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Sugestão de Atividade: EUA, atos antirracistas e grupos minorizados

Trabalhe as recentes manifestações norte-americanas com os alunos do 8º ano

Sugestão de atividade leva à reflexão sobre a desigualdade. Ilustração: Nathalia Takeyama/Nova Escola

Nas últimas semanas, os Estados Unidos  tornaram-se o epicentro de uma onda de manifestações antirracistas. Deflagrados após o assassinato de um homem negro, George Floyd, por um policial branco em 25 de maio, os protestos ganharam coro em outros países, inclusive no Brasil. Para abordar temas como a desigualdade racial e de outros grupos minorizados, a professora-autora do Time de Autores de NOVA ESCOLA, Viviane Cracel sugere a aula a seguir, adaptada para o contexto remoto, para ser apresentada às turmas do 8º ano. “Essa atividade é importante porque evidencia as minorias que, nem sempre, significam minorias numéricas, mas sim, grupos vulneráveis, que sofrem algum tipo de preconceito ou discriminação e que vivem em condições desiguais dentro de um país”, explica a educadora. 

Com as discussões sobre o racismo em ebulição, Viviane ressalta a necessidade de que os alunos reflitam sobre o assunto, uma vez que cada um tem papel fundamental na luta contra desigualdades e preconceitos. “Acredito que só é possível mudar comportamentos e certa cultura se discutirmos, pensarmos e refletirmos sobre isso e nos colocarmos no lugar do próximo. São lutas que todos nós devemos participar”, reforça.  

Confira a seguir o passo a passo: 

Indicado para: Turmas do 8º ano 

Materiais necessários: acesso à internet e à plataforma de web aula utilizada pela escola (como Zoom ou Google Meet); grupo de WhatsApp ou plataformas como o Google Classroom), materiais de apoio (mapas, gráfico e manchetes), material para escrita (lápis, caderno, borracha) e uma conta no Padlet.

Na BNCC:  EF06GE01

PASSO A PASSO 

1. Divida os alunos em grupos. Sugere-se que essa divisão seja feita pelo professor a fim de garantir grupos heterogêneos no que se refere à aprendizagem, valorizando em um mesmo grupo alunos com características diferentes para que possam trocar e aprender juntos também. Pelo Google Classroom, WhatsApp ou outra plataforma que o professor estiver utilizando, informe a divisão aos alunos e peça para que se organizem entre si para o momento em grupo mais adiante.

2. Distribua os materiais de apoio. Caso em seu contexto seja possível momentos síncronos, envie dois dias antes da aula os materiais de apoio (vídeo, reportagem, mapas e gráfico) por meio do WhatsApp ou e-mail. Todos os materiais devem ser distribuídos para todos os grupos. Peça para que observem os mapas e anotem, individualmente, o que entendem por minorias étnicas, quem são essas minorias (usa-se também a expressão “grupos minorizados” para evidenciar casos em que tais grupos não seja minorias numéricas, como os negros no Brasil ou as mulheres, por exemplo) nos Estados Unidos e onde elas estão localizadas espacialmente (de forma geral mesmo, se na costa Oeste, na costa Leste, ao Norte ou ao Sul do país). 

Peça para que observem o gráfico e anotem as interpretações sobre ele, observando se de fato o termo minoria tem relação com quantidade numérica. Por fim, que relacionem suas interpretações com o vídeo e a reportagem que retratam parte do momento atual. Caso prefira, você pode selecionar outras reportagens e vídeos de sua preferência que se relacionem com o tema e cuja fonte seja confiável. 

PONTO DE ATENÇÃO: Caso o acesso à internet seja restrito a algum aluno, envie com antecedência o material em pdf por e-mail, WhatsApp ou outro canal de comunicação. Há ainda a possibilidade de deixar o material impresso na escola para o aluno retirar.

3. Faça uma discussão coletiva. Marque uma Web Aula com os alunos pelo Google Meet, Zoom ou Skype para que eles possam trocar suas observações e reflexões a respeito dos materiais enviado previamente. Neste momento é importante que os alunos estejam com suas anotações em mãos. Conduza a discussão explicando que apesar de muitas vezes coincidir de um grupo minoritário ser realmente a menor parcela da população, não é o fator numérico o determinante para que seja considerada uma minoria, mas sim essa condição muitas vezes mais frágil, desigual e em situação de desvantagem social, sofrendo, às vezes, discriminação e preconceito, inclusive. 

No caso dos Estados Unidos, essa minoria já não é numérica, visto que os números mostram que nos últimos anos elas estão virando maioria no país. É importante também explicar que, para o Censo dos Estados Unidos, o termo "hispânico" diz respeito à origem do indivíduo que, neste caso, possui herança cultural ou é descendente das populações da América Latina ou Espanha. Essa definição que considera latino e hispânico como sinônimos gera certa confusão entre latinos que não são hispânicos como, por exemplo, parte dos brasileiros. Por fim, vale destacar que o aumento dos grupos considerados minorias foi uma preocupação nas últimas eleições durante a campanha e arrecadação de votos. Ao final do encontro, oriente os alunos em relação aos próximos passos.

PONTO DE ATENÇÃO: Caso algum aluno não possa participar desse momento síncrono, peça para ele enviar suas anotações para os demais integrantes do grupo a fim de que possam compartilhar suas impressões. Peça também para que ele envie uma cópia dessas anotações para você também por e-mail, WhatsApp ou outro canal de comunicação.

4. Monte um mural no Padlet. A atividade proposta é uma adaptação do giro colaborativo, uma estratégia pedagógica para a coleta de ideias dos alunos sobre um determinado tema, desenvolvendo competências como o trabalho em equipe, a reflexão e tomada de decisão. Ela também oportuniza a avaliação colaborativa das ideias propostas pelos outros grupos. 

Inicialmente o professor deverá organizar um Padlet da sala, com um item no mural para cada grupo, deixando em destaque o nome do grupo e/ou dos alunos. É importante nas configurações habilitar os comentários para que eles os alunos possam escrever e interagir e você pode deixar o padlet aberto apenas para àqueles com link. Depois, libere o link para os alunos.

Ponto de atenção: Caso você não tenha familiaridade com o Padlet, uma alternativa é o Google Jamboard. Veja como usar a ferramenta neste link. 

5. Crie espaços de interação. Sugira aos alunos que se organizem para a produção do material. Isso pode ser feito por meio de grupos no WhatsApp ou plataformas como o Google Meet ou Zoom ou de forma assíncrona no Google Classroom, com o envio de um documento em branco compartilhado, para que todos possam contribuir e construir coletivamente o texto. 

Estipule um prazo para que eles elaborem um texto refletindo sobre as seguintes questões: "Quais deveriam ser as ações necessárias por parte do governo para atender esta parcela da população? E quais ações cabem a cada um de nós? Quais são os desafios enfrentados por essas minorias? Na opinião do grupo, este momento de pandemia melhora ou agrava a situação dessa parcela da população?”. É possíve também deixar cada grupo com uma questão diferente. O texto deverá ser postado no mural do grupo no Padlet. É possível ainda, que os alunos acrescentem imagens ao mural se o grupo desejar. Mais interessante ainda se for elaborada por eles como ilustrações ou charges. Reforce a importância do cumprimento do prazo e oriente as elaborações da turma. 

6. Compartilhamento das postagens. Após todos os grupos postarem no mural do Padlet, é importante que os alunos comentem as postagens dos demais, buscando contribuir com novos pontos de vista ou, em caso de discordância, apresentar os argumentos contrários. Estabeleça um prazo para que esses comentários sejam feitos. Se possível um fechamento síncrono, marque uma aula online para que os alunos possam retomar os aprendizados da atividade e refletir sobre como cada um de nós pode contribuir com a luta pela redução das desigualdades e discriminações contra esses grupos minorizados. 


Esta sugestão de atividade foi adaptada do Plano de Aula As minorias nos EUA, criado por Viviane Cracel, professora-autora do Time de Autores NOVA ESCOLA. Para conferir o plano original, clique aqui.

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