“Estão me ouvindo?”: como saber se os alunos estão participando
Grupos menores, relatos orais e plataformas adequadas podem ajudar o professor a não se sentir sozinho
Acompanhar o desenvolvimento do aluno, em todos os processos, se tornou uma missão quase impossível. Dentro da casa de cada um, a escola ganha novos contornos, muitas distrações e rotas de fuga. Tem sido comum não saber onde estão os alunos e se eles estão aprendendo ou não. Algumas estratégias simples podem ajudar a melhorar a comunicação e presença.
Divida a turma em pequenos grupos de, no máximo, dez alunos. Se essa não for a realidade da escola, fazer a divisão ao menos no começo do semestre pode ser útil. Aos poucos, à medida que os alunos ganham intimidade com as plataformas tecnológicas e com novas metodologias, a turma pode voltar a funcionar em plena forma.
Aposte nos dados. O diretor pedagógico da Foreducation EdTech, Marcelo de Freitas Lopes, explica que muitas plataformas, como a Google For Education, geram relatórios quantitativos da participação, baseados nas aulas que que o aluno entrou e atividades que acessou e realizou, e que saber escolher entre as plataformas disponíveis é uma das novas tarefas das escolas. “Os primeiros meses dessa educação pandêmica foi de ensino emergencial. Agora, precisamos ir para o ensino intencional. Tudo isso é muito diferente do EAD convencional, porque não são plataformas pensadas para todo o programa daquela turma”, comenta Lopes. Ele afirma que para entender o desempenho qualitativo dos alunos é preciso analisar caso a caso, e mudar estratégias quando necessário. “O mais importante, nesse momento, é frear a evasão”, assegura.
Busque traçar um acompanhamento individual. Grupos menores favorecem a interação, além de permitir um acompanhamento e suporte de maior qualidade pelo professor. E se às vezes, mesmo com todo tipo de proposta, o aluno não entrar na aula?
“Aí não tem jeito, tem que fazer um acompanhamento individual, entender o que está acontecendo. Temos o caso de um aluno que só apareceu no meio do programa, depois de muita conversa individual, e ele foi vestindo uma máscara (risos). No meio da aula ele tirou a máscara e participou bastante. Foi ótimo. Tem que respeitar o tempo deles”, responde a coordenadora pedagógica da Escola Nossa Senhora das Graças, Ana Paula Dias Torres.
Peça relatos orais nas atividades. Com os alunos em casa, não há garantias de que são eles próprios que estão fazendo as atividades. Para não ter vacilo, uma boa alternativa é pedir relatos orais sobre como foi fazer o exercício. Assim, eles podem refletir sobre a proposta, fazem autoavaliação – importante habilidade, e fica claro para o professor onde a aprendizagem não aconteceu da melhor forma. Esses relatos podem ser tanto ao vivo, como em gravações de áudio e vídeo.
Conte com as metodologias ativas. Para Torres, as metodologias ativas, como sala de aula invertida e aprendizado baseado em problemas, vieram para ficar, e o que está posto para o futuro é o ensino híbrido. Chamada e provas, por exemplo, devem ser reavaliadas, e se possível, jogadas fora. Mas a chave para superar entraves nesse momento é personalizar ao máximo o ensino. Em um momento tão complexo, os alunos ainda estão desenvolvendo os recursos que irão usar para os dilemas que apareceram do dia para a noite. É preciso ouvi-los.
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