Para usar com os alunos

Macunaíma, o herói brasileiro: como apresentar o personagem para a turma

Embora a obra costume ser abordada mais frequentemente no Ensino Médio, é interessante aproximá-la de alunos dos Anos Finais do Ensino Fundamental

No palco da apresentação da noite, Piaimã e a Deusa-Sol apresentam "Macunaíma", de Mário de Andrade.
No palco da apresentação da noite, Piaimã e a Deusa-Sol apresentam Macunaíma, de Mário de Andrade. Ilustração: Clara Gastelois/NOVA ESCOLA

Macunaíma, que nasceu no mato-virgem e mal falou até os 6 anos de idade, tornou-se "herói de nossa gente" em sua própria história, escrita por Mário de Andrade em 1928, mas também, da nossa história. A obra entrou para o cânone da literatura brasileira, é estudada e citada exaustivamente até hoje, reconhecida internacionalmente e com adaptações para teatro, cinema e quadrinhos.

Tal valorização não é à toa. Mário de Andrade foi um grande pesquisador da cultura brasileira e construiu um personagem carismático que encarna a miscelânea cultural de uma identidade verdadeiramente brasileira, tão buscada pelos artistas daquela época, a quem hoje chamamos modernistas.

Embora Macunaíma, O Herói sem Nenhum Caráter costume ser estudado no Ensino Médio, adaptar o trabalho para trabalhar com as turmas dos anos finais do Ensino Fundamental enriquece a formação dos estudantes e prepara o terreno para uma análise mais profunda. 

"É um livro muito cômico, sagaz e inteligente, que vai surpreender os estudantes, permitindo que descubram muitas coisas sobre si mesmos e sobre a nossa cultura", explica Márcia Moreira Pereira, professora de Letras do Instituto Singularidades.

Para apresentar a história à turma, a obra Macunaíma em Quadrinhos, de Angelo Abu e Dan X (Ed. Peirópolis), é interessante. O gênero quadrinhos costuma ser querido pelos adolescentes e a adaptação tem uma vivacidade de cores e imagens cativante. No site da editora, é possível que professores se cadastrem para acessar a obra na íntegra, que também consta no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) de 2018.

"Durante bom tempo, eu era contra usar adaptações em sala de aula. Mas quando comecei a prática literária, vi que funciona muito bem porque os estudantes se engajam na leitura e isso os aproxima da obra original", compartilha Márcia.

divisória de atividade

Confira um percurso de atividades para discutir Macunaíma com a turma 

Proposta prevê leitura, discussões coletivas, passeios e criação artística


Indicado para: 6º ao 9º ano

Na BNCC: EF69LP44, EF69LP46, EF69LP49 e EF89LP32


PASSO A PASSO

1. Apresente o percurso. Mostre o livro Macunaíma e sua adaptação para quadrinhos à turma. Explique brevemente a história e o contexto das obras e a trajetória de estudo que vão percorrer. Ao longo das semanas em que as atividades se desenvolvem, crie momentos de leitura compartilhada da história em quadrinhos com os estudantes e apresente também breves passagens da obra original, que está em domínio público.

2. Crie um laboratório rotacional. Metade da turma ficará em roda para conversar com você sobre a Semana de Arte Moderna de 22, enquanto a outra metade vai assistir a fragmentos do filme filme Macunaíma, de Joaquim Pedro de Andrade, e ler trechos dos quadrinhos previamente selecionados por você, enquanto refletem sobre proximidades entre as produções e o que mais cativa a atenção deles. Na parte final da atividade, a turma toda se reúne para conversar sobre o que acharam da história e da proposta da Semana de 22.

3. Vá para a cidade. Se as condições sanitárias e logísticas permitirem, organize uma visita a algum equipamento cultural que possua obras modernistas para apresentar aos estudantes. Caso não seja possível, imprima imagens das obras e organize uma exposição na própria escola. O objetivo é permitir que a garotada aprecie as criações e reflita sobre o que acham das obras, como elas tocam a cada um e o que veem de conexão com o que estudaram no laboratório rotacional. Aqui, seu papel como educador é ouvir o que cada um está pensando e sentindo e provocar os alunos com perguntas disparadoras, como "O que essas cores comunicam a você?” e “de que maneira esse quadro se relaciona com o que conversamos no laboratório rotacional?" Ao final, reúna os estudantes e dialoguem sobre tudo o que foi estudado até então.

4. Convide a turma a criar. A liberdade de criação era algo caro aos modernistas, portanto, chegou o momento de os estudantes, inspirados pela história em quadrinhos lida, darem asas à imaginação e criarem uma produção sobre Macunaíma. Valem videoclipe, podcast, fanfic e até meme. O importante é que você acompanhe as produções, provocando os alunos a refletirem sobre como a criação deles se conecta à obra de Mário de Andrade. Quando as produções estiverem prontas, peça que os jovens artistas compartilhem com os colegas ou organizem um festival para exibi-las.

5. Instigue o grupo. Promova uma conversa com os alunos retomando o livro, o filme, os quadrinhos, a Semana de 22, a exposição e as obras criadas por eles. Instigue-os, agora, a debaterem sobre como o texto literário dialoga com a atualidade e com eles próprios. Perguntas como: "Hoje temos mistura cultural no Brasil?", "Como vocês percebem isso?", "Qual é a identidade de vocês?", podem disparar conversas interessantes.

divisória de fechamento

Mais sobre esse tema