Avaliação: 12 pontos essenciais para mapear o que os alunos aprenderam
Conheça estratégias para acolher e avaliar as crianças do Fundamental I
A pandemia do novo coronavírus afastou professores e alunos do convívio diário. Com a perda do contato direto, um dos maiores desafios da volta às aulas será o acolhimento e também fazer um bom diagnóstico sobre o que os estudantes aprenderam durante o ensino remoto. Para isso, quatro especialistas consultados por NOVA ESCOLA apontam caminhos possíveis para fazer uma boa avaliação das turmas do Fundamental I.
O primeiro passo é o acolhimento, ainda mais no caso das crianças dos anos iniciais. É o que defende Ocimar Munhoz, professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). “É preciso tomar muito cuidado. Chegar às aulas e já se deparar com atividades avaliativas, nesse contexto, não será produtivo. O momento do retorno deve ser marcado pelo acolhimento”, ressalta.
“Contudo, ao realizar o acolhimento, os professores podem iniciar processos avaliativos, de maneira mais informal, buscando se aproximar dos estudantes e levantar, com eles, o que aprenderam durante o período de aulas e atividades exclusivamente remotas”, garante Cláudia Pimenta, especialista em Avaliação da Fundação Carlos Chagas.
Na Matemática, por exemplo, o professor pode aproveitar o registro do que está sendo trabalhado ao longo da pandemia para construir a avaliação. Essa é a dica da professora Luciana Tenuta, mestre em Ensino de Matemática pela Pontifícia Universidade Católica de Minas (PUC-MG), especialista do Time de Autores de NOVA ESCOLA e consultora convidada para a construção dos conteúdos de Matemática desta caixa.
O mesmo vale para a Língua Portuguesa, segundo Mazé Nóbrega, professora de pós-graduação no Instituto Vera Cruz e, também, consultora de Língua Portuguesa desta Caixa. Para Mazé, uma das primeiras coisas que precisam estar claras é que o professor tem onde se apoiar na hora de construir uma avaliação do estudante. Isto é, pegar todo material que foi reunido ao longo do ensino remoto e partir daí.
Os especialistas deram 12 dicas de como fazer isso na prática:
1. Acolha os alunos. É importante lembrar que a volta às aulas não será uma volta das férias. Procure ouvir as crianças sobre o tempo que elas ficaram em casa, especialmente as pequenas. É possível que os alunos tenham passado por dificuldades durante este período. Ouça-os.
2. Aproveite o processo de acolhimento para levantar com eles as dificuldades enfrentadas para aprender o essencial durante o período de aulas exclusivamente remotas.
3. Proponha uma produção inicial para diagnosticar os saberes dos alunos. Esse cuidado permite maior nitidez das necessidades deles.
4. Procure propor às crianças, desde o início, situações-problema. No caso de Língua Portuguesa, um propósito comunicativo bem definido, que explicite as condições de produção da interação social em questão. Esse desafio vai obrigá-las a refletir e exercitar papéis enunciativos diferentes, compreender e produzir textos de diferentes gêneros e lidar com diferentes suportes.
5. Realize uma avaliação diagnóstica mais formal, com o uso de diferentes atividades para se avaliar o nível de aprendizagem dos estudantes: produção de texto, exercícios, provas, apresentação de determinado tópico para a turma etc.
6. Aposte em atividades mais lúdicas e amplie o seu repertório. Em Língua Portuguesa, aproveite os desenhos, a análise de histórias em quadrinho ou fábulas. Em Matemática, é possível avaliar quando os alunos estão conversando, resolvendo problema, discutindo uma situação em grupo ou argumentando.
7. Antes de selecionar as atividades, defina os objetos de conhecimento. A avaliação não é algo que se pensa apenas no fim de um período ou de uma sequência de atividades.
8. Analise em que medida os estudantes conseguiram (ou não) alcançar o que estava previsto, com base em critérios previamente estabelecidos pelos professores e de acordo com o que foi ou está sendo definido pela escola ou rede de ensino como essencial para o currículo.
9. Forneça devolutivas sobre o que conseguiram atingir e o que ainda falta, explicitando, quando possível, estratégias planejadas para auxiliar os alunos.
10. Invista na autoavaliação. Ao refletir sobre a aprendizagem, o estudante pode identificar suas fortalezas e fragilidades e melhorar seu desempenho. É interessante também que se manifestem em relação às estratégias escolhidas pelo docente para dar continuidade aos trabalhos, inclusive, se for o caso, complementando ou sugerindo novas estratégias.
11. Decida quais estratégias utilizar para ninguém ficar para trás. Considere a discussão com os estudantes e os resultados obtidos nas atividades de avaliação diagnóstica e na autoavaliação.
12. Olhe para a nota de forma pedagógica. Algumas coisas que estavam programadas para 2020 não serão possíveis de ser atingidas e poderão ser retomadas em 2021. Nesse contexto, a nota em si perderá importância. Por isso, uma boa dica é descrever o porquê daquela nota. Isso ajudará o professor do ano seguinte a entender melhor o aluno.
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