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Um breve glossário matemático comentado da pandemia

Subnotificação, achatar a curva, crescimento exponencial: entenda esses e outros conceitos matemáticos

Aprofunde-se nos termos utilizados na mídia. Ilustração: Micro One/Deposit Photos/Caronte Design

A pandemia de covid-19 traz à tona diversos conceitos matemáticos úteis para quem quer compreender o atual momento da crise de saúde que vivemos. Pensando nisso, conversamos com especialistas para te ajudarmos a explicar aos alunos alguns termos comuns em reportagens e na divulgação de dados oficiais. Confira:

“Achatar a curva”: É a tentativa de diminuir a propagação do novo coronavírus e limitar o crescimento de casos em um curto espaço de tempo. O objetivo é que um gráfico com a evolução dos casos da doença não atinja o pico logo no início do contágio. Segundo o cientista de dados Maurício Féo, as medidas de isolamento social adotadas pelos governos estaduais no Brasil foram “um fator muito relevante para achatamento da curva”. Assista ao vídeo abaixo:

Crescimento exponencial: O estudo das funções exponencial e logarítimica é uma das habilidades previstas na BNCC de Matemática do Ensino Médio, mas é possível apresentar o tema de forma didática aos alunos do Anos Finais do Ensino Fundamental. O crescimento exponencial é aquele que num intervalo de tempo sofre a multiplicação por uma constante que se acentua rapidamente.

Maurício Féo gravou um vídeo para explicar esse tipo de crescimento que tem ocorrido na pandemia. Ele faz uma analogia com a multiplicação de vitórias-régias em um lago. Uma primeira vitória-régia origina uma segunda. Dessas duas, quatro novas plantas aquáticas surgem. Dessas quatro, oito novas aparecem. O número sobe então de 4 para 8, de 8 para 16, de 16 para 32, e assim por diante. Entenda no vídeo abaixo:



Escala linear: É a escala mais comum nos gráficos de coronavírus divulgados pela mídia. Nesse tipo de gráfico, a distância entre as marcas na escala equivale ao mesmo valor absoluto. Por exemplo: um gráfico que tem como marcas no eixo Y os números 10, 20, 30, 40, 50 e assim por diante. O professor de Matemática Cicero Inacio dos Santos explica que esse tipo de gráfico pode dar a impressão de que o vírus continua a se multiplicar da mesma forma mesmo quando há uma desaceleração do contágio.

Escala logarítimica: Nesse tipo de gráfico, a distância entre as marcas na escala equivale à mesma proporção. Por exemplo: um gráfico que tem como marcas no eixo Y os números 10, 100, 1000, 10.000 e assim por diante. “A vantagem da escala logarítmica é que a própria escala cresce exponencialmente”, explica Maurício Féo. “Um crescimento exponencial nesta escala é representado por uma reta. E quando há mudança de tendência, ou seja, ainda há crescimento exponencial, mas com um fator de crescimento menor, você visualiza claramente a reta ficando menos íngreme.”

Subnotificação: A subnotificação ocorre quando há casos de coronavírus que não estão sendo registrados no sistema, ou porque há poucos testes, ou porque muitos não buscam o sistema de saúde quando estão assintomáticos ou apresentam sintomas leves. Não é um problema restrito à covid-19, lembra a bióloga Pilar Veras. “Doença de Chagas, por exemplo, também é muito subnotificado no Brasil”. Embora não seja um conceito matemático, é um fenômeno que dificulta a confiança em indicadores como a taxa de letalidade (veja a seguir).

Taxa de letalidade: É a razão entre o número de óbitos por covid-19 e o número de casos confirmados da doença. É um índice que depende muito da forma como o país monitora casos leves ou assintomáticos. Como no Brasil a determinação inicial foi focar apenas em casos graves, com internação hospitalar, estudos apontam que o número de confirmados é bastante superior ao registrado pelo Ministério da Saúde. “Atualmente, os casos graves são o enfoque da política de testes. Por isso, a atual taxa de letalidade não condiz com a realidade. Devemos ver uma queda desse taxa com o aumento da testagem, que deve ocorrer a partir de junho”, explica Pilar. Em 20 de maio, o Brasil apresentava uma taxa de letalidade de 6,6%.

Taxa de mortalidade: É a razão entre o número de óbitos por covid-19 e a população de um determinado município, estado ou país. Ao contrário da letalidade, é um indicador mais confiável, pois a população é um dado conhecido. “O bom de trabalhar com a taxa de mortalidade, e não letalidade, é que o denominador da fração – a população  –  quase não muda”, explica o jornalista de dados Marcelo Soares. Geralmente, a taxa de mortalidade é apresentada não como uma porcentagem, como ocorre no caso da letalidade, mas como uma razão entre os óbitos por 100 mil ou 1 milhão de habitantes. Em 20 de maio, o Brasil tinha uma taxa de mortalidade de 8,6 mortes para cada 100 mil habitantes, segundo o Ministério da Saúde.

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