Como um professor tem feito, na prática, aulas inspiradas no ensino híbrido
Rafael Fernando Pascualon, de Sorocaba, conta sobre as estratégias que tem adotado com a volta gradual dos alunos à sala de aula
Há um mês, o professor Rafael Fernando Pascualon arregaçou as mangas para novamente promover mudanças nas aulas de Matemática para suas turmas do 8º e do 9º ano, além do 1º do Ensino Médio. Após seis meses de ensino estritamente remoto, o colégio em que trabalha, o Objetivo, de Sorocaba, interior de São Paulo, voltou a ofertar aulas presenciais. Para evitar aglomerações nas salas, estabeleceu-se um rodízio para as turmas que limita a lotação máxima em 20 estudantes por aula. Dessa forma, todos podem participar dos encontros presenciais, mas em dias alternados. Em paralelo a isso, há ainda número significativo de alunos que, por uma decisão familiar, continuam a estudar apenas de forma remota.
A realidade de Rafael tem sido a de muitos outros docentes que também buscam diariamente se inspirar e se aproveitar de características de aulas dos modelos de ensino híbrido para ensinarem no ensino remoto ou no retorno parcial dos alunos. No caso dele, o ensino híbrido já era uma prática adotada antes da pandemia. Conteúdos e atividades eram realizados via formulários digitais e depois retomados presencialmente nos encontros diários com os estudantes, visando à personalização do ensino.
Com o fechamento das escolas em março, os modelos de ensino híbrido foram pausados. “Por seis meses, trabalhamos com outras práticas para apoiar o ensino remoto, como as personalizações de aulas por meio de formulários e também o uso de plataformas de gamificação de atividades e tarefas, como o Kahoot”, conta o docente.
Agora, com a retomada de parte dos alunos nas aulas presenciais, Rafael tem utilizado elementos típicos do ensino híbrido para apoiar o ensino de todos – presentes ou não. Ele oferece materiais para os alunos aprenderem a teoria antes dos encontros presenciais e, dentro da sala presencial ou em aulas síncronas, aproveita para discutir dúvidas, questionar os alunos sobre os conceitos aprendidos e propor atividades de aplicação do que foi estudado.
Outra mudança importante foi trazer o celular para o planejamento, como ferramenta imprescindível para conectar os alunos e apoiar nas tarefas. Pedir para que os alunos – presentes e virtuais – preencham formulários digitais com os exercícios e tarefas trabalhados durante a aula virou rotina.
Para o professor de Matemática, apesar de as práticas não serem de fato práticas dos modelos de ensino híbrido, o cenário atual tem reforçado a importância de se repensar o papel do docente. “O ensino remoto ou o parcialmente presencial praticados agora nos mostram que o professor é muito menos aquele que vai falar o que deve ser feito, sempre, e mais um apoiador, aquele que vai mediar e conduzir para a construção do conhecimento”, reflete. Uma mudança de concepção que, para ele, ainda precisa ser mais digerida por escolas, professores, alunos e pais.
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