Na sala ou em casa: como avaliar em um contexto que combina atividades remotas e presenciais
Continuar e até intensificar o uso de recursos digitais é boa estratégia na hora de acompanhar tanto os alunos que voltaram a frequentar a escola como aqueles que seguem no remoto. Atividades colaborativas e um quiz ou formulário a serem preenchidos por toda a turma podem ajudar
Para avaliar as aprendizagens dos alunos do Ensino Fundamental 1 ao longo da pandemia, é importantíssimo que o professor tenha clareza de quais são as habilidades que está avaliando. Isto é, o que o aluno deve ser capaz de fazer ao resolver uma questão avaliativa. Para isso, uma boa dica é amparar-se na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), independentemente do contexto da aula.
É o que afirma Luciana Santos, especialista em Avaliação por Competências e Habilidades, Learning Analytics e Sistemas Personalizados de Aprendizagem. Ela ressalta que a BNCC apresenta com muita assertividade as habilidades previstas para cada ano, além de comentários e sugestões que podem ser facilmente adaptadas e implementadas ao processo avaliativo.
Mas, considerando que algumas escolas já estão atuando tanto no ensino remoto quanto no presencial, o que deve ser levado em conta pelo professor na hora de avaliar nesses dois contextos? Para Luciana, em momentos síncronos, é preciso potencializar o uso de recursos tecnológicos no processo de avaliação. Um exemplo é diversificar modelos usando imagens, vídeos, podcasts que podem ser incorporados em ferramentas como o Formulários Google, por exemplo.
Já em momentos assíncronos, o professor pode trabalhar em atividades colaborativas, em que os alunos precisam construir coletivamente determinado produto ou projeto ou desenvolver pesquisas ou estudos de caso, que serão apresentadas pelos alunos em momentos síncronos.
Renata Capovilla, formadora de professores, gestora de projetos na Foreducation Edtech e membro do Time de Autores de NOVA ESCOLA, diz que é importante, na hora de avaliar dentro desse contexto híbrido, o professor ter clareza de quais habilidades foram desenvolvidas, e, a partir delas, pensar em estratégias para coletar evidências das aprendizagens que precisa. “É literalmente pensar do final para o começo. Primeiro eu sei, como professor, meus objetivos e depois desenvolvo as formas de entender se não há lacunas no aprendizado”, ressalta.
Quiz e formulários para quem está em casa ou na escola
As estratégias podem ser feitas de diversas formas. Que tal pensar em um quiz que possa ser feito, tanto com os alunos que estejam no presencial quanto com os que estejam no remoto?
É possível, ainda, criar um formulário, desde que o professor reflita se as perguntas que está fazendo são "bem pensadas", ou seja, se os alunos refletirão para responder. É importante não fazer perguntas que eles possam responder com uma simples pesquisa no Google e encontrar a resposta.
Avaliações na sala e no Google Meet
A professora Kelly Cristiane da Silva Verdan, de Vinhedo (SP), está vivendo esse momento na E.M. Dra. Nilza Maria Carbonari Ferragut. Há cerca de um mês Kelly tem atuado tanto no remoto quanto no presencial, de modo que parte de sua turma de 2º ano está na escola e a outra em casa, acompanhando as aulas pelo Google Meet.
Mesmo com diversos entraves, ela tem conseguido avaliar no dia a dia boa parte das crianças por meio da ferramenta, pela qual interage com os alunos e realiza atividades avaliativas para identificar o nível de alfabetização de cada um. No entanto, garante que as avaliações feitas no presencial são mais completas.
“No ensino remoto ainda há muita dificuldade, principalmente, porque dependemos da família, do controle que fazem, do acesso aos alunos”, pontua. Por isso, a professora Kelly garante que para avaliar a distância é preciso, sobretudo, dialogar com as famílias e deixar claros os objetivos da avaliação. “É preciso explicar para os pais e responsáveis sobre a importância de entender o que a criança já sabe. Esses momentos de avaliação são para ajudá-la a evoluir.”
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