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Atividade de História: Como os brasileiros lidavam com o dinheiro na hiperinflação
Nesta proposta, abordamos como a crise econômica no fim dos anos 1980 e início dos anos 1990 moldou a organização financeira das famílias brasileiras
As transformações econômicas que o Brasil enfrentou ao longo da história impactaram diretamente as finanças das famílias brasileiras. No fim dos anos 1980 e início dos anos 1990, quando o país vivenciou uma inflação que chegou à impressionante marca de 1.000% ao ano, era comum fazer grandes compras mensais no mercado e deixar o dinheiro na poupança e não na conta corrente, por exemplo.
Abordar a hiperinflação no Brasil (saiba mais aqui) e seus impactos políticos e culturais, especialmente na organização das finanças pessoais, é uma forma de trabalhar a Educação Financeira a partir da História. Ao resgatar o passado econômico do país, é possível entender como se dá a relação do brasileiro com o dinheiro até hoje.
Na atividade abaixo, Jair Ferreira, professor de História e integrante do Time de Autores de NOVA ESCOLA, sugere como trabalhar a temática com alunos do 9º ano do Ensino Fundamental, de forma a promover entre os estudantes uma “atitude historiadora”, como sugere a BNCC, sendo incentivados a questionar, analisar e relacionar os fatos históricos com o presente. Confira:
Os impactos da hiperinflação na cultura financeira do brasileiro
Relacione as mudanças econômicas ocorridas no país com hábitos de consumo e investimento da população
Indicado para: 9º ano
Materiais: Acesso à internet, plataformas síncronas (como Google Meet e Zoom) e YouTube.
Na BNCC: EF09HI27 - Relacionar aspectos das mudanças econômicas, culturais e sociais ocorridas no Brasil a partir da década de 1990 ao papel do país no cenário internacional na era da globalização.
PASSO A PASSO
1. Solicite uma entrevista sobre hiperinflação: Peça aos alunos que entrevistem familiares, de preferência de diferentes idades, que viveram a crise econômica no fim dos anos 1980 e início dos anos 1990 – período da hiperinflação no Brasil. Oriente que façam perguntas como: quantos anos você tinha na época? Você se lembra da hiperinflação ou dos preços nos mercados mudarem muito? Como era a sua organização financeira e as compras? Você ainda tem hábitos dessa época? As respostas devem ser levadas para a próxima aula, onde serão relacionadas com o contexto histórico.
PONTO DE ATENÇÃO: Caso o aluno não consiga encontrar familiares ou outras pessoas para entrevistar sobre o tema, ele pode buscar relatos relacionados ao período de hiperinflação em sites e matérias jornalísticas.
2. Apresente a publicidade e a moeda da época: Para contextualizar o tema com a turma, mostre os primeiros dois minutos do vídeo abaixo, contendo propagandas do início da década de 1990. Em seguida, mostre a imagem das notas de cruzeiro. Questione os alunos sobre o porquê de os valores serem tão altos. Deixe-os construir hipóteses para explicar os preços dos produtos e o valor das notas. É esperado que identifiquem a relação com a hiperinflação. Aproveite então para explicar como funcionava a economia na época: aumento repentino de preços, emissão de notas de dinheiro com valores cada vez mais altos e hiperinflação.
3. Fale sobre hábitos financeiros do período: Mencione como as pessoas se organizavam financeiramente naquela época. Por exemplo: como o poder de compra diminuía muito rápido, já que os preços eram remarcados diariamente, trazendo como consequência o hábito de efetuar grandes compras mensais no mercado. Para ajudar a ilustrar a discussão, projete na tela os principais hábitos do período:
- Investimento em imóveis.
- Consumo imediatista (falta do hábito de poupar).
- Grandes compras mensais.
- Visão econômica de curto prazo.
- Poupança como principal aplicação do dinheiro.
4. Relacione a entrevista com os fatos históricos: Questione se os alunos percebem a relação entre esses pontos e a entrevista feita com os familiares. Deixe espaço para que eles compartilhem suas respostas e reflitam sobre como a economia interferiu nos hábitos da família. Explique então como alguns comportamentos foram herdados e seguem na cultura brasileira, já que a hiperinflação no Brasil foi uma das mais duradouras do mundo. Aproveite para falar sobre o confisco das poupanças e sobre o Plano Collor para o combate à inflação. É esperado que os alunos identifiquem que o Plano não foi eficaz no combate à inflação e envolveu o confisco das poupanças dos brasileiros.
5. Apresente o Plano Real: Após esses debates, explique como o Brasil enfrentou a crise econômica e chegou à atual moeda – o real. Fale sobre o Plano Real, lançado em 1994, que criou uma moeda de transição. Outros pontos importantes de citar: reajuste anual do salário mínimo, aumento dos impostos federais em 5% para equilibrar as contas públicas, abertura para o capital estrangeiro, privatizações e taxa de juros gradativamente elevada.
6. Sistematize o conhecimento: Valendo-se de recursos digitais gratuitos (confira aqui algumas sugestões), solicite que cada estudante faça um mapa mental com o título “A hiperinflação no Brasil”. Na atividade, é esperado que expressem o que aprenderam sobre o assunto, descrevendo a hiperinflação, as características do Plano Collor e as do Plano Real, além de como a crise econômica moldou a relação do brasileiro com o dinheiro.
7. Sociabilize os aprendizados: Por fim, compartilhe alguns mapas mentais feitos pelos estudantes com toda a turma, retomando o que foi discutido ao longo da atividade. Corrija possíveis enganos e tire dúvidas sobre o assunto. A atividade pode ser utilizada para avaliar a prática e o desenvolvimento individual do aluno.
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