Reunião de pais: como conversar com as famílias no fim de ano e definir objetivos para 2021
Por impresso ou em conversas ao vivo, destaque os avanços dos alunos em 2020 e estabeleça combinados com os responsáveis para o próximo ano
Corresponsabilidade. Essa palavra carrega um sentido essencial quando utilizada para se referir à aprendizagem de crianças e adolescentes, pois pressupõe o entendimento de que a participação de todos da comunidade escolar é importante para o desenvolvimento integral dos alunos.
Nesse ano difícil, em que as escolas foram fechadas e as aulas virtuais se deslocaram para o ambiente doméstico, a palavra ganhou ainda mais relevância. Só foi possível assegurar um efetivo processo educativo para aqueles que conseguiram dividir a responsabilidade.
Isso pôde ser visto, na prática, na relação escola-família. “A família nunca precisou tanto de orientações da escola sobre o que fazer para dar algum suporte para a aprendizagem de seus filhos. E a escola, por sua vez, nunca precisou tanto de um diálogo de qualidade com a família para garantir a aprendizagem de seus alunos”, reflete Rodrigo Fonseca, professor de Matemática nos ensinos Fundamental, Médio e Superior e consultor pedagógico em instituições de ensino, com atenção especial às dimensões curriculares de metodologia, planejamento e avaliação do trabalho docente.
No Ensino Fundamental 1, os responsáveis assumiram papel importante para mediar o aprendizado, principalmente com as crianças dos anos iniciais, que têm menos autonomia para lidar com recursos tecnológicos necessários para viabilizar o ensino remoto. “A pandemia mostrou o quão fundamental é existir um canal de comunicação de qualidade com as famílias”, completa Rodrigo.
Em maior ou menor grau, a depender, principalmente, das condições de acesso a meios de comunicação, essa parceria ocorreu. E, agora, é hora de gestores e professores incluírem no fechamento do ano a previsão de uma devolutiva para as famílias, com informações sobre o que foi desenvolvido ao longo do ano e também das perspectivas para o próximo. A seguir, veja o que considerar para dar uma devolutiva final a alunos e responsáveis e planejar esse retorno.
A possibilidade de conversas ao vivo
Neste momento de fechamento, o ideal é dialogar com calma com as famílias. Afinal, é hora de realizar um balanço do que foi possível desenvolver em 2020 e discutir as expectativas para o próximo ano. Para isso, agende conversas ao vivo, ainda que virtuais, coletivas ou individuais. Caso não seja possível, prepare a devolutiva escrita, que pode ser impressa ou colocada em plataformas digitais.
A inclusão de narrativa pessoal
O professor pode colocar na conversa o relato pessoal de como vivenciou o período de ensino remoto, contando as aflições, os desafios e as estratégias utilizadas. Se possível, apresente imagens de algumas das atividades trabalhadas. Essa narrativa contextualizada vai imprimindo significado às ações desenvolvidas. E abre espaço para as famílias fazerem o mesmo.
O destaque dos avanços
No balanço do trabalho, pontue os avanços para que todos percebam que, apesar das condições adversas, o ano não foi perdido. Também cuide da linguagem ao comentar sobre expectativas de aprendizagem e habilidades desenvolvidas. Não use termos muito específicos das áreas de conhecimento. Uma opção é exemplificar, pois os responsáveis acompanharam as aulas e as atividades e podem lembrar e associar mais facilmente com o que você está querendo enfatizar.
A criação de momentos de escuta
É essencial propiciar espaço para que alunos e responsáveis também comentem como foi a experiência de ensino ao longo do distanciamento físico. Eles precisam se sentir seguros para comentar o que viveram, quais foram as dificuldades, o que sentiram falta da escola e o que gostaram no trabalho feito por ela. Além de reforçar vínculos, as colocações podem ser consideradas para o planejamento de 2021.
A participação dos gestores
A conversa com as famílias não deve ficar restrita aos professores. São os gestores que podem oferecer o panorama geral do que a escola fez durante a pandemia e também contextualizar informações e sugestões vindas dos responsáveis, pontuando o que pode ou não ser feito para melhorar o trabalho da instituição. Para isso, a escuta ativa por parte de diretores e coordenadores é fundamental. “O diálogo e a escuta qualificam a avaliação da complexidade vivenciada pelo coletivo da escola”, diz Rodrigo.
Tranquilizando os pais
Um ponto que certamente surgirá nas conversas com as famílias são as perspectivas para 2021. Tranquilize-os, deixando claro de que todos – professores, gestores e dirigentes da educação – estão cientes de que o próximo ano vai “carregar” muito de 2020. Ou seja, será necessário ter um olhar atento para o que não foi possível fazer este ano e que precisa ser realizado em 2021.
Comente que isso estará no planejamento. Se as perguntas forem em relação a pontos ainda indefinidos, como a continuidade do ensino remoto, a sinceridade é a melhor opção. Sinalize que eles serão informados conforme as definições forem feitas.
Combinados para 2021
As trocas de experiências entre famílias, professores e gestores sobre o que ocorreu este ano podem também gerar combinados para o próximo. Principalmente se supusermos que, em 2021, grande parte das escolas pode iniciar o ano letivo ainda com aulas remotas, ou no sistema de ensino híbrido. Lembrando sempre que o foco é a aprendizagem dos alunos, vale escutar sugestões e refletir sobre as que fazem sentido e são possíveis de serem realizadas. E, com base nisso, estabelecer compromissos. Cuide para ter o registro desses combinados, com descrição de metas e desafios.
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