uma vez, as regras do jogo mudam, a comunicação transparente e o apoio por parte da equipe gestora e das secretarias municipais são fundamentais para que esses professores se sintam acolhidos e amparados.
Para prepará-los para o novo momento, que deve combinar atividades remotas com presenciais em diferentes modelos a serem adotados pelas redes de ensino, é preciso que a gestão escolar esteja atenta.
“Antes de tudo, os gestores precisam estar preparados e conhecer detalhadamente os protocolos para poder desenvolver estratégias que tranquilizem esses professores que estão retornando depois de meses. É importante mostrar que a escola está organizada e pensando nos riscos. Essa é a primeira forma de acolhimento [aos professores]”, explica Sonia Guaraldo, consultora pedagógica e especialista em gestão escolar.
Protocolos contra a covid: o que sabemos até hoje?
Também faz parte do acolhimento manter os professores atualizados sobre o que já se sabe sobre o vírus e as maneiras de transmissão e prevenção. Para isso, as secretarias municipais e estaduais e os gestores precisam estar atualizados sobre as recentes descobertas científicas relacionadas à doença, de modo a transmitir informações confiáveis e respaldadas por pesquisas sérias. Afinal, muita coisa foi sendo descoberta ao longo da pandemia.
Se, antes, pensava-se que as gotículas de saliva eram a principal forma de contaminação, hoje está claro para a comunidade científica que são partículas ainda menores, os chamados aerossóis, que facilitam a propagação do vírus. Por isso, o uso de uma máscara de qualidade segue como uma das medidas mais importantes para evitar a contaminação. O uso de modelos como a PFF2, capazes de filtrar aerossóis e gotículas, pode ser ainda mais eficaz no combate à disseminação do vírus (saiba mais e conheça revendedores aqui).
Diferentemente do que muitos achavam no início da pandemia, a medição de temperatura é outro protocolo que já não se mostra tão efetivo, pois há pessoas que contraem o vírus sem apresentar sintomas como a febre.
Por essas constantes mudanças e avanços nas pesquisas sobre a doença, é preciso auxiliar no esclarecimento dos professores sobre o que a ciência já sabe sobre o vírus e as melhores medidas para evitá-lo.
Acolhimento individualizado dos professores
Sonia diz ainda que uma estratégia importante para acolher o professor é justamente olhar para ele como um indivíduo, compreendendo o momento emocional que as pessoas estão vivendo, os lutos pelos quais eles podem estar passando e estabelecendo uma relação de empatia. “A escola não precisa mostrar que tem todas as respostas, mas os gestores precisam demonstrar aos professores que estes podem se sentir apoiados na estruturação do seu planejamento pedagógico”, conclui.
Joice Lamb, coordenadora pedagógica na EMEF Professora Adolfina J.M. Diefenthäler, em Novo Hamburgo (RS), e consultora deste Box, corrobora. “Quando falo de acolhimento, não é aquele de dar presentinho, chocolatinho de boas-vindas. Acolhimento é dar para os professores segurança de que eles podem recorrer à equipe diretiva quando precisarem, segurança de que têm um protocolo que foi pensado para a proteção deles, segurança que podem dizer para o pai: ‘Não, agora não posso te atender’, pois está com parte da turma no presencial.”
Coordenadora de uma escola que tem desenvolvido atividades presenciais desde maio de 2021, Joice conta que uma boa estratégia para os professores se sentirem seguros foi deixar as portas abertas para discutirem ou reelaborarem suas atividades pedagógicas. "Debatemos tudo que chega a nós. Refletimos com os professores sobre quais os riscos de contaminação em cada proposta que nos apresentam e, juntos, pensamos em alternativas de como preparar os alunos para aquela tarefa, com orientações sobre o que podem fazer antes da realização da atividade. Isso foi tranquilizando os professores”, explica Joice.
Trabalho conjunto na elaboração dos protocolos
Outro ponto importante para planejar o retorno é o professor fazer parte do time que prepara os protocolos, fazendo com que eles tenham um sentimento de pertencimento daquela comunidade. “Quanto mais a escola se estrutura como um trabalho colaborativo, mais os professores vão se sentir seguros”, reforça Sonia.
Na EMEF Professora Adolfina J.M. Diefenthäler, direção e professores fizeram uma reunião virtual, em que a gestão explicava tudo que estava sendo feito para proteger a comunidade escolar no retorno às aulas e os professores podiam se expressar e fazer sugestões. Em seguida, professores marcaram hora para ir até a escola e ver como os espaços foram reorganizados. “Fizemos um tour com quatro professores, ouvindo o que eles tinham a dizer e respondendo às perguntas no local que as situações iriam acontecer”, explica Joice.
Desafios para as redes de Ensino
A secretária de Educação Municipal de Vitória, Juliana Rohsner, reconhece que “o momento vivenciado pelos educadores é o maior desafio de suas vidas”. Por isso, toda a elaboração da retomada das aulas na capital capixaba foi construída em cima de três eixos: a formação e preparação dos professores para esta retomada; a elaboração de um documento que eles chamaram de plano retorno, em que descrevem tanto os protocolos sanitários quanto as práticas pedagógicas mais adequadas para o momento; e, por último, o trabalho da intervenção física das escolas.
Na capital do Espírito Santo, as aulas retornam no modelo híbrido (parte remota, parte presencial) em maio deste ano. Juliana explica que equipes da secretaria visitaram as 102 escolas da rede para realizar as adequações que o protocolo previa e saber se era necessário enviar mais recursos para essa adaptação. “A volta tem sido muito emocionante, porque foi um reencontro de pessoas que dependem uma da outra. A gente depende do aluno, e o aluno depende da gente. Então, apesar de ser muito difícil, esse retorno aconteceu com mais tranquilidade do que a gente imaginava.”
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