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Conselho de classe: como manter um caderno de registros sobre seus alunos

Preparar um registro cuidadoso do acompanhamento pedagógico dos alunos ao longo do ano é fundamental para o bom andamento da reunião

Independente do modelo de registro adotado, é importante que os professores saibam como e por que utilizá-lo. Ilustração: Davi Augusto/Nova Escola

Antes que o conselho de classe seja realizado, os professores precisam ter feito um bom trabalho de acompanhamento pedagógico. Durante todo o ano letivo é preciso observar uma série de atitudes comportamentais, avanços e retrocessos da turma e de cada aluno. Mas como organizar todas essas informações para que a avaliação seja feita de modo coerente?

Os modos de se fazer um caderno de registros são muitos, mas é interessante que todos os professores da rede, ou ao menos da escola, utilizem o mesmo modelo. Esse modelo poderá ser proposto pela Secretaria de Ensino, pela equipe gestora ou mesmo construído por meio da parceria de toda a equipe escolar. Entretanto, independentemente de quem o proponha, todos os educadores que trabalham com ele precisam passar por uma formação para discutir como e por que usá-lo.

Segundo Edneia Regina Burger, mestre em currículo escolar e coordenadora de projetos na Elos Educacional, o professor deve levar para o conselho as características de cada aluno com base em evidências. Por exemplo, se a queixa é de que um estudante esteja desinteressado, é preciso destacar os comportamentos observáveis que caracterizam esse possível desinteresse categorizado por um ou outro professor. “Organizar formação de professores e um plano para que o aluno avance é bem mais simples quando se tem os dados tabulados”, conta ela, que criou planilhas de acompanhamento para serem usadas na Educação Infantil e no Ensino Fundamental.

Antes de começar a usar ou criar uma planilha como essa, é importante que os educadores definam quais serão as expectativas de aprendizagem e os focos observáveis, o que pode ser feito tendo como premissa a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). “Esse conjunto de informações poderá contribuir para que o grupo de professores participantes do conselho defina as melhores estratégias para promover o avanço dos alunos. Por isso, a periodicidade com que a planilha será preenchida deve ser definida pela escola: mensal, bimestral, trimestral”, recomenda Edneia.

A sugestão é de que o professor preencha cada célula com cores (verde, amarelo e vermelho) que simbolizem se o aluno demonstra aquela habilidade sempre, algumas vezes ou nunca. Ao utilizar cores, em vez de atribuir notas para cada um dos pontos de observação, é possível visualizar problemas de aprendizagem com mais facilidade. Essa forma de preenchimento ajuda, inclusive, na comparação de dados entre alunos e turmas de um mesmo ano.

Já em Pernambuco, as escolas de tempo integral da rede estadual utilizam um modelo que permite a anotação de dados específicos de cada estudante e também da turma. A tabela propõe o preenchimento de um quadro de avaliação atitudinal, onde estão descritas competências cognitivas, pessoais, produtivas e relacionais. A sugestão é de que o docente preencha cada célula com “nunca, sempre, na maioria das vezes, ocasionalmente ou precisa melhorar”.

Já na hora de analisar a turma, o professor deve registrar quais são os pontos fortes e os fracos, estratégias sugeridas, dificuldades de aprendizagem, comportamento, alunos abaixo da média em cada disciplina e qual a meta para que eles se recuperem no bimestre seguinte. “A planilha nos ajuda a olhar de modo mais detalhado a situação de cada aluno. Com base na pedagogia da presença e no protagonismo juvenil, começamos a fazer um trabalho bem forte de acompanhamento da realização das tarefas, do tempo de estudo dirigido e de busca por estratégias para solucionar dificuldades”, conta Carlos Eduardo da Silva, diretor da Escola de Referência em Ensino Médio Professor Trajano de Mendonça, no Recife (PE). Utilizando esse instrumento de acompanhamento, o índice de reprovação nas turmas do 1º ano do Ensino Médio da escola caiu de 14,6% em 2017 para 8,8% em 2018.

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