10 sugestões para se aprofundar no tema

“Grande parte da nossa educação tinha na racionalidade sua constituição fundante e a gente ficou meio manco, simplesmente porque não fomos alfabetizados emocionalmente. [...] Nós tivemos de lidar com um repertório de emoções sozinhos. Hoje sabemos que as emoções são a base fundante de todo critério de identidade.” É o que diz a crítica literária e escritora Lia Diskin, cofundadora da Associação Palas Athena, neste vídeo sobre inteligência emocional.

A reflexão proposta por Lia puxa outro fio de pensamento: para trabalhar competências e habilidades socioemocionais com as crianças, é necessário, antes, começar por si mesmo. “Quando a gente pensa a aprendizagem socioemocional, quem primeiro começa a aprender somos nós mesmos”, observa Sandra Dedeschi, mestre em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e autora do Programa Semente, que atua com formação em competências socioemocionais. 

Segundo a especialista, para realizar um trabalho efetivo com as crianças, o professor precisa, sobretudo, de formação. “Isto é, entender o que são essas competências e habilidades e o que tudo isso significa para poder oportunizar estratégias”, pontua.

Para contribuir com a formação dos educadores, NOVA ESCOLA apresenta uma lista com sugestões de livros, documentos, vídeos e cursos que ajudem o docente a entender melhor o que são habilidades e competências socioemocionais e como trabalhá-las na Educação Infantil. Confira a seguir.

LIVROS

O Foco Triplo – Uma nova abordagem para a educação, de Daniel Goleman e Peter M. Senge (Editora Objetiva)

Imagine o seguinte: alguém com menos de 18 anos provavelmente nunca conheceu um mundo que não tivesse internet. As crianças estão crescendo em uma realidade muito distinta hoje e que vai mudar ainda mais à medida que a tecnologia evolua. Mas as mudanças irão além da tecnologia. Essas crianças também estão crescendo em um mundo que enfrenta desafios sociais e ecológicos sem precedentes, os quais terão de ajudar a superar. Que ferramentas podemos dar aos mais jovens para ajudá-los nessa jornada? No livro, Peter Senge e Daniel Goleman examinam as ferramentas internas que os jovens precisam para prosperar neste novo ambiente. Eles descrevem três conjuntos de habilidades cruciais para se orientar em um universo de distrações crescentes e envolvimento interpessoal ameaçado — no qual as ligações entre as pessoas, os objetos e o planeta são mais importantes do que nunca. “Este livro explora bem a ideia de olhar para mim, para o outro e para o todo, ampliando o entendimento do todo”, reflete Sandra.

A Formação da Personalidade Ética – Estratégias de trabalho com afetividade na escola, de Luciene R. P. Tognetta (Editora Mercado de Letras)

O livro pretende contribuir para uma educação que prioriza ao mesmo tempo a inteligência, a afetividade e a moralidade. As sugestões apresentadas pela autora visam proporcionar subsídios para que os docentes possam utilizar uma prática educativa que tem por objetivo a formação de atitudes e valores característicos de uma personalidade moral íntegra e que são imprescindíveis para a convivência humana no mundo atual, carente de paz, solidariedade, honestidade, amizade, respeito e amor. “Esta obra da professora Luciene aborda, por exemplo, o universo dos jogos para falar de sentimentos na escola, atividades individuais ou em pequenos grupos. Considero um dos melhores materiais para trabalhar com o lúdico”, afirma Sandra. 

A Construção da Solidariedade e a Educação do Sentimento na Escola, de Luciene R. P. Tognetta (Editora Mercado de Letras)

A obra coloca que, para um trabalho efetivo com a formação das virtudes, deve-se levar em conta uma dimensão bastante esquecida: a necessidade da manifestação dos sentimentos e emoções, e, portanto, a afetividade contida nas relações entre as pessoas, umas com as outras e consigo mesmas. A autora propõe a reflexão sobre a importância da construção das virtudes, em especial, a solidariedade, no cotidiano escolar e a discussão de propostas pedagógicas que levem em conta a formação de um ambiente sociomoral cooperativo onde as crianças possam se autoconhecer e terem construído um poder de autocontrole e de autoestima que as tornem mais solidárias, e ainda mais, que possam ser felizes. “Assim como o livro anterior de Luciene, também considero essa obra essencial para explorar os sentimentos na escola por meio de jogos e atividades lúdicas”, explica Sandra.

DOCUMENTOS

Repercussões da Pandemia de Covid-19 no Desenvolvimento Infantil

Com 40 páginas, o documento foi preparado por pesquisadores brasileiros de diversas áreas do conhecimento, membros do Comitê Científico do Núcleo Ciência Pela Infância (NCPI) e aborda os efeitos da pandemia do coronavírus sobre o desenvolvimento infantil. (Indicação de Beatriz Ferraz, psicóloga e doutora em Educação pela Universidade de São Paulo - USP.)

Funções Executivas e Desenvolvimento na Primeira Infância: Habilidades necessárias para a autonomia

“O estudo destaca a primeira infância como um período da vida crucial para o desenvolvimento de diversas habilidades que se iniciam e são a base para o desenvolvimento de habilidades mais complexas em fases posteriores da vida. Entre as habilidades cruciais estão as relacionadas às funções executivas que criam condições para que o indivíduo, progressivamente, gerencie os diferentes aspectos de sua vida com autonomia. Perguntas como: o que exatamente são as funções executivas? Qual o papel da primeira infância no desenvolvimento delas? Quais ambientes familiares e escolares favorecem ou desfavorecem a constituição e o funcionamento dessas habilidades?, são respondidas ao longo do texto considerando as contribuições mais recentes da ciência” (indicação de Beatriz Ferraz).

O Impacto do Desenvolvimento na Primeira Infância Sobre a Aprendizagem

“O estudo parte do princípio de que a promoção do desenvolvimento integral saudável, com nutrição e cuidados de saúde adequados, ambiente familiar afetivo, seguro e estimulante, relações estáveis e incentivadoras, além da oferta de educação de qualidade, fornecem o alicerce para que cada criança viva bem no presente e alcance seu potencial pleno no futuro. A partir de um conjunto de evidências, os autores destacam os princípios de uma educação de qualidade nos primeiros anos de vida como condição crucial para a aprendizagem, o desenvolvimento e o bem-estar das pessoas ao longo da vida. As evidências discutidas a seguir reforçam a importância do desenvolvimento saudável integral infantil como o suporte que permitirá o desenvolvimento pleno dos cidadãos e o bem-estar da sociedade” (indicação de Beatriz Ferraz).

VÍDEOS

Inteligência Emocional – O começo da vida

Aprender a identificar e lidar com as próprias emoções é parte fundamental para o desenvolvimento humano. Essa habilidade precisa ser incentivada desde o período da primeira infância. É sobre isso que falam os especialistas Flávio Cunha, James J. Heckman e Lia Diskin neste vídeo. 

Filip De Fruyt, eduLab21 do Instituto Ayrton Senna

Nesse vídeo, Filip De Fruyt, professor-doutor da Universidade de Ghent (Bélgica) e membro do comitê científico do EduLab21, fala sobre os efeitos do desenvolvimento das competências socioemocionais de curto e longo prazo em diferentes esferas da Educação. “Gosto muito desse vídeo porque tem muito sentido com o que a gente vem estudando”, diz Sandra Dedeschi.

Programa Semente

“O Programa Semente tem um canal no YouTube com diversas lives realizadas durante a pandemia com o médico psiquiatra Celso Lopes de Souza. Qualquer live do Celso pode ser aproveitada como formação para entender o que são essas competências, de onde vêm e qual a importância de trabalhá-las, ainda mais neste momento em que vivemos”, comenta Sandra. Ela destaca três: Como se estruturam nossas emoções?, Como medir as competências socioemocionais? e Lidando com as emoções em tempos de pandemia.

CURSO NOVA ESCOLA

Competências Gerais na BNCC

Nesse curso gratuito, Anna Penido, especialista que atuou na fase de debates e de construção do texto final da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), detalha o que são as dez competências gerais, pilares do documento, e apresenta sugestões de como as escolas podem planejar práticas pedagógicas que promovam o seu desenvolvimento ao longo da Educação Básica. As competências gerais apontam para uma educação integral, em que o trabalho de formação envolve não apenas a dimensão intelectual, mas também social, física, emocional e cultural. E nesta entrevista Anna comenta como pensar as competências gerais no contexto pandêmico.