Foi bom ou pode melhorar

Os desafios (e os aprendizados) da Escola Waldorf Rural Turmalina na pandemia

Reduzir o uso de telas foi um desafio, mas os educadores avaliam que 2020 estreitou os laços da comunidade escolar

Comunidade escolar procurou unir-se e fazer reuniões semanais on-line durante a quarentena. Foto: Americo Nunes/NOVA ESCOLA 

Diante dos desafios impostos pela pandemia e pelo isolamento social que duraria quase o ano todo de 2020, professores e familiares da Escola Waldorf Rural Turmalina, em Paudalho, distante 37 quilômetros do Recife (PE), organizaram-se para encontrar soluções. 

A primeira medida foi intensificar a comunicação entre escola e família com reuniões semanais pela internet. O caminho foi se desenhando com base nos encontros virtuais. Como a situação ainda era novidade, foi a partir dessas conversas que os métodos foram sendo revisados e reinventados. 

Nessa jornada, os professores de classe Márcio Aragão Boás e Magno Barbosa Lima e a mãe de aluno e gestora da escola, Rosanna Frigolé Ventura, contam o que foi bom e o que pode ser melhorado, ou levado como aprendizado para o futuro.


FOI BOM 

União da comunidade 

Para Rosanna, um dos pontos positivos foi a união da comunidade escolar, que vem realizando encontros semanais para falar tanto dos aspectos pedagógicos quanto da gestão da escola: “Tivemos famílias que passaram dificuldades. Diante disso, nos juntamos para fazer cestas de alimentos e outras situações que nos fizeram ir cuidando do todo. Sentimos mais forte a nossa comunidade”. 

Aproximação entre os pares

Apesar do isolamento social, alunos puderam se conhecer um pouco mais por meio de alguns encontros, e o próprio professor pode conhecer mais os alunos e seus familiares durante visitas realizadas para a entrega de conteúdo. Além disso, Márcio conta que ficou nítida uma interação mais forte entre professores Waldorf em todo o Brasil, com a troca de informações. 

Participação da família 

Antes da pandemia, muitas famílias já sabiam da importância de se fazer presente no dia a dia escolar dos filhos, mas foi durante o confinamento que a teoria virou prática. É isso que notou o professor Magno: “Neste período, tivemos muitos avanços nesse sentido, até por conta da intimidade maior que foi criada entre professores e famílias”. Hoje, para ele, muita coisa pode ser conversada de forma mais fluida, com base no que as famílias vivenciam no cotidiano. “Muitas se deram conta de que nunca tinham passado tanto tempo convivendo juntas”, completa.

PODE MELHORAR 

Redução do uso das telas

Mesmo com a decisão de não ofertar aulas on-line, o aumento do tempo de uso de equipamentos eletrônicos durante a pandemia foi inevitável - o que, na visão dos educadores da instituição, é danoso. 

Nas próximas vezes... Não há muito o que fazer, da parte da escola, além de uma boa conversa. A regulação do uso de telas é algo que depende do envolvimento da família na vida da criança. 

Isolamento das crianças e adolescentes

Imersos nas telas, sem convivência com os colegas e sem uma interação de qualidade com a família - muitas vezes impossibilitada de dar maior atenção aos filhos, seja porque não puderam parar de trabalhar, seja por outras razões - os alunos relataram sentir falta da troca de ideias, da companhia de outras pessoas.

Nas próximas vezes... Mais uma vez, a escola tem meios de ação limitados, mas tentará entrar em contato com cada família: escutar os desafios que ela enfrenta e chegar numa compreensão em comum em relação à melhor forma de lidar com a situação.

Mais sobre esse tema