Para usar com seus alunos

Sugestão de atividade: construa problemas a partir de dados reais

Veja aqui todos os materiais e etapas necessários para aplicar esse projeto em sua sala de aula

A professora Jussara Schmitz e seus alunos visitam uma oficina de costura em Gaspar (SC) para o projeto Costurando a Matemática
Foto: Luiz Kriewall/Nova Escola

Planejamento antes e diálogo depois: a professora Jussara Schmitz aponta esses dois ingredientes como os principais para colocar seu projeto Costurando a Matemática em prática.

A professora usou de muito diálogo com os alunos antes e depois das visitas às oficinas de costura e planejou muito bem cada saída da escola com a turma, inclusive indo conversar antes com a oficina a ser visitada.

Como toda profissão usa a Matemática, a ideia de Jussara pode ser replicada de várias formas. Aqui, vamos explicar como fazer esse projeto caso você use a profissão da costureira como exemplo.

Para saber todos os detalhes desse projeto vencedor do Prêmio Educador Nota 10 deste ano, confira o passo a passo abaixo.

Indicado para: alunos do 4º ano
Materiais: cadernos de capa dura ou pranchetas (para anotações durante as visitas), lápis, caneta, papel, fita métrica, restos de materiais de oficinas de costura, como cones de linhas, o friso (restos de malhas em tiras, geralmente usados para fazer acabamentos como golas), retalhos, restos de tecidos, botões, moldes usados pelas costureiras, tesoura, cola, linhas agulhas.
Espaço: além de organizar as visitas em locais perto da escola, também era preciso voltar para a sala de aula, onde os alunos desenvolviam as questões matemáticas e também confeccionavam as bonecas, divididos em grupos de cinco ou seis crianças.
Duração: 5 a 6 meses

PASSO A PASSO 

1. Questionário e análise dos dados coletados: comece o projeto enviando um questionário para a família (pais ou responsáveis) da criança. Você pode baixar um PDF com as perguntas usadas pela professora.

BAIXE O PDF

“Eu enviei em uma quinta-feira e peço para eles responderem no fim de semana e devolverem na segunda-feira. É uma tarefa para a família, o adulto tem de responder com a letra dele”, explica a professora.

Com as respostas em mãos, faça uma leitura dos questionários juntamente com os alunos, já fazendo a contagem de quais sejam as profissões mais comuns entre os familiares deles. No caso desse projeto, o mais comum foi o trabalho em oficinas de costura.

Alunos da professora Jussara Schmitz discutem o projeto Costurando Matemática em sala de aula
Arquivo Pessoal/Jussara Schmitz

2. Conversa e proposta de saída: converse com os alunos para saber se eles acham que é importante conhecer o local de trabalho da profissão mais comum entre os familiares das crianças e já faça uma proposta de visita a alguns desses locais de trabalho. Anote as sugestões, mas tenha em mente que as crianças vão ficar muito empolgadas e terão “ideias mirabolantes”. Não dispense essas ideias logo de cara, mas explique e mostre que a turma não poderá visitar todos os lugares sugeridos, será preciso priorizar os que estão mais próximos da escola. E sempre priorize o local que tenha uma ligação direta com a criança. No caso de Jussara, ela visitou locais onde os pais das crianças trabalhavam (geralmente uma oficina na própria casa da criança) ou onde a avó, que criava o aluno, trabalhava. Nesse momento as crianças também já vão elaborar, com a ajuda do professor, as perguntas que serão feitas para a pessoa que será entrevistada.

Este também é o momento de enviar uma carta aos pais das crianças avisando que a turma vai sair da escola, indicando a razão da saída, o dia e o horário.

Alunos de Jussara Schmitz visitam uma oficina de costura em Gaspar (SC) dentro do projeto Costurando a Matemática
Foto: Luiz Kriewall/Nova Escola

3. Planejamento e... rua: nesta etapa os locais das visitas já estão definidos. O professor deve ir até esses locais antes e combinar as visitas com o profissional que será entrevistado.

“Contei [para as costureiras] qual era o meu objetivo, falei que queria abordar uma Matemática que está no trabalho delas, que eu queria mostrar isso para os alunos e fazer uma relação com o que eu preciso ensinar a eles”, explica Jussara.

No dia da saída, você vai precisar de outro funcionário da escola para ajudar a organizar os alunos. E fazer os combinados com os alunos.

“Sempre cobro que eles estejam uniformizados, que é uma forma de identificação. Explico que temos de dar toda a atenção ao entrevistado, que é a figura principal da nossa atividade, para eles valorizarem aquela pessoa. Nos organizamos em fila e caminhamos calmamente”, conta a professora.

Ao todo, Jussara e as crianças visitaram cinco oficinas com espaço de 15 dias entre uma e outra visita. 

4. De volta à sala de aula: com os dados coletados nas visitas, os alunos são divididos em grupos de cinco ou seis e juntam todas as informações que coletaram durante as entrevistas.

Este é o momento de retomar a pergunta feita às costureiras (ou ao profissional que você vai visitar), ver o que as crianças anotaram, checar suas próprias anotações feitas durante a visita e, a partir destes dados coletados (horas trabalhadas, o valor de cada peça fabricada, quantidade de peças fabricadas por dia etc.), elaborar problemas para as crianças resolverem em sala de aula.

Ilustração com as medidas da boneca Abayomi
Ilustração: Nova Escola

4. Confecção de bonecas: durante as visitas, Jussara e as crianças recolheram os materiais descartados, restos de pano, retalhos, moldes, cones onde as linhas estavam enroladas. Com esses materiais, a professora e as crianças confeccionaram em sala de aula as bonequinhas Abayomi, símbolo de resistência, cujo nome significa “encontro precioso”. As bonecas foram doadas para crianças menores e, a partir da confecção, a professora também elaborou um problema matemático. Caso você visite outros profissionais, preste atenção nos materiais descartados por eles e veja quais as possibilidades de reaproveitamento.

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