A luta pelo fim da pandemia: como trabalhar nas aulas de Ciências
Mais da metade da população brasileira tomou as duas doses ou a dose única da vacina contra a covid-19, mas a desigualdade na distribuição mundial de imunizantes e o surgimento de novas variantes ainda nos mantêm sob alerta. Saiba como abordar o tema no Ensino Fundamental
A pandemia de covid-19 vai acabar em 2022? Às vésperas do novo ano, essa é a pergunta que todos estão se fazendo, ainda mais depois de tanto tempo convivendo com as consequências de uma crise sanitária que parece não ter fim.
Embora mais da metade da população brasileira tenha tomado as duas doses ou a dose única dos imunizantes disponíveis, a vacinação pelo mundo caminha a passos lentos, sobretudo por conta da desigualdade no acesso às vacinas, como o que vem acontecendo em países africanos. Enquanto isso, a descoberta de novas cepas, como a ômicron, reforçam a preocupação e parecem adiar um pouco mais o sonho de um mundo sem pandemia.
“Inicialmente, precisamos pensar que, no início de 2022, ainda não poderemos falar sobre o fim da pandemia”, adverte Cíntia Diógenes, professora e mentora do Time de Autores Nova Escola em planos de aula de Ciências. Ela afirma que a pandemia ainda existirá e as consequências que trouxe, socialmente falando, ainda farão parte da rotina dos estudantes e de suas famílias.
“Em contrapartida, fazer uma retrospectiva, retomando as vivências, os desafios e as perdas ocasionados pela doença pode ser uma boa forma de trazer a reflexão sobre a importância do saber científico para estarmos, progressivamente, vencendo a covid-19”, ressalta.
Os professores de Ciências, tanto dos Anos Iniciais quanto dos Anos Finais do Ensino Fundamental, podem propor que os estudantes produzam uma linha do tempo, com notícias de jornais, desde o início da pandemia até hoje, fazendo os alunos estabelecerem uma relação do avanço dos estudos científicos com o combate à doença.
“Aí entram várias temáticas que ficam à disposição do professor e da turma para discussão e reflexão, como vacinação, fake news, investimento em pesquisas científicas, valorização do pesquisador e do cientista e da própria ciência, entre outras”, sugere.
Cíntia reforça que o professor deve considerar, no entanto, que o letramento científico condiz não com a ideia de apreender ciência, pura e simplesmente, mas, sim, com o desenvolvimento da capacidade de atuação no mundo, importante ao exercício pleno da cidadania.
Dessa forma, em vez de apresentar conceitos ou ideias, o professor deve buscar problematizações contextualizadas com as vivências dos alunos, para propor que eles solucionem essas questões com práticas que permitam a eles mesmos chegarem às conclusões e sistematizarem conceitos.
“Espera-se, desse modo, possibilitar que esses alunos tenham um novo olhar sobre o mundo que os cerca, como também façam escolhas e intervenções conscientes e pautadas nos princípios da sustentabilidade e do bem comum”, completa.
Confira a seguir duas propostas de Cíntia Diógenes para levar o assunto para as aulas de Ciências no Fundamental 1 e 2.
Anos Iniciais: como trabalhar a luta pelo fim da pandemia nas aulas de Ciências
Conheça uma proposta da educadora Cíntia Diógenes para levar o tema aos alunos do 4º ano
Indicado para: Turmas de 4º ano
Na BNCC: EF04CI08
1. Comece com um vídeo. Inicie a aula apresentando aos alunos o vídeo Gripe e Resfriado | Drauzio Comenta #01. Contextualize o conteúdo com a pandemia de covid-19. Pergunte aos alunos: qual o agente causador de gripes e resfriados? E qual o agente causador da covid? Quais os sintomas semelhantes e diferentes entre essas doenças? Como podemos prevenir essas doenças?
2. Levantando as formas de transmissão da doença. Após esse momento de contextualização e mobilização dos alunos, peça que eles pesquisem as formas de transmissão da covid-19 e, em grupos, proponha que planejem um esquete (encenação), em que os alunos vivenciam cenas do cotidiano colocando-se em uma situação hipotética de transmissão do vírus e propõem a resolução para esse problema, dando ênfase às formas de prevenção e incentivando que seja criado um slogan ou um grito de guerra de combate à doença.
3. Apresentando os esquetes. Para sistematizar as aprendizagens, peça que os alunos apresentem os esquetes e se avaliem, no que diz respeito às ideias trazidas no roteiro de cada um. Proponha os seguintes questionamentos para nortear as avaliações entre os grupos: o grupo apresentou corretamente as formas de transmissão da covid-19? O grupo propôs maneiras práticas e corretas para evitar a transmissão da doença? Qual informação trazida pelo grupo na apresentação foi mais relevante? O que poderia ser melhorado na encenação do grupo?
4. Aperfeiçoando os esquetes. Com as trocas entre os grupos, possibilite um momento para que eles possam aperfeiçoar o roteiro dos esquetes. Essa aula pode ser um ponto inicial para o desenvolvimento de uma campanha de prevenção contra covid-19 com a comunidade escolar. Uma sugestão é, após a aula, apresentar os esquetes para os outros alunos da escola e, havendo equipamento necessário, eles poderão ser filmados e transformados em pequenos vídeos produzidos pelos alunos. É possível, ainda, utilizá-los em redes sociais ou apresentá-los para toda a comunidade escolar.
Anos Finais: como trabalhar a luta pelo fim da pandemia nas aulas de Ciências
Conheça uma proposta da educadora Cíntia Diógenes para levar o tema aos alunos do 7º ano
Indicado para: Turmas de 7º ano
Na BNCC: EF07CI10
1. Comece com um vídeo. Inicie a aula apresentando aos alunos o vídeo Ciência Explica - Como funcionam as vacinas? Contextualize o conteúdo do vídeo com a pandemia de covid-19. Pergunte aos alunos: para que servem as vacinas? Quais vocês já tomaram? O que pode conter nas vacinas?
2. Pesquisa sobre os imunizantes. Após esse momento de contextualização e mobilização dos alunos, divida-os em grupos e peça que eles pesquisem sobre as vacinas que estão sendo usadas na imunização da população brasileira contra a covid-19. Os alunos devem responder aos seguintes questionamentos: quais os nomes dados às vacinas que estão imunizando a população brasileira? O que elas têm de diferente? Quais as reações comuns após a vacinação e por qual motivo essas reações ocorrem? Qual o resultado esperado da vacinação da maior parte da população?
A ideia das questões norteadoras propostas para a pesquisa é focar a atenção dos alunos em alguns conhecimentos que possuem uma explicação científica, mas que se propagam equivocadamente pela sociedade, através das fake news, como, por exemplo, o fato de as reações da vacina prejudicarem o organismo, ou que o imunizante só tem efeito se a pessoa tiver uma reação, ou que alguma vacina não produz imunidade.
3. Apoie a pesquisa dos alunos. Enquanto os estudantes estão pesquisando, caminhe entre os grupos e fique atento às discussões e dúvidas que possam estar surgindo. Não traga respostas prontas, mas lance outros questionamentos que possibilitem o pensamento crítico e reflexivo dos estudantes.
4. Divulgando a importância das vacinas. Após pesquisarem e responderem às perguntas propostas, peça aos grupos que pensem em como poderiam divulgar a importância da vacinação para a escola. Como opções, eles podem produzir um vídeo, animação ou um infográfico. Deixe os grupos livres para decidirem o formato que acharem mais adequado.
5. Alinhando as propostas de divulgação com a pesquisa. Após planejarem a estratégia para divulgar a importância da vacinação, os grupos devem executar seus planejamentos e verificarem se as propostas condizem com as informações colhidas através da pesquisa. Proponha os seguintes questionamentos para nortear as avaliações entre os grupos: o grupo apresentou corretamente as informações acerca da vacinação contra a covid-19? Qual informação que o grupo trouxe na apresentação foi mais relevante? O que poderia ser melhorado na estratégia do grupo?
6. Aperfeiçoando a estratégia de divulgação. Com as trocas entre os grupos, possibilite um momento para eles poderem aperfeiçoar o planejamento das estratégias. Essa aula pode ser um ponto inicial para o desenvolvimento de uma campanha de vacinação contra covid-19 na comunidade escolar.
Mais sobre esse tema