De professor para professor

“As crianças tiram dúvidas de vocabulário no clube de leitura virtual”

Conheça a história de Luiza Barros, professora de Língua Portuguesa. Ela criou um grupo on-line para ajudar os alunos a perderem o medo de ler livros com muitas páginas

Retrato ilustrado da professora Luiza Barros.
Ilustração: Yara Santos/NOVA ESCOLA

Quer saber como uma professora de Língua Portuguesa instiga os alunos a ter o hábito da leitura? No relato abaixo, Luiza Barros conta como organizou um clube virtual usando o Google Meets. Confira!

“Em 2020, alguns de meus alunos passaram a comentar que gostavam de assistir a filmes, mas não tinham fôlego para fazer a leitura das histórias contadas nas telas. Percebi que eles precisavam de um acompanhamento, de uma mediação para essas leituras que achavam ser desafiadoras.

Decidi, então, usar o recurso da sala virtual para criar um clube de leitura no horário extraclasse para os alunos do 6º e do 7º ano da escola Balão Vermelho, na capital mineira.

Logo, as reuniões virtuais possibilitaram que estudantes de diferentes turmas e idades se reunissem com o mesmo propósito: fazer leituras de interesse deles, mas que julgavam difíceis de encarar. Para começar, escolhemos Harry Potter e a Pedra Filosofal (Editora Rocco) e o nosso combinado é ler dois ou três capítulos por semana.

Chegamos a pensar que quando as aulas voltassem a acontecer presencialmente, ainda que de modo parcial, o clube ia querer se reunir, mas a vida de cada aluno foi tomando rumos diferentes. Alguns mudaram de cidade, outros de escola... Eu mesma passei a morar na capital paulista e leciono em outra escola. Mas o clube de leitura segue firme.

Atualmente, oito alunos frequentam as reuniões sempre às quintas-feiras, 19 horas. Os encontros duram algo em torno de um hora e meia, mas já chegamos a ficar conversando por duas horas. No clube de leitura, além do encontro semanal, temos um grupo no WhatsApp para trocar impressões sobre o que estamos lendo e as crianças tiram dúvidas de vocabulário.

Para cada encontro, crio slides ilustrados com perguntas disparadoras, como 'sorte ou talento?' sobre a magia de Harry Potter. Essa é uma forma de elevar o nível das discussões e evitar que os alunos fiquem presos a um ponto da história somente. Às vezes isso acontece porque eles ficam maravilhados demais com algum fato do livro.

Logo mais completaremos o primeiro aniversário do clube de leitura e já estamos no sexto volume da saga Harry Potter. É interessante ver o amadurecimento das crianças. Uma aluna comentou comigo que os pais tinham pedido que ela evitasse entrar em discussões polêmicas na escola, mas explicou que ela aprendeu em nossas reuniões que se for com respeito, é possível discutir sobre temas delicados.

Divergências acontecem e têm sido bem exploradas – gerando espontaneamente um trabalho com a escrita. Certa vez, uma das alunas escreveu uma carta para os colegas, defendendo o ponto de vista dela sobre um aspecto do livro e  enviou o arquivo para o grupo de WhatsApp. Depois, uma colega dela respondeu com outro ponto de vista. Agora estamos montando um blog com esses textos, para poder guardá-los. Mais recentemente, outra aluna escreveu em defesa das personagens femininas do livro.”

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