5 perguntas e respostas para replanejar 2020 com as crianças pequenas
Nessa faixa etária, em que a Educação Infantil é obrigatória, a parceria com as famílias e o acompanhamento dos pequenos a distância são essenciais
A Educação Infantil é obrigatória para todas as crianças a partir dos 4 anos de idade. Por esse motivo, a atenção com as crianças pequenas (4 anos a 6 anos e 2 meses, segundo a organização da Base Nacional Comum Curricular) é fundamental no isolamento social: é uma idade em que elas têm o direito assegurado na legislação de frequentar uma escola.
Diante do desafio de garantir a aprendizagem e o desenvolvimento dessas crianças no atual contexto, é importante abrir canais de diálogo com as famílias, pois elas são parceiras decisivas neste processo. Abaixo, listamos algumas perguntas e respostas para você, professor/gestor, replanejar o ano, eleger prioridades e construir estratégias neste momento tão delicado.
Por onde começar o replanejamento?
Enquanto as escolas continuam fechadas, é importante priorizar atividades com as crianças que sejam adequadas ao lar e que não estressem a rotina das famílias, recomenda Beatriz Ferraz, diretora da Escola de Educadores e da Escola Global Me e especialista responsável pela seleção de atividades prioritárias para a Educação Infantil no contexto remoto (veja a tabela aqui).
Beatriz sugere, por exemplo, que os professores proporcionem atividades envolvendo textos e letras de canção que possam ser lidos e cantados repetidas vezes durante a quarentena. Isso ajuda a turma a construir um repertório em comum até a volta das atividades presenciais. “Além de proporcionar a memorização, o contato com histórias e letras de canção permite que a volta à escola seja feita de forma contextualizada.”
Ana Teresa Gavião, doutora em Educação e Psicologia, especialista dos Planos de Atividade NOVA ESCOLA e consultora desta caixa, lembra a importância de se estabelecer contato com as famílias e buscar saber quais foram as conquistas das crianças nesse período. “Se eu tenho um grupo que está bastante interessado em ouvir histórias, por exemplo, devo considerar esse interesse no replanejamento.”
Como se comunicar com as famílias?
Abra um canal de diálogo com as famílias e persista na comunicação por todos os meios possíveis, como WhastApp, ferramentas do Google, redes sociais como Facebook e Instagram, ou o bom e velho telefone. “Pode-se pedir a ajuda até mesmo a um vizinho para tentar garantir esse contato”, sugere Ana.
Beatriz lembra que a relação entre família e escola está na própria essência da Educação Infantil: “Temos de ajudar os responsáveis a terem repertório de interação e diversão com as crianças”. É importante, porém, orientar para que as famílias não interfiram excessivamente na forma como as crianças desenvolvem as atividades, pois cada uma adota sua própria estratégia. “As famílias não devem corrigir as crianças o tempo todo. É possível que elas desenvolvam o medo de errar, com receio de decepcionar os familiares.”
Como a comunicação entre você e seus colegas pode ser útil?
Para Beatriz, a comunicação entre educadores cumpre um papel central no atual contexto. “Precisamos de outro lado para nossas ideias e propostas, por isso é muito rico manter essa troca." Ana Teresa diz que, na instituição onde trabalha, os professores e gestores têm feito reuniões semanais pelo Google Meet. “Temos lembrado muito do valor do encontro, mesmo no distanciamento social.” É possível, por exemplo, debater com os pares quais são as melhores histórias para se compartilhar com crianças de cada faixa etária e construir conjuntamente um repertório de atividades.
Como avaliar o aprendizado e o desenvolvimento remotamente?
Para que os educadores possam acompanhar o desenvolvimento das crianças no contexto remoto, a comunicação e as devolutivas das famílias são fundamentais. Com vídeos e áudios de atividades mediadas pelos responsáveis, é possível ter uma ideia mais concreta de quais foram as conquistas deles nesse período. “Mais do que a quantidade de propostas, é importante enfatizar a qualidade”, ressalta Ana Teresa.
Beatriz recomenda que os educadores continuem a fazer a documentação do desenvolvimento das atividades. “Se as crianças estão sendo acompanhadas, há uma sistemática de interação com elas. A avaliação não pode ser entendida como uma checagem de conhecimentos, mas como uma prática processual.”
Como organizar a volta à escola e reavaliar as crianças?
A volta à escola é esperada ansiosamente pelos educadores, pelas famílias e pelas próprias crianças, mas organizar a retomada não passa pelos professores e gestores de Educação: é preciso saber quais serão os protocolos de saúde a serem adotados.
Beatriz ressalta que a aproximação das famílias neste período de distanciamento social pode ser muito útil para a readaptação. “Precisamos continuar a fortalecer esses laços, pois muitos responsáveis podem ter medo de que as crianças retornem.” A especialista defende que, a depender dos protocolos adotados, é preciso conversar muito com as crianças sobre novas formas de expressar o amor, a saudade, a tristeza e outros sentimentos, pois o contato físico e as brincadeiras em grupo podem ser limitados em um primeiro momento. “Se apenas reprimirmos as crianças, não vai dar certo”, reflete a especialista.
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