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Como trabalhar com o hip hop de acordo com a BNCC

Saiba as orientações presentes na Base Nacional Comum Curricular para potencializar o trabalho com o rap em sala de aula

Ilustração de grupo de amigos sobre fundo que simula página de quadrinhos.
Ilustração: Mity Dias/NOVA ESCOLA

Em vigor oficialmente desde o início de 2020, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), como documento norteador dos currículos nacionais, dá segurança hoje em dia para trabalhar com os estudantes uma educação que os habilite para o exercício da cidadania. Afinal, as competências estabelecidas pela BNCC pedem a formação de cidadãos críticos, criativos, participativos e responsáveis, capazes de elaborar as próprias emoções e propor soluções para problemas e desafios.

Assim, o que podemos encontrar no documento sobre o trabalho com o rap e o hip hop em sala de aula?


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No Ensino Fundamental, a abordagem dos Direitos Humanos atravessa a exploração de temas relativos à exclusão e inclusão social de grupos sociais marginalizados e oprimidos. Além de promover o acesso a conhecimentos oficiais e formais, a escola é o espaço também de saberes e de grupos outros, distanciados dos espaços de poder, e, portanto, apartados do poder de participar e decidir aquilo que deve ser trabalhado em sala de aula. 

A mesma lei que estabeleceu o 20 de novembro como o Dia da Consciência Negra (10.639/2008), prevê a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira dentro das disciplinas que já fazem parte das grades curriculares do Ensino Fundamental e do Médio. 

Embora o objetivo seja muito simples de se compreender (combater o racismo e aumentar a participação de indígenas e negros na construção da identidade nacional), alcançar essa meta exige esforços mais complexos, e a abordagem na sala de aula não pode ser outra senão aquela que os estudantes conseguem tangenciar.

Sob esse ponto de vista, o rap pode ser levado para a sala de aula como um gênero poético-musical originário de territórios periféricos e constituído por seus próprios sujeitos, apontando para um lugar de fala envolto em saberes de pessoas marginalizadas, conferindo voz e poder a grupos historicamente silenciados.

Essa ideia alinha-se à BNCC no que diz respeito à diversidade social e de saberes, ao exercício da empatia e da solidariedade e à responsabilidade e cidadania, conforme disposto nas Competências Gerais 6, 9 e 10.

As letras das canções são, portanto, instrumentos, a partir de suas formas e temas, para a difusão, reflexão e discussão de saberes e grupos sociais marginalizados. Sabemos que nem sempre há material didático disponível sobre história e cultura afro-brasileira, mas, como indica Ednan Santos, professor de História e doutorando em Ciências Sociais pela Universidade Federal do ABC, os materiais didáticos também estão em disputa.

“O professor não pode encarar o material didático como algo dado. É necessário fazer uma avaliação crítica desse material, e na obrigação de usá-lo, fazer isso junto com os alunos. Há uma infinidade de saberes essenciais para a formação que não estão contemplados nesses livros. Rap é literatura pura. É o registro de um povo. Não podemos falar em construção de identidade sem levar a cultura hip hop para dentro dos muros da escola”, defende o pesquisador.

Nos demais conteúdos deste Box é possível conferir ainda como o rap pode ser útil, não para trabalhar competências e habilidades da BNCC, mas como o uso dos quatro elementos da cultura hip hop (grafite, break, MC e DJ) incorporam as chamadas dimensões do conhecimento, como a Fruição, a Reflexão sobre a ação, a Construção de valores, a Análise e a Compreensão.

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