Sugestão de Atividade: dançar para acordar os sentidos
Plano propõe a dança em grupo como forma de aquecer o corpo e as memórias
Dançar é uma ação do coletivo. É ritualístico por natureza. Um corpo convida, ensina, toca, copia, contagia o outro. Durante o distanciamento social, causado pela pandemia de covid-19, as crianças não puderam entrar em contato com a turma da escola, com os professores. Correr no pátio, brincar, escolher os pares para movimentar o corpo, tudo isso é, hoje, motivo de saudade.
As propostas de dança são fundamentais sempre, e precisam ser regulares. Porém, durante o recolhimento e no retorno às aulas, coloca-se a necessidade de intensificar atividades que acolham as necessidades expressivas e físicas do corpo.
As crianças precisam se movimentar, e com certeza, algumas estão encontrando opções para fazer isso em suas casas, mas sabemos como a pandemia tem colocado todos nós por muito tempo nas telas. O plano sugerido coloca aqui o corpo como o eixo de um mover-se coletivo.
ATIVIDADE: DANÇAR PARA ACORDAR OS SENTIDOS
Convide os alunos para dançar em grupo
Indicado para: Turmas do 3º ao 5º ano
Materiais: Peças de tecido ou roupas de casa
Habilidades da BNCC trabalhadas: EF15AR08, EF15AR11 e EF15AR12
Tempo: A atividade deve ser feita ao longo de quatro encontros-aula
PASSO A PASSO:
1. Aqueça e acorde o corpo: A primeira proposta é para aquecer, lembrar que algumas partes de nosso corpo ficaram adormecidas. Pode-se começar pelas extremidades: cabeça ou dedos dos pés. Convide as crianças a escolherem. Peça para acordarem com um toque sutil, uma pequena massagem. Em seguida, mexer devagar e sem muita força, para aos poucos mexerem mais rápido e mais forte.
Como se fosse um caminho, escolher a próxima parte do corpo que será acordada. Quem começou pela cabeça pode escolher o pescoço, e quem escolheu os dedos do pé, podem ser os pés. E assim por diante. Acordar, tocar, massagear e mexer tranquilamente, sem pressa, até o corpo todo estar desperto.
2. Converse com a turma sobre a importância do aquecimento: Este é para conhecer melhor nosso corpo e para nos prepararmos para dançar. Peça que assistam ao vídeo que apresenta a Dança do Parafuso, e que observem o movimento dos brincantes.
Após apreciarem a dança, convide a turma a buscar em casa um tecido ou peça de roupa que seja boa para dar mais vontade de girar. Pode ser uma saia, um agasalho de adulto, um lenço grande, uma canga ou até um lençol. Peça para deixarem separado o figurino escolhido para a aula seguinte.
3. Dançar, dançar, dançar: Antes de partir para a dança, é importante um aquecimento. Peça para as crianças retomarem o aquecimento da aula anterior, mas, desta vez, um pouco mais curto. Instigue a relacionarem o aquecimento com a proposta da aula. “Vamos acordar as partes mais usadas para a Dança do Parafuso? Quais são?”
Em seguida, a ideia é cada um pegar a vestimenta que escolheu. Pergunte aos estudantes: Qual a importância da vestimenta em uma dança? E para esta dança especificamente?
Depois, é só colocar o vídeo e dançar a Dança do Parafuso juntamente com os brincantes. Se o encontro for síncrono, todos são convidados a abrir as câmeras, fechar os microfones, para que o professor compartilhe a música e todos dancem juntos.
Depois da dança, peça para cada estudante fazer um relato, considerando o que sentiu ao girar e sobre o papel da vestimenta na realização do movimento.
4. Fale sobre a origem da dança: Conte para a turma a história da Dança do Parafuso. Mas inicie com perguntas que despertem o interesse em saber mais, como, por exemplo: por que será que as vestimentas dos brincantes é assim? Que peça de roupa lembra? Vocês sabiam que em Lagarto (Sergipe), os dançarinos são homens? Por que será? E por que vocês acham que chama Dança do Parafuso? Olhando para as vestimentas, será que dá para saber de que época é?
5. Conte a história a seguir para as crianças:
Durante o período de escravidão, muitos escravizados fugiam das senzalas para viverem em quilombos escondidos no meio da mata, refugiando-se dos feitores e capitães do mato. Nas noites de Lua Cheia, eles saíam para conseguir comida nos engenhos. Para voltar aos quilombos, eles inventaram uma estratégia muito curiosa. Pegavam as anáguas das sinhazinhas que ficavam penduradas em varais. As anáguas eram as saias usadas por baixo para dar volume aos vestidos, por isso eram brancas e rendadas. Os escravizados pegavam várias anáguas e colocavam uma sobre a outra, cobrindo todo o corpo, do pescoço até as pernas. E fugiam mato adentro, pulando e rodando. As pessoas que viam ficavam com tanto medo, achando que era assombração, que não iam atrás dos fugitivos. Quando os escravizados foram libertos, os negros ainda costumavam usar as vestimentas e fazer os movimentos, como uma forma de brincar com os passantes. Foi assim que surgiu o folguedo. – Texto de Marisa Szpigel.
Após a contação de história, peça para os alunos e alunas pesquisarem o que é um folguedo.
6. Proponha uma pesquisa em fontes vivas: Quando estamos na escola, podemos realizar pesquisas em livros e também na internet. Mas agora, em casa, estamos próximos de nossos familiares, e podemos envolvê-los em nossas pesquisas. Peça que os alunos contem sobre o que estão aprendendo na aula de Arte e aproveitem para fazer uma pesquisa sobre quais folguedos conhecem, quais fizeram parte de sua infância, quais mais gostavam, se usavam alguma vestimenta diferente para dançar. Sugira que as crianças convidem o entrevistado para uma dança.
7. Para finalizar, proponha um relato coletivo de experiência. Uma criança começa a escrever, e passa para outra, que pode dar continuidade ou acrescentar novas ideias ao texto, até passar por toda a turma. Em tempos de distanciamento e no retorno, sentir-se parte de um coletivo é muito importante. E construir algo em conjunto contribui para isso.
Possibilidade do plano para aula presencial:
Na escola as atividades de aquecimento e dança podem ser feitas na sala de aula, ateliê ou espaço aberto, com os alunos levando os tecidos de casa. A pesquisa com a família também pode ser endereçada como atividade de casa.
Este plano de aula foi elaborado pela consultora Marisa Szpigel, professora de Arte na Escola da Vila, em São Paulo.
Mais sobre esse tema