Para usar com seus alunos

Sugestão de Atividade: Há quanto tempo existem fake news sobre doenças?

Relacione passado e presente nas aulas de História e trabalhe o pensamento crítico com as turmas do 9º ano para combater as notícias falsas

Ilustração de duas crianças separadas por uma divisória no centro. A primeira crianças veste roupas antigas e utiliza um telefone analógico enquanto a segunda está com roupas modernas e está utilizando um celular.
Ilustração: Julia Coppa/NOVA ESCOLA

Ao longo da História, as inovações científicas e sanitárias contra as doenças que assolam a humanidade conviveram com superstições, desinformação e com a falta de compreensão sobre os mecanismos que movem as ciências. 

Durante a gripe espanhola, no início do século 20, por exemplo, grupos de cidadãos se recusaram a usar máscaras - movimento que também pode ser observado nos dias de hoje. No Brasil, notícias falsas sobre a doença também circularam na imprensa da época. 

“Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre os mundos físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade”: esta é uma das diretrizes que constam na competência geral 1 da Base Nacional Comum Curricular.

A proposta dessa sugestão de atividade usa como referencial o plano de aula A Revolta da Vacina: Efervescência social e políticas higienista, elaborado pela professora Talita Seniuk. A ideia é relacionar passado e presente, História e Ciência, de modo que os alunos percebam formas de mobilizar esses conhecimentos para lidar com as questões da pandemia de covid-19.

divisória atividade

REVOLTA DA VACINA, COVID-19 E FAKE NEWS NAS AULAS DE HISTÓRIA

Use o conhecimento histórico e o pensamento crítico para combater as notícias falsas


Indicado para: Turmas do 9º ano

Materiais: Acesso à internet, a plataformas de webaula, papel A4 ou similar, caderno, lápis, borracha, canetas.

Na BNCC: EF09HI05 - Identificar os processos de urbanização e modernização da sociedade brasileira e avaliar suas contradições e impactos na região em que vive.

EF09HI33 - Analisar as transformações nas relações políticas locais e globais geradas pelo desenvolvimento das tecnologias digitais de informação e comunicação.


PASSO A PASSO

1. Pesquise o assunto e prepare-se com antecedência: É interessante estudar e se aprofundar no tema antes de iniciar o planejamento da aula. Ao final da sugestão de atividade, você encontrará uma lista de livros e artigos que podem ser consultados. Assim, você se sentirá mais seguro e poderá ajudar os alunos a avançarem na aprendizagem. Além das questões pedagógicas, fique atento à logística e ao preparo necessários para oferecer a aula on-line ou adaptá-la ao ensino presencial. No primeiro caso, é preciso enviar o convite aos alunos, definir as ferramentas que serão utilizadas e fazer combinados para a aula a distância funcionar bem. 

2. Inicie uma videochamada: Depois de acolher as turmas, mostre a expressão inglesa fake news, que pode ser escrita em uma folha em branco, em uma folha de caderno, na lousa ou em um slide. Peça que os estudantes respondam o que eles entendem que ela significa e em qual contexto tem sido usada.

3. Apresente uma fonte histórica imagética: Mostre a imagem da seguinte charge, que se refere à Revolta da Vacina, ocorrida no Brasil em 1904, e peça que os alunos observem e descrevam com atenção o que veem. Aproveite o momento para fazer um breve comentário sobre esse fato histórico – que podem ser encontrados neste plano de aula, em especial sobre a postura da população e seus motivos contrários à vacina.

Charge: O Malho, de Leonidas.
Fonte: LEONIDAS/FIOCRUZ. O Malho, 29 out. 1904. Disponível em: <http://multirio.rio.rj.gov.br/index.php/estude/historia-do-brasil/rio-de-janeiro/66-o-rio-de-janeiro-como-distrito-federalvitrine-cartao-postal-e-palco-da-politica-nacional/2917-a-revolta-da-vacina>. Acesso em: 6 mar. 2019.

PONTO DE ATENÇÃO: Caso os estudantes não descrevam de modo espontâneo os detalhes da charge (garfos, facas, penicos, serrotes, cadeiras usados como armas pela população, e soldados montados em seringas, por exemplo), aponte e comente alguns deles para ajudar na compreensão. Deixe espaço aberto para o diálogo, caso apareçam dúvidas.

3. Apresente um trecho de fonte histórica escrita: Seguindo o mesmo formato do passo 1, apresente aos alunos as palavras “caldo de galinha, quinino, ovos e limão” e indague para que servem esses alimentos, se na culinária somente ou se podem ser utilizados em outros contextos ou situações. Depois dos comentários, aproveite o momento para explanar brevemente que, durante o surto da gripe espanhola no Brasil, esses alimentos eram indicados pela imprensa como promessas de cura.

4. Mão na massa: Proponha aos estudantes que utilizem seus materiais escolares (caderno, canetas, lápis, borracha) para enumerar as medidas sanitárias que eles conhecem e que devemos adotar/respeitar durante a atual pandemia de coronavírus e ainda que registrem de que forma ficaram sabendo sobre elas. 

Deixe espaço aberto para o diálogo, caso apareçam dúvidas. Se estiver utilizando plataformas que permitem a criação de grupos dentro da mesma chamada, como o recurso Break Out Rooms do Zoom, você pode dividi-los em grupos de discussão e visitar cada um enquanto eles produzem a atividade – a intenção é transpor para o on-line a organização e o acompanhamento do professor em cada minigrupo. Espera-se que os jovens indiquem as seguintes medidas sanitárias: distanciamento físico e social, uso de máscaras (caseiras ou hospitalares), lavagem frequente das mãos com água e sabão, uso do álcool em gel. No registro da origem sobre essas medidas poderão surgir respostas, como jornais, internet, amigos, familiares, vizinhos etc.

5. Momento de apreciação: Sugira aos alunos ou aos grupos para dividirem suas anotações da atividade com a turma, permitindo que a tarefa seja compartilhada com todos.

PONTO DE ATENÇÃO: Deixe a etapa da apresentação individual ou coletiva aberta somente aos estudantes que se sentirem à vontade; muitos ficam envergonhados na frente da câmera ou da turma. Caso nenhum deles se proponha, faça comentários com as medidas sanitárias indicadas acima, bem como as possíveis formas que eles ficaram sabendo sobre elas. Deixe espaço aberto para o diálogo, caso apareçam dúvidas.

6. Rumo à finalização da aula: Aproveite o término da aula para sintetizar as discussões de que a Revolta da Vacina foi um movimento popular contrário à vacina de varíola e que, durante o surto de gripe espanhola, a imprensa indicava alimentos como promessas de cura, sem comprovações científicas. Atualmente, durante a pandemia de coronavírus, inúmeras fake news estão circulando, sugerindo também alimentos e outras práticas como tratamento, e até remédios farmacêuticos sem eficácia comprovada cientificamente. Este momento pode ser ideal para relacionar os fatos históricos apresentados com o contexto atual que vivenciamos, pois o uso de fake news não é novidade na história da humanidade, em especial no Brasil.

7. Dissemine a informação: Proponha como tarefa que os estudantes dividam o assunto discutido com os demais moradores da casa. A ideia é de que a partilha de informações ajude na conscientização das medidas de prevenção contra a covid-19 e de que notícias falsas circulam há muito tempo, atrapalhando a vida das pessoas.

PONTO DE ATENÇÃO: Caso tenha mais tempo, além de uma aula, por exemplo, pode utilizar mais slides do plano específico sobre Revolta da Vacina na aula, ou, ainda, usá-la anteriormente para aprofundar as discussões. Nesse caso, este plano ficaria como uma finalização com consequências práticas para os alunos e sua comunidade.


MATERIAIS COMPLEMENTARES

Além dos referenciais da aula presentes nos slides, é possível consultar os que seguem abaixo, pois trazem novas articulações com a temática, além de um curso de extensão da Universidade do Estado da Bahia sobre “As pandemias ao longo da História da Humanidade”.

Livros e artigos

A Bailarina da Morte: A gripe espanhola no Brasil, de Lilia Schwarcz. Cia. das Letra, 2020. 

A Revolta da Vacina: Mentes insanas em corpos rebeldes, de Nicolau Sevcenko. São Paulo: Cosac Naify, 2010.

Cidade Febril: Cortiços e epidemias na Corte imperial, de Sidney Chalhoub. Editora Schwarcz: São Paulo, 2004.

O Brasil Republicano - O tempo do liberalismo excludente: Da Proclamação da República à Revolução de 1930, de Lucilia de Almeida Neves Delgado e Jorge Ferreira. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006.

Acervo da revista O Malho, do início do século 20.

Fake news circulam na imprensa durante surto de gripe espanhola no Rio em 1918, reportagem do Portal Fiocruz. 

As Pandemias ao Longo da História da Humanidade, curso oferecido pela Universidade Estadual da Bahia (UEB)

História da Varíola, de Antonio Carlos de Castro Toledo Junior. Revista Médica de Minas Gerais. Disponível em: <>. Acesso em: 6 mar. 2019.

Oswaldo Cruz, artigo da Fundação Fiocruz sobre um dos maiores sanitaristas brasileiros.

Vídeos

A Revolta da Vacina

A Revolta da Vacina, Senado Federal.

divisória encerramento

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