Para usar com as crianças

Convide a turma a criar novos finais para uma mesma história

Proposta estimula a imaginação e a criatividade, aproxima as crianças da linguagem escrita e pode servir de incentivo à leitura. Nas atividades remotas, é opção para interação entre elas

Ilustração do conto da chapeuzinho vermelho com final diferente. Neste final o lobo e a chapeuzinho fazem um piquenique.
Ilustração: Tayna Marques/NOVA ESCOLA

E se, na história de Chapeuzinho Vermelho, o caçador não tivesse aparecido para salvar a menina e sua vovozinha? Ou então: e se o Lobo Mau não fosse tão mau assim, mas, na verdade, quisesse apenas um pedaço da torta de morango? Já parou para pensar que toda história pode ter infinitas possibilidades de finais? É o que propõe Maira Franco Tangerino, professora-autora no projeto Plano de Aula NOVA ESCOLA, ao sugerir a leitura de histórias infantis como caminho para a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças.

“Imbuídas de criatividade e expressão, as histórias podem promover a diversidade, o autoconhecimento e o incentivo à leitura. A criança pode começar no movimento da escuta e pelo envolvimento, pouco a pouco, ela vai se apropriando das linguagens oral e escrita, o que vai contribuir para que ela seja um leitor”, ressalta a educadora, ao pontuar a importância desse tipo de atividade na Educação Infantil. Nesse processo, ela amplia o vocabulário e a maneira de se expressar oralmente. Com o reconto, as crianças são estimuladas a utilizar esses conhecimentos, construir sentidos sobre as histórias e exercitar a elaboração de uma articulação lógica para a narrativa. Em tempos de pandemia, no entanto, como colocar isso em prática? 

A troca de vídeos e áudios nos grupos de WhatsApp, por exemplo, tem sido uma opção para promover não só a leitura e a contação de histórias, como também, a interação entre os pequenos. “As tecnologias, sem dúvida, amplificam o acesso às histórias e redimensionam o alcance. Os áudios e os vídeos, em tempos de distanciamento, são uma ponte fantástica para contribuir para a manutenção do vínculo, em diversas dimensões”, observa Maira, que é fundadora da Educação Infantil em Rede, grupo criado por docentes desse segmento para compartilhar boas práticas, e tutora da pós-graduação na UniAraguaia, de Goiânia (GO).

Para colocar a sugestão da educadora em prática, é importante considerar quais os campos de experiências que serão integrados por meio dos objetivos de aprendizagem e desenvolvimento. E também ter uma comunicação clara e assertiva com quem vai apoiar na execução da proposta que, no contexto remoto, tende a ser a família. Isso inclui o docente saber quais são as preferências das crianças, garantindo que o grupo já tenha ouvido as histórias outras vezes. “O professor precisa entender que, para recriar um final para história, você precisa gostar da narrativa e já ter domínio sobre ela”, completa a educadora. Confira, a seguir, o passo a passo da proposta. 

divisória de atividade

Atividade: criar novos finais para uma história conhecida

Proposta incentiva as crianças a imaginarem outras possibilidades e exercitarem a oralidade


Indicado para: Crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 meses) 

Material: Histórias já conhecidas pelas crianças, recursos para gravação de áudio ou vídeo (aqueles disponíveis para a família) e aplicativos como WhatsApp e Telegram para o envio do que for produzido.

Na BNCC: EI03EO03 - Ampliar as relações interpessoais, desenvolvendo atitudes de participação e cooperação.

EI03EF06 - Produzir suas próprias histórias orais e escritas (escrita espontânea), em situações com função social significativa.


PASSO A PASSO

1. Identifique as histórias preferidas das crianças. Se você tem um histórico de leitura e contação com a turma, pode considerar as preferências delas. Também pode perguntar para as crianças quais narrativas elas gostam mais ou, ainda, questionar pais e responsáveis se há alguma história contada antes de dormir ou outras que elas pedem com frequência. Para esta atividade é importante garantir enredos familiares às crianças.

2. Grave a contação da história e compartilhe com as crianças. Feita a seleção, grave um vídeo (ou áudio) contando ou lendo a história e envie para as crianças pela plataforma de comunicação com as famílias (aplicativos como WhatsApp, por exemplo). Se não for uma opção, mande a história escrita, caso tenha um leitor disponível para apresentar a narrativa para as crianças.

3. Explique a dinâmica da proposta para todos os envolvidos. Indique que a história, no final, tem algumas perguntas. Se gravou em vídeo ou áudio, faça questionamentos que instiguem as crianças a pensarem em um final. Você pode falar: "A história acabou assim! Será que podem existir outros finais para essa história?"

Explique para pais e responsáveis que a criança deve ser ouvida. Caso ela ainda não queira falar ou não tenha um final para a história, sugira ao adulto apresentar uma ideia de como ele terminaria a história. Se houver outras pessoas acompanhando a proposta, é possível perguntar para elas como mudariam a história também. Isso vai estimular as crianças a também criarem e exporem suas ideias.

4. Proponha que o novo final da história seja registrado. Estimule as crianças a compartilharem as ideias de novos finais. Para isso pode ser gravado um áudio ou vídeo delas contando suas propostas.  Se não for possível, peça que façam um desenho, ou ainda, alguém pode ser o escriba registrando os finais propostos.

5. Reúna os registros e compartilhe com o grupo. Você pode montar um portfólio digital, gravar um vídeo lendo os novos finais ou marcar uma videochamada para dividir com a turma as várias versões. 

PONTO DE ATENÇÃO 1: Apresente sugestões de como uma história pode ter seu final alterado: um dos personagens pode fazer uma escolha diferente ou ele pode mudar de lugar com outro; ou ainda ter ideias e ações distintas. 

PONTO DE ATENÇÃO 2: É importante considerar as opiniões diversas, principalmente da criança. Não existem finais menos importantes ou improváveis! É um exercício vivo de imaginar e criar!

PONTO DE ATENÇÃO 3: Ao ouvir diferentes finais, a criança pode mudar de ideia. Considere a nova possibilidade e some-a às demais versões.

6. Desdobramentos possíveis: Karina Rizek, consultora da Avante Educação e Mobilização Social e também consultora para NOVA ESCOLA dos conteúdos desta Caixa, comenta que a estratégia de reconto pode ser retomada com outras histórias ou contextos: você pode, por exemplo, pedir para as crianças pensarem em títulos diferentes para uma história já conhecida ou mostrar uma das ilustrações do livro e sugerir que a turma imagine o que aconteceu antes ou depois daquele momento retratado.


Essa sugestão de atividade foi adaptada do plano de aula Um novo final para uma história, criado pela própria Maira Franco Tangerino.

divisória de fechamento

Mais sobre esse tema