Foi bom ou Pode melhorar

Os aprendizados - entre erros e acertos - dos educadores de Tietê

Professora, diretora e supervisora avaliam o processo da prática a partir do que funcionou e não funcionou, e traçam o caminho para os próximos passos

Ao longo do processo, a tecnologia foi identificada como uma aliada e os professores abriram-se para o novo. Na foto, as educadoras da rede municipal de Tietê, Ana Cristina Bueno e Priscila Almeida. Foto: Mariana Pekin/Nova Escola


O fechamento das escolas causado pela pandemia de covid-19 avançou na vida da comunidade escolar feito tempestade. Diante da complexidade de questões a serem destrinchadas, o bom e velho planejamento ainda é um aliado vital para garantir o ensino, mesmo nos momentos mais delicados. Porém, mais do que a vontade de traçar estratégias, é preciso ter segurança na base teórica que servirá como farol, é o que afirma o especialista em Educação, o professor Celso Antunes. Avaliar o que foi feito também é parte indispensável do processo.

A professora da EMEB Professor Milton Soares de Camargo Vera Renata Vire Saconi; a professora e diretora interina da EMEB Professora Lyria de Toledo Pasquali, Priscila Mello Almeida; e a supervisora de ensino Ana Cristina Salvetti Alencar Bueno, do município de Tietê, no interior de São Paulo, discutem aqui os aprendizados a partir da prática: garantir as aulas para os alunos ao mesmo tempo que capacitam os professores para o ensino emergencial. No que diz respeito aos próximos passos, o trio é unânime: é preciso fortalecer os conceitos da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) com toda a rede.  

FOI BOM 

Trabalho coletivo

A potência do trabalho em parceria dos educadores ficou evidente no trabalho em Tietê (SP). Muitos professores que são engajados acabam desanimando por acharem que estão sozinhos, então esta é uma conclusão importante para as educadoras. 

Abertura ao novo e apropriação da tecnologia pelos professores 

A tecnologia aplicada à Educação, a princípio, pode parecer confusa ou assustadora. Afinal, é difícil mudar o jeito que trabalhamos. No entanto, os educadores de Tietê (SP) perceberam, mesmo neste cenário tão desafiador do ensino emergencial, que a tecnologia pode ser uma ferramenta, que potencializa o trabalho e aproxima da realidade dos alunos. “Vários professores disseram que não importa o que aconteça, eles vão continuar usando a tecnologia com os alunos”, comenta Priscila. Ana Cristina  também observa que houve grande evolução na apropriação dos professores “O ganho foi enorme, pois aliamos a tecnologia à prática pedagógica.”  

Diversidade de recursos

Muitas vezes, no contexto da sala de aula tradicional, é confortável trabalhar só com base no livro didático. Ao longo do ensino emergencial, porém, as professoras ouvidas pela reportagem perceberam que há mais possibilidades. “O texto não é só papel. Imagens são lidas, áudio pode ser oralização da escrita. O trabalho remoto nos deu a possibilidade de usar recursos mais instigantes”, aponta Vera.  

PODE MELHORAR

Metodologias 

De forma geral, os professores ainda se sentem muito presos à práticas conteudistas, mais distantes das demandas atuais dos alunos. 

Nas próximas vezes…
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) já alerta para essas questões. É interessante que as educadoras tenham oportunidades para compreendê-la ainda mais para que seja aplicada na sala de aula. “Promover com maior atenção a discussão sobre a necessidade de trabalhar metodologias ativas a partir da BNCC”, afirma Priscila. 

Conteúdo insuficiente 

Como tudo aconteceu muito rápido, nas primeiras semanas de ensino remoto emergencial, as professoras avaliaram que os planos de aula estavam muito presos ao livro didático - o que é compreensível diante do cenário inédito. “Tínhamos de lidar com uma complexidade enorme de questões, e fizemos o que foi possível naquele momento”, relata Priscilla. 

Nas próximas vezes...

O tempo revelou, porém, que muito foi realizado pela equipe de educadores. Para dar um passo além, a sensibilização e reflexão das práticas pedagógicas à luz da BNCC, por exemplo, pode ser um caminho. “Acreditamos que permitir repensar as práticas atuais poderá abrir os caminhos para efetivarmos o trabalho com a Base”, comenta Ana Cristina.

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