Para aprender sobre a prática

O que diz a BNCC de Educação Física sobre jogos e brincadeiras

Documento coloca como objetivos para o aluno aprender sobre essas práticas e recriá-las

Jogos tradicionais, como bolinha de gude, que os alunos da professora Cristiane exploraram, têm lugar entre os objetivos previstos na BNCC / Foto: William Santiago

Em todos os anos iniciais do Ensino Fundamental 1, está prevista a unidade temática Jogos e Brincadeiras para a disciplina de Educação Física. O objetivo é que o aluno, além de experimentar, planejar e utilizar estratégias, descreva e recrie brincadeiras e jogos da cultura popular local, nacional e mundial presentes no contexto comunitário e regional. “Essa exigência é muito importante porque as brincadeiras e os jogos fazem parte do repertório da cultural corporal de um povo e são uma linguagem muito significativa para as crianças”, defende Marcos Santos Mourão, professor de Educação Física no Centro de Formação da Vila e selecionador do Prêmio Educador Nota 10.

Segundo Alexandre Jackson Vianna, doutor em Educação Física e professor adjunto da Universidade de Brasília (UnB), a concepção de que o conteúdo de Educação Física se restringe a esportes não é mais aceita por estudiosos da área, nem endossada pela Base. “Lutas, danças, ginástica, brincadeiras e jogos também são práticas corporais e formas de linguagem. A bolinha de gude, por exemplo, é uma expressão popular tradicional que pode ser resgatada na escola pois, além da prática, há um arcabouço de conhecimento e história sobre ela que devem ser tematizados”, comenta o professor. 

Ao escolher quais brincadeiras explorar, é interessante que o professor converse com a turma sobre quais são seus interesses, o que já conhecem e o que não conhecem. Além disso, Marcos e Alexandre sugerem que não é preciso interpretar o que a BNCC chama de “Brincadeiras e jogos populares do Brasil e do mundo” e “Brincadeiras e jogos de matriz indígena e africana” como mais complexos e avançados do que as “Brincadeiras e jogos da cultura popular presentes no contexto comunitário e regional”, também mencionadas no texto. A depender do interesse da turma e do professor, é possível trabalhar qualquer jogo desde o primeiro ano do Fundamental. A turma também pode criar seu próprio jogo, que pode se tornar tradicional dentre do contexto daquela comunidade escolar. 

A partir do 6º ano, a indicação da Base é que os alunos explorem jogos eletrônicos, mas as outras brincadeiras e jogos não precisam ser abandonados. “Com os adolescentes é possível continuar desenvolvendo os conceitos com o qual já tiveram contato nos anos iniciais. O educador pode, por exemplo, jogar bets com adolescentes e aprofundar os códigos, elementos e regras do jogo, além de refletir sobre áreas de lazer e espaços públicos destinados para a realização de esportes e brincadeiras na cidade”, diz Marcos Mourão.

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