Avaliação diagnóstica: o que considerar na hora de planejar
Entender o momento de cada aluno no retorno e pensar em estratégias para além da tradicional prova são pontos essenciais
Com o avanço da vacinação no país, o retorno às aulas presenciais está cada vez mais próximo em todas as regiões. Nos últimos meses, várias escolas vêm abrindo suas salas para oferecer o que tem sido chamado de modelo misto, em que os estudantes se revezam entre aulas presenciais e aulas remotas. Esse revezamento acaba sendo uma oportunidade para o professor estar mais perto e analisar como foi ou tem sido o desenvolvimento de cada aluno durante o período em que o ensino se deu de forma remota.
Passada a tensão prevista sobre retorno presencial – afinal, a pandemia ainda está por aí –, o professor precisa pensar imediatamente na maneira como vai avaliar seus estudantes, de modo que possa fazer um diagnóstico de cada estudante e, a partir disso, planejar os próximos passos para seu desenvolvimento.
Ainda que as secretarias, gestores, professores e famílias tenham se esforçado para manter os estudantes aprendendo e desenvolvendo novas habilidades, nada se compara às aulas presenciais, sobretudo nos primeiros anos da vida escolar de um indivíduo. Também sabe-se que parte dos estudantes não acompanhou as atividades remotas durante os meses em que as escolas estiveram fechadas por vários motivos, que vão desde a falta de estrutura técnica para fazê-lo a problemas advindos da própria pandemia e da falta de apoio dentro de casa.
Por isso, passados os primeiros dias de acolhimento das crianças e familiares, o professor já deve pensar na elaboração de uma avaliação diagnóstica que permita descobrir quais são os pontos mais importantes a serem trabalhados neste semestre.
A formadora de professoras e membro do time de autores de NOVA ESCOLA Renata Capovilla explica o que o educador precisa focar no momento de elaborar ou fazer essa avaliação.
“É imprescindível que o professor coloque como objetivo entender o momento de cada aluno: compreender o que ele desenvolveu nesses meses, o que ele deu conta e em quais pontos importantes ele conseguiu avançar ou desenvolver.” Renata ressalta que, neste momento, é preciso não apenas pensar a partir do ponto de vista técnico, mas também, fazer uma reflexão mais abstrata e compreender como eles vivenciaram esses períodos de isolamento dentro de casa, diz.
Avaliação vai muito além da prova
Outro ponto importante para a realização desse processo é pensar em uma avaliação que não tenha como base a tradicional prova em que todos os alunos sentam nas suas cadeiras e são orientados a responder a questões. Afinal, depois de tanto tempo longe da escola, esse tipo de observação pode ser feito com a mesma qualidade, a partir de atividades propostas no dia a dia da vida escolar da criança, envolvendo o lúdico.
“A coleta de evidências pode ser feita de diversas formas, pode ser através de jogo, de um desenho, um quiz, um cartaz que eles vão construir em sala de aula. O que tem de ter claro? O que o professor quer saber daquele aluno e o que o aluno precisa saber naquele momento”, explica.
Planejamento reverso
A ideia, segundo Renata, é utilizar o planejamento reverso na hora de preparar a avaliação. O educador começa se perguntando o que ele quer saber do estudante e qual habilidade ou conhecimento quer avaliar. A partir disso, o professor vai planejar momentos de atividade em que conseguirá observar seus estudantes e coletar essas evidências.
No processo da avaliação diagnóstica, Joice Lamb, coordenadora pedagógica na EMEF Professora Adolfina J.M. Diefenthäler, em Novo Hamburgo (RS), ressalta que é importante valorizar o elogio. “Para fazer um bom diagnóstico você tem de identificar o sucesso do aluno e entender qual é o fracasso”, diz, para, a partir daí, ter bases para planejar os próximos meses de ensino presencial de forma adequada para aquele aluno e para aquela turma.
Sonia Guaraldo, consultora pedagógica e especialista em formação continuada, corrobora. “Muitas vezes eu faço uma prova padronizada que já me dá o mapa de rendimento de desempenho e eu não sei o que fazer com aquilo também”, orienta Sonia. Assim como Capovilla e Lamb, Sonia acredita que a avaliação diagnóstica mais eficaz ocorre durante as próprias aulas.
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