Para aprender sobre a prática

Movimentar o corpo é essencial para uma infância livre

Proporcionar às crianças momentos para brincar e explorar o espaço garante não apenas o desenvolvimento físico, mas também emocional e cognitivo

Brincar com as crianças é uma forma de acolhimento afetivo durante a pandemia. Ilustração: Pedro Hamdan/NOVA ESCOLA

Incentivar o movimento corporal na Educação Infantil é crucial para que bebês e crianças aprimorem a noção espacial e a autonomia sobre o próprio corpo. São essas condições que permitem aos pequenos se locomover e explorar os ambientes.

Mas todo esse processo mecânico vem acompanhado de um desenvolvimento emocional e cognitivo, que não pode ser deixado de lado. “As crianças se expressam por inteiro quando se movem, e é assim que aprendem sobre o mundo”, explica Isabel Porto Filgueiras, professora dos cursos de Mestrado e Doutorado em Educação Física da Universidade São Judas.

É também por meio do movimento que as crianças conhecem suas potencialidades e seus limites, e estabelecem relações de confiança consigo e com os outros. “A criança tem de se sentir segura para tentar novos movimentos. Mas quando fica excessivamente segura, ela arrisca ações que podem ser perigosas e requerem atenção dobrada dos adultos, e isso também é imprescindível para o seu desenvolvimento”, diz Ademir de Marco, psicólogo e professor de Educação Física da Unicamp.

Os movimentos são importantes, também, para que os pequenos deem vida à sua imaginação nas brincadeiras, que desempenham um papel basilar para seu desenvolvimento. São elas que conferem sentido e prazer às atividades físicas.

Na BNCC da Educação Infantil, o campo de experiências “Corpo, gestos e movimento” reforça que é por meio de um contexto lúdico que as crianças devem vivenciar “um amplo repertório de movimentos, gestos, olhares, sons e mímicas com o corpo, para descobrir variados modos de ocupação e uso do espaço com o corpo” (BNCC, pág. 41).

O movimento corporal em tempos de pandemia

Com as crianças em casa, em decorrência da suspensão das aulas para deter o avanço do novo coronavírus, as escolas têm o papel de estimular que os pequenos continuem a se movimentar. Observando as possibilidades de cada família, as limitações espaciais e de recursos, é possível promover atividades instigantes e significativas para bebês e crianças. Para as famílias, este também pode ser um momento para se divertirem ao lado dos pequenos e auxiliá-los a gastar a energia acumulada por falta das brincadeiras no pátio ou no parquinho.

“As crianças também estão sofrendo com a pandemia, e as brincadeiras promovem esse acolhimento afetivo”, afirma Isabel. Para Marcos Santos Mourão, selecionador do Prêmio Educador Nota 10 e formador do Centro de Formação da Escola da Vila, em São Paulo (SP), esta também é uma oportunidade para que as escolas revejam sua concepção de infância e do lugar do corpo na Educação. “Escolas controladoras, que só permitem brincadeiras muito dirigidas ou atividades de repetição incentivam que as crianças sejam passivas e só saibam obedecer. Por outro lado, quando buscam atividades relativas à cultura da infância, que promovem a autonomia, a criatividade e a exploração, com um planejamento e intencionalidade pedagógica, estimulam as crianças a serem mais ativas e livres”, explica.

A Base reforça essa preocupação, afirmando que as práticas pedagógicas de cuidado físico devem ser orientadas “para a emancipação e a liberdade, e não para a submissão” (BNCC, pág. 41).



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