Para dividir com as famílias

Como orientar os pais na preparação para a volta ao presencial

Confira seis dicas para ajudar as famílias a reajustarem a rotina no período de transição entre o contexto remoto e o presencial

Ilustração de pai deixando criança na escola durante retomada presencial por conta do afastamento acarretado pela pandemia do novo coronavírus.
Ilustração: Nathalia Takeyama/NOVA ESCOLA

Trabalhar, cuidar da casa e ser a escola das crianças ao mesmo tempo foi a missão impossível de toda mãe, pai e responsável nesses tempos de pandemia de covid 19 e instituições de ensino fechadas. Cada um fez o que pôde, e professores e gestores estiveram ali, pertinho, apoiando no que era possível. Agora, com a retomada das atividades presenciais em muitas escolas – ainda que com turmas reduzidas, a ansiedade da família é grande e a atenção com os pequenos neste período de transição é muito importante.

Rotina é sobre os combinados que fazemos para organizar os hábitos numa linha do tempo. Para as crianças, essa percepção de sequência temporal ainda está em construção. Mas elas merecem saber o que vai acontecer com os seus dias, se estarão em casa, na companhia dos pais, ou na escola, ao lado de professores e colegas. Afinal, a ideia é dar segurança para elas. Com a ajuda das formadoras de professores Silvia Fuertes, da Comunidade Educativa CEDAC, e Mariana Americano, do Instituto Avisa Lá, elencamos algumas dicas simples, mas que podem valer ouro na hora de fazer um retorno confortável para todos. 

Comunique com antecedência 

A família é um corpo e funciona junto, ainda que cada um tenha suas necessidades específicas. É importante que pais e responsáveis saibam e compreendam o planejamento da escola com antecedência para, a partir daí, planejar os ajustes necessários na rotina em casa. Vale passar a mesma orientação para o diálogo entre os pais e as próprias crianças. Todos devem poder se preparar para o retorno. 

Faltam quantos dias? 

Se por um lado os pequenos não têm uma boa noção de temporalidade, eles desejam saber o que vai acontecer, e não saber pode gerar angústia, insegurança e ansiedade. Uma dica é sugerir aos pais e responsáveis que eles montem um calendário de parede com as crianças para irem marcando os dias que faltam. Não precisa, nem deve, ser um calendário do mês todo. Mas de alguns dias, de modo que eles compreendam que o retorno às atividades na escola será feito numa linha do tempo (aqui, você encontra um modelo para criar um mural com a rotina da semana).  

Rituais para atravessar o tempo 

Alguns rituais podem ser adotados. Ora, se as atividades vão retornar na semana seguinte, os pais podem chamar as crianças para organizar a mochila e os materiais escolares, separar o uniforme, montar a lancheira, sempre avisando que em alguns dias terá escolinha outra vez. “Os rituais ajudam as crianças a entenderem o que está em jogo, o que vai acontecer”, explica Silvia. 

Cada rotina é uma 

Mariana afirma que a rotina é algo que precisa ser pensado para cada turma, e também para cada casa. Não é possível falar em rotina replicável, portanto. A escola é um ambiente apropriado para a organização de uma rotina bem determinada e as crianças são muito maleáveis a essas mudanças. Portanto, não é recomendado que os pais e responsáveis tentem se antecipar e reproduzir a rotina da escola em casa neste período de transição. Isso pode gerar mais desgastes para a família do que benefícios para a criança. 

Parceria sempre

O diálogo com as famílias e com as crianças é fundamental, sabemos, e uma das formas de apaziguar a insegurança e os anseios é convidá-los a construírem juntos os protocolos de segurança sanitária – que implicam, diretamente, hábitos que determinarão uma rotina. Fazendo parte dessa elaboração, os pais terão melhores condições de negociar com as crianças os combinados, e, portanto, a nova rotina.

Atenção aos adultos

No turbilhão de tarefas do dia a dia – especialmente de quem tem filhos –, é normal que pais e responsáveis entrem no automático com as crianças e não se deem conta de que não reservaram um momento de qualidade juntos, e que não cumpriram com as crianças as atividades formativas propostas pela escola. É importante que o professor não julgue, mas esteja atento para as dinâmicas daquela família, e oriente sempre que for necessário. Pais que recebem atenção darão mais atenção aos seus pequenos.

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