Entre conquistas e dificuldades, o que Ruth e Eridan aprenderam na pandemia

Desenvolver toda uma nova forma de trabalho, em meio a incertezas e medos trazidos pela pandemia, não tem sido tarefa simples. No começo do isolamento social, as escolas não tinham uma receita pronta para garantir a continuidade da aprendizagem dos pequenos, muito menos clareza sobre como seria a recepção dos pais e responsáveis às propostas que iam sendo experimentadas e ajustadas no cotidiano, de acordo com a observação atenta dos professores e ajuda dos coordenadores e gestores pedagógicos.

Nesse processo, o papel do professor, sobretudo da Educação Infantil, é hercúleo. Conversamos com as professoras Ruth Faria e Eridan Matos, da rede municipal de Jacareí, sobre quais experiências vividas com as famílias foram boas, quais poderiam melhorar e como elas projetam o contexto escolar daqui para a frente. 

FOI BOM

Cadernos de atividade

Ruth Faria, professora na Creche Johery Correa de Azevedo

“A construção dos cadernos de atividades com todos os professores promovida pela rede municipal de Jacareí foi algo muito bom. O material é resultado de uma parceria de todo mundo, desde as supervisoras, coordenadoras, até os professores. Debatemos e trocamos experiência e isso permitiu que o material elaborado especialmente para esse momento tivesse a nossa cara, ao mesmo tempo que serviu como base para a realização das atividades com as crianças e a família.”

Aprendizado das famílias

Eridan Matos, professora na EMEI Professora Maria Amélia Mercadante Turci

“Aprendemos a trabalhar juntos. Não só entre nós, professores, mas também com os pais. Hoje eles participam ativamente e também aprendem. Por exemplo, eles começaram a compreender que as atividades do brincar tinham uma intencionalidade e perceberam a importância de reservar um tempo para isso. Antes, muitos deles achavam que a brincadeira era só uma maneira de passar o tempo.”

PODE MELHORAR

Vídeos mais curtos

Ruth Faria

“Temos de estar atentos o tempo todo para proporcionar atividades atrativas, não apenas para as crianças, mas também para os pais e responsáveis que acompanham os pequenos. Olhando para o trabalho que faço, acredito que preciso colocar as crianças como protagonistas de toda a aprendizagem, mesmo no contexto remoto. Sou uma mediadora e eles o centro.

O trabalho remoto é novo e com o tempo percebi que meus vídeos precisavam ser mais curtos para que as crianças entrem em cena. Por isso, no lugar de me filmar realizando a atividade o tempo todo, compartilho com a turma os vídeos de algumas crianças realizando as atividades, enviadas pelos pais. Isso estimula que outras crianças façam o mesmo, participando das propostas.”

Nas próximas vezes... “Continuarei seguindo as atividades que venho elaborando, sempre com videochamadas e usando minha criatividade para apresentar as propostas para os pais e para as crianças. Meus vídeos ficarão mais curtos e simples e darão mais destaque às crianças.”

Gestão do tempo

Eridan Matos 

“Queria ter mais tempo para criar minhas propostas. As atividades remotas precisam ser pensadas com cuidado porque é todo um mundo diferente do presencial. Mas um dos desafios é aprender a gerir o próprio tempo. Não sabíamos trabalhar em home office. É importante definir horários para atender aos pais e responsáveis e fazer uma pesquisa para a criação de uma atividade...

Além disso, neste contexto emergencial, acabamos utilizando os equipamentos que tínhamos em casa, meu celular e computador. Nem todos os professores têm equipamentos em condições adequadas, como capacidade de memória ou para fazer registros audiovisuais. Bons equipamentos nos dariam melhor suporte para o trabalho remoto.”

Nas próximas vezes..., “Acredito que podemos usar mais essas ferramentas. Já que o virtual chegou, ele pode ser incorporado como mais uma possibilidade, porém nunca como substituto. A tecnologia também pode ser usada para as atividades de formação dos professores.”