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6 podcasts antirracistas para ouvir com os alunos

De Mano Brown a canais que misturam rap com poesia, conheça uma seleção de podcasts para ampliar o repertório dos educadores sobre o tema

Ilustração mostrando os diferentes cortes de cabelo de um grupo de pessoas negras. Abaixo dos retratos, vemos a frase: meu cabelo não é moda.
Ilustração: Mity Dias/NOVA ESCOLA

Transformar as aulas em momentos dinâmicos e envolventes não precisa ser uma dor de cabeça. Há sempre um recurso e formato tecnológico que se pode lançar mão. O podcast, programa de áudio sob demanda que caiu rapidamente no gosto do brasileiro, é um deles. Hoje em dia, é fácil acessar seu programa de rádio por streaming preferido, e a facilidade de poder baixar e ouvir off-line depois pode ser um baita recurso em sala de aula. 


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Com os alunos dos Anos Finais do Fundamental não é diferente. Os jovens estão mais do que familiarizados com os podcasts, e se é preciso falar a língua dos alunos para estar perto deles, ouvir a língua deles é parte do processo. Selecionamos aqui seis podcasts que falam sobre rap, racismo, sociedade, vida na periferia, juventude, cultura, poesia e, é claro, música.

A deixa para novas reflexões os apresentadores, rappers, artistas e outros convidados dão. O restante da discussão pode ficar com a turma. Confira: 

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Mano a Mano

Comandado pelo rapper Mano Brown, líder do Racionais MC's, o podcast Mano a Mano estreou em agosto deste ano e já está entre os programas mais ouvidos do país, aparecendo como o primeiro da lista com frequência. Brown é uma referência no movimento antirracista desde a década de 1990, quando o Racionais estourou. Foi ouvindo e lendo as rimas e canções do grupo que uma geração de jovens vindos das periferias, principalmente dos grandes centros urbanos, encontrou identificação e representação como população marginalizada e oprimida.

Ainda assim, Mano a Mano não é um podcast que fala exclusivamente de questões raciais, tampouco está personalizado na história do rapper. A cada semana o programa recebe um convidado de grande relevância para o debate de ideias contemporâneas, e sem bajulação ou com a obrigação da convergência de ideias.

Com jeitão franco, direto e que dialoga fácil com as questões mais urgentes da população, Brown provoca debates como cotas raciais, atletas negros no futebol, solidão da mulher negra, música, sáude pública “com profundidade e respeito” e com “convidados amados ou odiados - você decide”, como o próprio podcast se referencia. E é verdade. 


Pod Pah 

O maior podcast do Brasil. É assim que os condutores do programa Mítico e Igão o descrevem. E tem muita gente que concorda. Com mais de 1,5 milhão de seguidores no Instagram, além de uma conta parruda no YouTube e em todas as principais plataformas de podcast, o Pod Pah foi criado pela dupla durante a pandemia de covid-19 e estourou. Rap é a paixão dos apresentadores, e o fio que conduz os encontros e as discussões, mas a graça do programa – e, possivelmente, o ingrediente de sucesso, é o ambiente de liberdade criado para que artistas e influenciadores da cultura hip hop, como MV Bill, Mayara Aguiar e Formiga contem suas histórias de vida sem filtro. 


 

Rap, falando: podcast

No Rap, falando é possível encontrar cultura hip hop, rap e entretenimento a granel. O programa dedica-se de corpo e alma ao rap, levando músicos consagrados, como MC Sofia e Rincon Sapiência, mas também abrindo os microfones para artistas menos conhecidos pelas massas. A curadoria e a produção do programa é fina, a sensação de quem ouve (é possível também assistir pelo YouTube) vai ao encontro da grande família do rap. Poesia, rima, improviso, batalhas, tiradas, polêmicas e muita história de vida e de arte dos convidados. Bom para descobrir histórias de vida e também para estar dentro das batalhas pelas telas e alto-falantes do computador. 


RapBox 

“A cena tá crescendo, as coisas estão aí, acontecendo. A gente tá sempre fazendo as paradas. Vivendo as paradas, produzindo, e nunca dá para parar e conversar. A ideia deste podcast é sentar e trocar uma ideia sobre rap”, é assim que o apresentador Leo Casa1 anuncia o primeiro programa da Casa RapBox, que rapidinho estourou. 

Assim como tantos outros podcasts, os produtores aproveitaram as conversas habituais entre os músicos e outros trabalhadores do rap para lançar a ideia mais longe, chegando a mais pessoas. Mas não é só de canção e rima que essa ideia se sustenta. O RapBox fala muito sobre racismo, a vida na periferia, violência policial, e dialoga diretamente com a molecada com o rap e nas ruas, mas principalmente nas redes. 


AlvoCast 

O Alvo Cast é um programa feito em Porto Alegre (RS) sobre assuntos variados da cultura e também do entretenimento. O programa pertence à Alvo Associação Cultural, a Alvo, formada por jovens do movimento hip hop e do skate em 2005 na periferia da capital gaúcha. O site da Alvo chegou a ser um dos principais meios de informação da cultura hip hop de Porto Alegre, que agora ocupa esse espaço nas plataformas de áudio.

A deixa para o papo com artistas locais no AlvoCast é o rap, mas eles vão deliberadamente muito além, assumindo uma postura menos de entretenimento e mais de conteúdo. Empreendedorismo feminino, orgulho crespo e violência no Brasil e nos Estados Unidos são alguns dos temas. 


Aqui Trem Poesia

Já viu podcast com pinta de sarau? Pois é, o Aqui Trem Poesia nasceu do sarau homônimo, que mensalmente tomava a antiga estação ferroviária Jacuba, em Hortolândia, interior de São Paulo. O podcast é conduzido pelo rapper Renan Inquérito, que já fez parcerias com Emicida, Racionais MC's, Zeca Baleiro e Arnaldo Antunes. Também criado em meio ao caos dos últimos anos, Renan chama o Aqui Trem de “um abraço de poesia no meio da pandemia”. E se a palavra é o que importa por aqui, é pela palavra das ruas, do corre e da quebrada que o rapper chega até seus ouvintes para falar sobre poetas, tais como Hilda Hilst, Maria Carolina de Jesus e Miró da Muribeca. O programa sobre Mário Quintana é especial. “Nunca escrevi um poema que não fosse uma confissão”, projeta a voz essa frase de Quintana. Parece rap, não parece?

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