Planejamento

Língua Portuguesa: 6 pontos para pensar o retorno às aulas presenciais no 6º e 7º ano

Confira dicas e sugestões para acolher os estudantes, sondar as aprendizagens e considerar o que os alunos conseguiram aprender

Ilustração de aluna estudando na biblioteca.
Ilustração: Yasmin Dias/NOVA ESCOLA

Com o importante avanço da vacinação e a melhora contínua nos índices de contágio da covid-19, as escolas brasileiras preparam-se  para receber, ainda que parcialmente, seus alunos nas salas de aula. 

Após tanto tempo de ensino remoto e tentativas pontuais de retorno, é esperado que os estudantes apresentem um descompasso de aprendizagem ainda mais expressivo, especialmente em leitura e escrita. 

E como os professores de Língua Portuguesa podem atuar para identificar lacunas e avançar nas atividades na segunda metade do ano letivo? Confira, a seguir, dicas e sugestões para planejar o retorno às aulas presenciais das turmas de 6º e 7º ano do Fundamental.  

1. Trabalhe com agrupamentos produtivos 

“A primeira proposta é pensar que se tem alguém para trás é porque talvez tenha alguém para a frente ou alguém num ponto de referência”, afirma Kátia Chiaradia, professora e consultora de Língua Portuguesa de NOVA ESCOLA. 

Segundo a especialista, partindo desse desenho, a sugestão é de que os professores trabalhem com grupos produtivos, isto é, associando alunos que avançaram um pouco mais com outros que avançaram menos. “É uma estratégia nas salas multisseriadas que tem sido bastante comentada como referência para este momento”, explica Kátia. 

2. Identifique as desigualdades/desnivelamentos nas turmas com avaliações diagnósticas 

Professora de Língua Portuguesa na EM Professora Nilcelina dos Santos Ferreira, em Duque de Caxias (RJ), Lorena Cardoso dos Santos lembra que muitos alunos não possuem acesso à internet, um fator complicador para a continuidade dos estudos em 2020 e 2021. “Identificando o que não foi aprendido e o que foi aprendido, mas precisa ser retomado e revisado, podemos tentar sanar as desigualdades entre os diferentes alunos de uma mesma turma”, reforça. 

Nesse sentido, as Avaliações Diagnósticas, principalmente das habilidades de leitura, escrita e interpretação textual são o caminho mais seguro para o mapeamento. 

Lorena conta que na rede em que trabalha há um diário on-line em que são feitos os registros gerais das turmas. Nesse documento é feito o registro de cada um dos alunos sobre as notas, a frequência e os conteúdos trabalhados no período. É importante lembrar a relevância dos registros para o trabalho do professor e que essa ação deve ser feita continuamente. 

3. Apoie-se no planejamento do ano e na BNCC

Se houve um bom planejamento do conteúdo apresentado no primeiro semestre, a avaliação diagnóstica será capaz de identificar os pontos sensíveis da aprendizagem e o que precisa ser retomado. 

Para auxiliar os professores a priorizarem as habilidades a serem trabalhadas, tudo com base na BNCC, Kátia sugere o uso dos Mapas de Foco do Instituto Reúna. Mesmo que o planejamento prévio não tenha sido com base nesse material, este poderá ser útil na comparação dos avanços da turma diante do que deve ser priorizado em cada etapa escolar. 

Mas é possível realizar um diagnóstico da aprendizagem mesmo que não tenha sido possível realizar um planejamento ordenado, que programasse o percurso da aprendizagem como um todo. Neste caso, a sugestão de Kátia é uma avaliação diagnóstica, pautada na mesma perspectiva da BNCC, que traz um aprendizado em multidimensões e avaliando as diferentes práticas da linguagem. Olhando para a Língua Portuguesa, são escolarizadas as quatro práticas de linguagem, então é importante não se prender apenas à escrita, mas analisar os avanços também na leitura, análise e oralidade. 

4. Lembre-se da importância do acolhimento 

“Acho importante lembrar também que neste momento de retorno, alunos e professores precisam de acolhimento, então seria muito legal se os professores conseguissem criar oportunidades para que todos conversem sobre suas vivências”, reforça Kátia. 

Lorena também aposta no acolhimento como base para um retorno suave a uma nova rotina. “Neste retorno ao ensino presencial o importante é recuperar o vínculo do aluno com a escola. Planejar projetos integrados que sejam interdisciplinares e que envolvam a leitura de paradidáticos é uma estratégia que costuma dar certo”, sugere. 

5. Considere as possibilidades de avaliação para além dos conteúdos curriculares 

A avaliação é outro ponto sensível quando o assunto é uma nova rotina para os alunos após o isolamento social e a impossibilidade de irem até a escola. Como existe a necessidade de considerar os aprendizados escolarizados, uma possibilidade é apoiar-se nos critérios dos Mapas de Foco do Instituto Reúna, que consideram a progressão ano a ano.

Mas tanto Kátia quanto Lorena defendem que o professor não se prenda a uma avaliação tradicional, puramente somativa, neste momento de transição e retorno ao presencial. 

Uma possibilidade é olhar também para os saberes que extrapolam os objetos de conhecimento tipicamente escolares. Uma opção, segundo Kátia, é que o professor crie sua própria avaliação daquilo que os alunos aprenderam ao longo da pandemia. “Eles ficaram em casa cuidando de alguém? De um familiar que ficou doente? O aluno ficou doente? Aprendeu a cozinhar, a organizar a casa?”, reflete Kátia. 

6. Valorize as novas habilidades desenvolvidas pelas turmas

Um efeito esperado do ensino remoto é que os alunos desenvolvam novas habilidades e formas de expressão no ambiente digital. Então, por que não serem usadas na hora de diagnosticar o que eles aprenderam?

Uma sugestão é pedir para que gravem podcasts ou pequenos vídeos para contar o que aprenderam. “Acho que até TikTok e Reels [do Instagram] estão valendo, desde que exista intencionalidade pedagógica”, explica Kátia.

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