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Matemática: estratégias para avaliar os alunos do 1º ao 3º ano

Veja dicas para conduzir avaliações do que as crianças aprenderam em Matemática durante a quarentena e confira um exemplo prático sugerido por Luciana Tenuta

Rodas de Conversa é uma estratégia interessante para avaliar os estudantes. Ilustração: Nathalia Takeyama/Nova Escola

Como os professores dos anos iniciais do Fundamental podem se preparar para avaliar o que as crianças aprenderam neste semestre tão atípico e complicado? 

Não se sabe ainda como - nem quando - será a volta ao cotidiano escolar presencial. Ainda que a volta às aulas aconteça de forma híbrida, o primeiro passo para fazer uma boa avaliação do que foi ensinado em Matemática para turmas de 2º e 3º ano é ouvir os alunos. 

É o que aposta Luciana Tenuta, mestre em Ensino de Matemática pela Pontifícia Universidade Católica de Minas (PUC-MG), especialista do Time de Autores de NOVA ESCOLA e consultora dos conteúdos de Matemática desta Caixa. Por isso, segundo ela, as rodas de conversa são tão importantes. “É uma das coisas que norteiam o nosso trabalho de avaliação porque nos permite ouvir os alunos”, diz. 

Por meio dessa estratégia, é possível identificar o nível de desempenho do aluno e comparar essa informação com aquilo que é necessário ensinar, de acordo com a habilidade da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) que está sendo trabalhada. Esse levantamento é o que vai possibilitar traçar ações para atingir os resultados esperados e não deixar nenhum estudante para trás, segundo a especialista. 

“Essa estratégia de avaliação permite que os alunos mostrem, seja oralmente, seja resolvendo o problema proposto para a turma ou por meio de um painel de soluções, o que desenvolveram em relação àquela habilidade. Ou seja, eles terão três oportunidades de mostrar o que aprenderam”, ressalta Luciana Tenuta, referindo-se às estratégias de cálculo de adição para turmas de 2º e 3º ano. 

No caso da avaliação para turmas de 1º ano, a educadora chama atenção de que é preciso alguns cuidados, já que, nesta etapa, os pequenos ainda não trabalham com operações de adição e de multiplicação, por exemplo. “O mais adequado seria abordar situações em que o professor pudesse avaliar como é que os alunos estão compreendendo a relação entre número e quantidade. Talvez seja mais interessante fazer jogos”, recomenda.  

Matemática: dicas para avaliar do 1º ao 3º ano 

1. Antes de qualquer coisa, escute as crianças.
Para isso, você pode recorrer às rodas de conversa ou outras formas de compartilhar as falas dos alunos sobre a quarentena.
2. Compare o que foi informado por elas com as expectativas presentes na BNCC e trace estratégias para atingir os resultados esperados e não deixar ninguém para trás. 
3. Para as turmas do 2º e 3º ano, é possível aproveitar exposições orais ou escritas das estratégias de cálculo.
4. No caso do 1º ano, uma estratégia possível para avaliar como os pequenos relacionam número e quantidade é usar jogos. 

Mas como usar essas orientações na prática? NOVA ESCOLA pediu para Luciana propor uma estratégia de avaliação, a Sugestão de Atividade: Estratégias para o cálculo de adiçãopublicada na Caixa de Matemática desta Série Especial. A ideia é que o passo a passo a seguir seja um exemplo para você construir sua própria estratégia, já que, em avaliação - e em Educação, de forma geral - é preciso considerar a realidade da sua turma.


EXEMPLO DE AVALIAÇÃO EM MATEMÁTICA

Observando as estratégias de adição usadas pelas crianças


Indicado para: Turmas de 2º e 3º ano

Atividade avaliada:
Sugestão de Atividade: Estratégias para o cálculo de adição , publicada nesta Série Especial


PASSO A PASSO

1. Pergunte aos alunos sobre as estratégias que descobriram: Na atividade proposta, foi sugerido aos alunos que perguntassem para as pessoas de casa como elas fazem contas de adição e quais estratégias usam. Na volta, pergunte para a turma o que foi descoberto sobre isso com as pessoas de seu convívio. Em seguida, pergunte quem gostaria de contar o que descobriu e problematize a questão para encorajar as crianças a falarem. Se for o caso, peça que ela vá até a lousa. Neste caso, o aluno traz a situação ou o professor a propõe para incentivá-lo a compartilhar suas descobertas. Se ele consegue reproduzir uma estratégia utilizada por terceiros, significa que já está com a habilidade bem desenvolvida. 

2. Crie uma situação-problema: Peça aos alunos para que resolvam individualmente a partir de duas estratégias diferentes. Ao receber a atividade, o professor terá muitos elementos para trabalhar. 

3. Selecione algumas das estratégias dos alunos: Identifique alguns alunos que adotaram estratégias interessantes para compor um painel de soluções (saiba mais neste link). Neste painel, cada aluno vai para a lousa escrever e explicar como foi que resolveu o problema proposto anteriormente. Nesta hora, um fator importante entra em cena: a avaliação como momento de aprendizagem.

4. Divida a turma em grupos: Com um panorama de como os alunos estão desenvolvendo o conteúdo, separe a turma em grupos de acordo com o que foi observado e com o que eles precisam aprender. Nesta etapa, o intuito é pensar em ações para não deixar ninguém para trás e já traçar os próximos passos. 

Para saber mais: 

Avaliação Mediadora, de Jussara Hoffmann. Editora Mediação (2009). 
Avaliação: Da excelência à regulação das aprendizagens, de Philippe Perrenoud. Editora Artmed (1999). Sugestão de leitura:Capítulo 9 - Não mexa na minha avaliação! Uma abordagem sistêmica da mudança.
A Prática Educativa, de Antoni Zabala. Editora Artes Médicas (1998). Sugestão de leitura: Capítulo 8 - A avaliação.
Mentalidades Matemáticas, de Jo Boaler. Editora Penso (2017). Sugestão de leitura: Capítulo 8 - Avaliação para uma mentalidade de crescimento.

 

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