Para usar com as crianças

Por dentro de uma história conhecida

Uma narrativa clássica como os Três Porquinhos pode ser cenário para a brincadeira simbólica. Confira uma sugestão de atividade

Ilustração: Juliana Basile/NOVA ESCOLA

Uma aventura em alto-mar ou enfrentar os desafios do deserto, fingir ser um veterinário ou um garçom no restaurante; se imaginar na aldeia da Chapeuzinho Vermelho ou na floresta onde os Três Porquinhos fogem do Lobo. Há inúmeras possibilidades para o faz de conta. Repetindo um clichê: o céu é o limite - mesmo quando se está em casa. 

Vamos pegar o último caso: ter como base uma história conhecida. Este tipo de faz de conta permite às crianças mobilizarem o repertório adquirido e anteciparem as ações para interpretar os personagens do enredo. 

A narrativa disparadora pode variar. Nilcilene Brambila, formadora na rede de Cariacica (ES), orienta ter entre os critérios de escolha a reflexão se a história vai favorecer o faz de conta - ou seja, se ela permite que as crianças criem. E também a qualidade da construção dos personagens e dos cenários. Não precisa ser necessariamente um conto de fadas, mas pode ser uma história regional da tradição oral que elas conheçam. 

Os livros de poemas ou de parlendas são mais difíceis de fazer de conta, por isso o ideal é focar em histórias com enredo, sejam elas clássicas, sejam contemporâneas, de acordo com Karina Rizek, consultora da Avante Educação e Mobilização Social e formadora da Escola de Educadores. Ela  aponta ser possível pensar em outros formatos, além do livro, para a contação de história: "Tem a versão em áudio de muitos contos, leitura de contos em vídeos, filmes com finais diferentes". As opções são muitas!

Com base no plano de atividade elaborado por Helena Eher e as orientações de Nilcilene, preparamos uma sugestão de atividade com a história dos Três Porquinhos. A proposta pode ser sugerida para as famílias estimularem o faz de conta em casa. 

Vale ressaltar que a atividade pode ser adaptada conforme os materiais disponíveis, os interesses das crianças e a história escolhida. Vamos lá? Confira, abaixo, o passo a passo:

Indicado para: Crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses)

Espaço: A brincadeira pode se adaptar aos espaços disponíveis
Material: A história escolhida para a brincadeira e uma caixa ou um cesto com os materiais disponíveis. É possível reunir, por exemplo, acessórios que podem ser relacionados com a narrativa (máscaras, óculos, chapéus, capas etc.). Tapetes, almofadas e lençóis são opções para construir a casa dos porquinhos. Também disponibilizar outros tipos de materiais que permitam às crianças usar a criatividade, como caixas, embalagens, canetinhas ou lápis de cor e fita adesiva.

PASSO A PASSO

1. Convide as crianças a lerem uma história. Diga que hoje brincarão com uma narrativa com porquinhos e um lobo. Dê pistas para elas descobrirem qual é a história e peça para contarem o que se lembram do enredo dos Três Porquinhos. 

Ponto de atenção: Para responder ao questionamento, as crianças podem escolher imitar os personagens, fazer gestos e expressões, ou narrarem um trecho da história. É importante valorizar todas as iniciativas e verbalizar o que querem comunicar. Nesse momento, preste atenção ao que elas trazem e, se necessário, faça perguntas para estimulá-las a se lembrar da história.

2. Disponibilize materiais que incentivem o faz de conta. Diga às crianças que elas podem brincar enquanto leem a história. É possível mostrar o conteúdo da caixa ou do cesto, mas deixe que explorem livremente e escolham a utilidade de cada objeto, o que representam e qual o papel na história.  

Ponto de atenção: É interessante que você participe da brincadeira e siga a direção dada pelas crianças. Assuma o papel que atribuírem a você na brincadeira e dê características que elas possam imitar ou incorporar. Por exemplo, mudar a voz ao colocar um acessório. 

3. Faça a leitura da história. Depois de explorarem os materiais, explique que chegou a hora de ler o livro. Convide-as a imaginar que foram parar dentro do livro e da história. Comece a ler e deixe as crianças acompanharem livremente. Não é preciso delimitar papéis, mas permita que elas sejam protagonistas. Não há certo ou errado: elas podem agir como personagens, usar gestos, sons ou expressões; antecipar os trechos da história ou apenas repetir; podem também se movimentar pelo espaço.

Dica: Durante a leitura, faça pausas e crie momentos de suspense para dar tempo a elas para viverem determinada situação ou para anteciparem as próximas falas ou ações da narrativa.

4. Proponha que construam a casa dos Três Porquinhos. Quando chegar nesse momento da história, incentive as crianças a construírem também a sua casinha. Fique atento para reconhecer, acolher e ajudar, quando necessário, as iniciativas delas. Também é possível sugerir outras ideias ou trazer questionamentos que as incentivem a pensar na casa. Durante a brincadeira, é interessante entrar no universo de faz de conta. Pergunte, por exemplo, se elas podem te passar o martelo [de faz de conta] e qual a cor que estão pintando a casa; ou sugira fecharem a porta para que o lobo não entre. 

Ponto de atenção: As crianças devem participar de todo o processo, desde a seleção dos materiais até a construção do espaço. Não se preocupe em criar uma estrutura com formato de casa, o importante é instigar as crianças a usarem a imaginação e se divertirem com o faz de conta.

5. Deixe a brincadeira livre. Com a casinha pronta, termine a narrativa. Depois, deixe que as crianças continuem brincando com os acessórios e com o cenário.



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