Para colocar em prática

Dicas para estimular o aprendizado com corpo

Utilize diferentes ambientes, objetos e estímulos para propor desafios corporais para as crianças

Fotomontagem a partir de fotografia de criança brincando com instrumentos junto à professora.
Crédito: Duda Oliva/NOVA ESCOLA. Fotografia: Lana Pinho/NOVA ESCOLA

O corpo está sempre presente, mas é importante que o professor tenha uma atitude consciente e propositiva em relação a ele para levar novos desafios para as crianças. Com materiais simples e usando espaços cotidianos (sala de atividades, parquinho, pátio, casa), é possível recriar formas de brincar e de desenvolver a consciência corporal. Nestes momentos, é preciso também que as crianças consigam perceber o corpo do outro e oferecer ajuda quando for preciso e possível.

Abaixo, você encontra sugestões de atividades que podem ser desenvolvidas na escola e também sugeridas para as famílias realizarem em casa:

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Brincadeiras de circuito

Inspirado por uma história já conhecida pela turma ou inventada especificamente para essa atividade, o professor pode montar um circuito a ser percorrido pelas crianças. “Algumas histórias você pode contar e outras vivenciar. O que é colocar o corpo em ação? É usar o material disponível (cadeiras, tecidos, almofadas, mesas etc.) para criar desafios para a criança perceber seu equilíbrio, sua altura, sua força, a lateralidade, as formas do corpo”, comenta Janaína Sandoval, professora de Expressão Corporal no Colégio Oswald de Andrade, de São Paulo (SP).

Nessa brincadeira, a sala de aula pode se transformar em uma floresta, a almofada vira uma rocha na qual é preciso se apoiar, o tecido um rio no qual todos vão mergulhar, a mesa uma cabana sob a qual passar a noite agachado e em silêncio para não ser pego por um animal feroz. Nessa brincadeira, todos serão convidados a passar pelos mesmos desafios, o que também exigirá ajudar o outro e negociar espaços e momentos. 


Coordenação motora

A internet está repleta de vídeos e dicas para desenvolver a coordenação motora das crianças, mas é essencial que isso não aconteça através de exercícios repetitivos impostos pelos adultos. “No geral, a coordenação motora ampla precede a fina. A criança brinca amplamente, usa o corpo de maneira rítmica, pula, salta, rola, escala. É importante massagear as mãos, desenhá-las no papel, sentir que a mão nasce do braço e que ele está ligado ao tronco”, explica André Trindade, psicomotricista e especialista em Educação Corporal na infância e adolescência.

Depois de receber e interagir com esses estímulos, a criança pode ser incentivada a desenvolver a coordenação motora fina. Aprender a amarrar o tênis ou o próprio cabelo, segurar um giz, um lápis, desenhar em superfícies grandes (como em um papel craft) e em superfícies pequenas (metade de uma folha sulfite). Uma mesma atividade cotidiana, como o desenhar, pode ganhar variações se o professor propuser, por exemplo, mudar a superfície em que a folha estará apoiada. Que tal prender o sulfite embaixo da cadeira e convidar as crianças a deitarem no chão e poderem desenhar?


Equilíbrio

O que a sua turma conhece sobre o circo? Eles já ouviram falar do desafio da corda bamba? Faça uma linha com a fita-crepe no chão e anuncie: “Respeitável público, hoje proponho um novo desafio: andar na corda bamba”. A expectativa, principalmente para as crianças mais novas, não precisa ser andar com um pé na frente do outro, mas já é interessante apresentar a possibilidade de andar em linha reta, sugere Janaína. Para variar a brincadeira, as crianças podem andar sozinhas, andar em fila, atravessar de lado ou atravessar de olhos vendados. Peça para que elas tentem perceber o que ajuda a manter o equilíbrio: o silêncio, olhar para um ponto fixo, manter os braços abertos?


Expressões faciais

Um momento muito importante, e em alguns casos bastante desafiador, para as crianças é o desfralde. Para começar a usar o banheiro é necessário que a criança tenha controle sobre os esfíncteres urinário e intestinal, o que geralmente começa a acontecer por volta dos 22 meses de vida. Além disso, para que o desfralde aconteça também é preciso que a criança consiga usar palavras, expressões faciais ou movimentos que indicam a necessidade de urinar ou evacuar. Para ajudá-los nesse desafio, o educador pode exibir imagens de crianças diversas, para que a turma entenda e imite as expressões geralmente feitas antes e depois de se usar o banheiro (acesse esta sugestão de atividade aqui). 

O mesmo pode ser feito para que a criança entenda outros sentimentos e sensações. Ao perceber como o próprio corpo expressa a tristeza, por exemplo, é possível reconhecer os sinais de que outra pessoa está triste para ajudá-la.


Relaxamento

“O corpo não é só ação, é também o lugar de repouso e descanso. No corpo a criança elabora e digere tudo o que aprendeu, por isso é importante haver momentos de relaxamento, de acolhimento da expressão mais silenciosa do corpo, de ficar de olhos fechados”, reflete André. Ele sugere que o professor apague a luz da sala, diminua o ruído ao redor quando possível, coloque uma música tranquila ou deixe as crianças ouvirem o silêncio. Cada uma deve ter o seu espaço - sentada na cadeira, no chão ou deitada - para experimentar um momento tranquilo e com poucos estímulos externos.

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