Atividade de Geografia: a fome nos países subdesenvolvidos
Proposta desenvolvida para as turmas do 9º ano reflete sobre a má distribuição mundial de alimentos a partir da análise de mapas e gráficos
Embora seja o segundo maior exportador de alimentos do mundo, de acordo com a Organização Mundial do Comércio (OMC), o Brasil tinha três a cada quatro domicílios localizados em áreas rurais em situação de insegurança alimentar entre agosto e dezembro de 2020.
É o que apontou um estudo da Universidade Livre de Berlim, publicado em abril deste ano, e chamou atenção pelo fato de o maior índice (75,2%) ter sido encontrado justamente no campo, quando comparado à situação da população das cidades (55,7%) e do país como um todo (59,4%). Portanto, qual é a explicação para esses dados?
Debates como esse são propostos pela professora Mariana Soares Domingues, doutora em Geografia Física pela Universidade de São Paulo (USP), no plano de aula A fome nos países desenvolvidos, de sua autoria.
“É fundamental levar a questão da fome para a sala de aula porque é uma realidade, um tema latente que deve ser discutido com os alunos. Sem mexer no problema, não temos como propor soluções”, afirma a educadora, que hoje é docente do do curso de Geografia da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG).
A professora frisa, ainda, que vale a pena levantar com os estudantes a crise econômica potencializada pela pandemia e os impactos do aumento do dólar para o agravamento da fome e da insegurança alimentar no país. Um dos itens mais afetados, por exemplo, é a carne que, com o preço nas alturas, deixou de ser alimento constante no prato dos brasileiros.
“Com a moeda a 7 reais, os grandes produtores privilegiam a exportação, pois vão ganhar sete vezes mais, e a população passa a comer carnes que antes eram consideradas ração, como ossos e pés de galinha. Os alunos precisam saber disso para ter mais consciência e entender o quanto está ligado à questão política, social, econômica e ambiental. Ou seja, são questões geográficas que perpassam”, explica.
Para levar essa discussão para a sua aula de Geografia, a dica da professora Mariana é considerar os dados relacionados à pandemia, uma vez que a fome aumentou neste período, e dar enfoque à situação do Brasil. Confira o passo a passo a seguir.
ATIVIDADE - A FOME NOS PAÍSES SUBDESENVOLVIDOS
Indicado para: Turmas de 9º ano
Materiais necessários: Mapas da fome do mundo produzidos pela FAO, lápis e caneta para redação de um texto em folha avulsa. Se achar necessário, imprima os mapas e o fragmento do texto para cada dupla analisar em suas mesas. Outros links e demais informações estão disponíveis no plano.
Na BNCC: EF09GE13 - Analisar a importância da produção agropecuária na sociedade urbano-industrial ante o problema da desigualdade mundial de acesso aos recursos alimentares e à matéria-prima.
PASSO A PASSO
1. Apresente o tema da aula. Comente com os alunos que eles vão relacionar o problema da insegurança alimentar e os diferentes níveis da fome no mundo. Além dessas questões, busca-se que compreendam os desafios de combate à fome em razão desses níveis desiguais, sugerindo propostas, políticas adequadas para o combate ao problema no fim desta aula.
2. Divida-os em duplas. Você pode reiterar que a insegurança alimentar é a falta de disponibilidade e o acesso das pessoas aos alimentos, ou seja, refere-se ao problema da fome no mundo. Os diferentes níveis serão discutidos posteriormente (saiba mais no glossário).
Ponto de atenção: Para adequar à sua realidade, você pode relacionar o tema da fome ao município onde vocês residem, questionando se há casos de fome no local onde moram.
3. Leia a informação abaixo e analise o gráfico com os alunos.
Peça que discutam em suas duplas a relação entre o crescimento populacional e a produção de alimentos. Os alunos devem concluir que a produção de alimentos no mundo é muito superior ao crescimento populacional, ou seja, o problema da fome não está relacionado à falta de alimentos, mas sim, à má distribuição destes, pois há regiões em que não chega comida suficiente, ou há má distribuição de renda e pessoas (ou comunidades inteiras) sem dinheiro suficiente para comprá-la.
4. Peça que os alunos discutam entre si o problema da fome. Oriente-os acerca dos níveis de insegurança alimentar. Eles devem compreender que existem níveis diferentes da fome, como a fome crônica, a fome aguda ou a fome oculta. Explique o que é e o que causa cada uma delas.
5. Sugira que a turma busque responder às questões sugeridas com a análise do mapa depois da reflexão. Sugerimos o acesso ao Mapa da Fome 2021 produzido pela FAO (em inglês).
Você pode orientá-los com apontamentos da legenda sugerida e das regiões no próprio mapa. Oriente-os que dialoguem se as porcentagens indicadas podem dar referência para distinguir o tipo de fome nos locais (aguda, crônica ou oculta). Passado um tempo da discussão e entre eles, aponte no mapa os lugares que estão mais suscetíveis a esse problema.
5. Apresente o próximo mapa e leia o slide em voz alta para os alunos refletirem. O mapa apresenta as metas de combate à fome estabelecidas pela FAO entre os anos de 1990-1992 e 2014-2016.
Peça que dialoguem entre si e comparem os mapas a fim de relacionarem seus conteúdos. Aponte para a interpretação da legenda que permite identificar: meta alcançada: lugares onde as políticas e ações contra a fome foram efetivas e há baixa ou nenhuma incidência de desnutridos no local; meta não alcançada com progresso lento: locais onde as políticas e ações de combate a fome estão sendo implantadas promovendo um avanço lento para erradicação da fome; meta não atingida com falta de progresso ou deterioração: locais onde as políticas e ações contra a fome não foram implantadas ou não estão sendo efetivas para resolver o problema; dados ausentes ou insuficientes: localidades sem comprovação de dados sobre o combate à fome.
6. Faça a leitura do fragmento em voz alta e depois peça que os alunos relacionem a análise e comparação dos mapas anteriores com o texto e solicite que discutam em duplas suas conclusões.
7. Peça aos alunos que escrevam uma síntese do que foi discutido. Neste momento, os estudantes devem anotar as discussões que tiveram anteriormente, relacionando a observação, interpretação e comparação dos mapas e fragmentos do texto para redigir uma síntese. Se achar necessário, passe pelas mesas e verifique se os alunos estão obtendo conclusões coerentes acerca do assunto abordado. Eles podem incluir no texto todas as reflexões que foram feitas acerca da análise e podem propor ainda respostas mais elaboradas.
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