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Autorregulação: Lola e Elmo não querem dormir
Construir rotinas e ensinar a criança a expressar suas emoções contribui para que ela desenvolva a capacidade de gerir os próprios sentimentos e comportamentos
Inserir a rotina na vida de uma criança não é algo fácil, leva tempo. Ainda bebê, a criança começa a entender que há tempo de acordar, brincar, se alimentar, se limpar e de dormir. Quando vão para a escola, as regras e a presença de outras crianças a ajuda a perceber a importância de cada momento, construído coletivamente.
Mas o que fazer quando os adultos, responsáveis pela rotina da criança, têm a própria rotina alterada? Foi o que aconteceu com muitos pais e responsáveis durante a quarentena, que se viram obrigados a se dedicar ao trabalho remoto ou (ainda pior) foram dispensados de seus empregos devido à pandemia. Como ensinar que precisa haver um momento certo para cada coisa, se o adulto tem dificuldades para encontrar um norte no dia a dia? Para aqueles que continuam trabalhando fora de casa, a preocupação é dobrada, porque necessitam achar alguém para tomar conta das crianças enquanto as escolas estão fechadas.
Essa alteração abrupta na rotina gera um estresse emocional que é rapidamente absorvido pelas crianças. E para aprender a lidar com ele, é preciso cultivar outro hábito essencial para o desenvolvimento saudável: a autorregulação, que é a capacidade de gerir pensamentos, sentimentos e comportamentos. Para isso, as crianças precisam aprender a reconhecer, entender e expressar suas necessidades físicas e emocionais. “Da mesma maneira que ela percebe que está com sede e vai tomar um copo de água, precisa identificar o que a está incomodando para, por exemplo, ter gritado ou destruído o brinquedo de alguém”, explica Cisele Ortiz, coordenadora do Instituto Avisa Lá, parceiro da Sésamo no programa Vamos Brincar!, que trabalha para a promoção de hábitos saudáveis entre as crianças e tem o patrocínio da Fundação Femsa.
A construção de rotinas é uma das estratégias que contribuem nesse processo, uma vez que, por exemplo, ajudam a criança a compreender a relação entre o ato de dormir e a necessidade de descanso. E entre a falta de descanso e a irritação ao longo do dia. Mas não é a única. Segundo a educadora, existem a autorregulação emocional e a social – nesta última, a criança se regula de acordo com o grupo ao qual ela pertence.
As formações e discussões sobre autorregulação propostas pelo Vamos Brincar! orientaram as ações de Lisandra de Oliveira dos Santos, diretora da EMEB Profª Cleo Nogueira Barbosa, em Jundiaí (SP). “Coordenar 120 crianças na hora da merenda era pior que o horário de pico em uma cantina italiana”, brinca a gestora. “Elas queriam escolher o lugar onde sentar, mas deveriam ficar separadas por turmas, com cada professora cuidando da sua”, conta a diretora. Havia gritaria e irritação.
A escola decidiu, então, fazer mudanças no espaço onde é servida a merenda: em vez de quatro mesas longas uma ao lado da outra, uma das mesas foi retirada e as demais reorganizadas em U, de maneira que as crianças conseguiam ter uma visão geral do local. Além disso, a gestora dividiu a hora da merenda em três turnos, dando um intervalo de cinco minutos entre cada um. E o mais agradável para as crianças: elas puderam se misturar, decidindo onde se sentar. “As crianças ficaram muito mais calmas e silenciosas. O ambiente deixou de ficar tenso, inclusive para as professoras, que passaram a cuidar de todos do seu horário – e não só da sua turma”, diz Lisandra.
Neste caso, comenta Cisele, o importante foi os adultos darem a oportunidade de as crianças participarem do processo. “A hora da merenda não é só o momento da nutrição, mas do exercício do convívio”, afirma a coordenadora.
Na EMEB Luiz Bárbaro, também em Jundiaí e participante do Vamos Brincar!, a maior experiência de autorregulação foi no campo emocional. A professora de educação física Danusa Reis percebeu que as turmas de 4 e 5 anos estavam agitadas demais. Ela, então, realizou uma sequência de aulas de yoga durante oito semanas, duas vezes por semana. O resultado foi animador. “Elas passaram a se concentrar mais nos próprios movimentos e ficaram mais calmas”, conta Danusa, que é aluna da metodologia Yoga com Histórias. Para ela, os maiores avanços ocorreram entre as crianças de 5 anos. “Elas aprenderam as principais posições e algumas me diziam até que tinham ensinado a mãe a relaxar”, relembra.
“O Vamos Brincar! ampliou muito a qualidade do nosso trabalho. Por meio do programa, começamos a trabalhar novas possibilidades de interação com as crianças, ações que não tínhamos pensado antes”, diz Janete Marini, diretora da EMEB Luiz Bárbaro.
Agora, em meio à quarentena imposta pela pandemia do novo coronavírus, é importante que as crianças continuem a ter uma rotina em casa, com horários pré-definidos para cada atividade. Confira sugestões para ajudar as famílias a organizarem isso:
1. Convide pais e responsáveis para apresentarem às crianças o vídeo da Sésamo, em que o Elmo não entende a necessidade de dormir.
2. Depois, proponha que conversem sobre o que viram no vídeo. Os adultos podem estimular as crianças a falar sobre o que mais chamou a atenção delas. E relembrar que, ao dormir, elas descansam para poder ter energia no dia seguinte.
Há outras sugestões que os professores podem oferecer às famílias:
- Proponha que pais e responsáveis determinem intervalos, durante o dia, para dormir e acordar e procurem segui-los de segunda a sexta, assim como na época em que as crianças estavam na escola. Isso vai ajudá-las, inclusive, quando elas voltarem às aulas.
- Relembre a eles a necessidade de controlar o uso de eletrônicos, principalmente à noite, porque já ficou comprovado que o seu uso atrapalha o sono.
- Sugira que, diante de birra ou mau-humor, eles procurem estimular a criança a falar sobre o que a incomoda: às vezes, pode ser algo simples. Se os pais ou responsáveis trabalham em casa, a dica é combinar com a criança um horário dedicado a ela, no qual poderão brincar, ler um livro, assistir um filme ou até mesmo relaxar juntos.
- Indique sessões de relaxamento para toda a família: “Colocar uma música tranquila por dois ou três minutos, deitar-se com a criança e pedir que ela preste atenção à sua respiração, pode render bons resultados”, diz Danusa.
- As sessões de yoga são uma boa pedida para integrar a família e acalmar os ânimos. Segundo o contador de histórias João Soares e a pedagoga Rosa Muniz, casal fundador da metodologia Yoga com Histórias, um dos principais objetivos de inserir o yoga na vida das crianças é ensiná-las a lidar com suas emoções e ajudá-las a entrar em contato consigo mesmas. “É um contraponto à cultura atual, que incentiva o olhar ‘para fora’, o consumismo e a valorização da imagem externa como prioridade acima das experiências e valores”.
Dicas de convivência
Neste material, você encontra sugestões a ser enviadas aos pais e responsáveis sobre como lidar com diversas situações comuns no dia a dia familiar. Há também a dica de uma atividade para ajudar as crianças a identificar diferentes emoções.
Este conteúdo é uma produção especial para o patrocinador e não faz parte dos conteúdos jornalísticos de Nova Escola
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