Viaje pelos patrimônios históricos brasileiros
Conheça cinco localidades históricas e confira dicas para aproveitá-las ainda mais
Você sabia que é possível explorar a cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais, na companhia do poeta Manuel Bandeira? Ele produziu um guia turístico do local em 1938, reeditado recentemente. Essa é uma das curiosidades que garimpamoss para que você possa explorar os patrimônios históricos brasileiros com a ajuda de obras culturais relacionadas com esses locais tão especiais.
Cachoeira, Bahia
Às margens do Rio Paraguaçu, Cachoeira é uma das cidades mais simbólicas da região conhecida como recôncavo baiano, berço do samba de roda, religiões afro-brasileiras e da colonização portuguesa baseada em engenhos de açúcar e trabalho escravo. Hoje, a cidade histórica, que viveu seu apogeu entre os séculos 18 e 19, conserva ainda grande parte de seu casario colonial e é tombada pelo Iphan. Cachoeira abriga ainda a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFBA), sendo importante polo estudantil e cultural.
Disponível na plataforma de streaming Now, o filme Café com Canela, de 2018, com direção de Glenda Nicácio e Ary Rosa, é ambientado inteiro em Cachoeira.
O compositor Mateus Aleluia, do grupo Os Tincoãs, que fez sucesso nas décadas de 1960 e 1970, nasceu em Cachoeira. Vale a pena ouvir seus discos, disponíveis no Spotify.
Ouro Preto, Minas Gerais
No passado, uma das localidades mais ricas e importantes do Brasil, Ouro Preto é uma das cidades históricas mais conhecidas do País. Considerada Patrimônio da Humanidade pela Unesco, viveu seu apogeu no século 18, durante o ciclo do ouro, quando foi um dos pontos mais importantes de mineração. Graças à riqueza que circulou na região, o casario histórico de Ouro Preto é inigualável, tendo sido berço de artistas barrocos, como o escultor Aleijadinho e o pintor Mestre Ataíde.
Que tal visitar a cidade mineira tendo como guia turístico o poeta Manuel Bandeira? Em 1938, o autor lançou o Guia de Ouro Preto, reeditado recentemente pela Global.
Não é só o ouro das igrejas de Ouro Preto que encanta seus visitantes, mas também suas paisagens de morros e ladeiras. O pintor Guignard era apaixonado por elas e em uma busca rápida no Google, você pode ver centenas de pinturas dele que retratam a cidade.
Alcântara, Maranhão
Com base na exportação de algodão, açúcar e sal, Alcântara viveu sua época de ouro em meados do século 18 até o fim do 19. Já no início de 20, ainda que na região metropolitana de São Luís, capital do Maranhão, caiu em isolamento, o que acabou por preservar seus casarões históricos. Nos anos 1980, ficou famosa quando aconteceu a implantação do Centro de Lançamento de Foguetes do antigo Ministério da Aeronáutica.
Jornalista e professor, José Montello foi um dos escritores mais conhecidos do Maranhão. Em 1978, publicou A Noite Sobre Alcântara, romance histórico que fala do apogeu e declínio econômico e social de Alcântara. Sem novas reedições, hoje o livro só é encontrado em sebos.
Goiás, Centro-Oeste
Uma das cidades históricas mais preservadas do País, a cidade de Goiás, antigamente conhecida como Goiás Velha, foi reconhecida como patrimônio da Humanidade, em 2001, pela Unesco. Constituída no século 18 durante a exploração do ciclo do ouro, a cidade é hoje importante polo cultural, abrigando anualmente um dos maiores festivais de cinema da região, o Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (FICA).
Doceira de profissão e distante dos círculos intelectuais da literatura, Cora Coralina, que nasceu em Goiás, faz diversas referências à cidade em toda a sua obra de poesia e contos. Mas é com Poemas dos Becos de Goiás e estórias mais, de 1965, editado hoje pela Global, que colocou sua cidade natal definitivamente no mapa.
São Miguel das Missões, Rio Grande do Sul
A história de São Miguel das Missões remonta ao século 17 com a catequização jesuíta de indígenas em sete povoados da região, além da perseguição de bandeirantes que buscavam escravizar os povos originários do território brasileiro. Já as ruínas da Igreja de São Miguel, símbolo do sítio arqueológico em que as atividades jesuítas eram feitas, foi concluída só em 1725, quando a região já entrava em decadência.
Em O Continente, primeiro volume da série clássica O Tempo e o Vento, de Erico Verissimo, a região de São Miguel das Missões é retratada através da paixão entre Ana Terra e Pedro Missioneiro, indígena catequizado pelos jesuítas.
Crédito das imagens: Cachoeira - BA (Camila Souza/GOVBA Educac?a?o Bahia/FotosPúblicas), Ouro Preto - MG (Carlos Alberto/Imprensa MG /Se?rgio Moura?o/Setes), Alcântara – MA (Valter Campanato/Age?ncia Brasil), Goias – GO (Bruno Peres/Photo Agencia / Marcelo Camargo/Ag. Brasil), São Miguel das Missões – RS (Paulo Alves de Lima/WikimediaCommons)
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