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WhatsApp: modos de usar

Confira 8 dicas para fazer um bom uso do aplicativo de mensagens com os alunos e a comunidade escolar

A professora Silvia Puertas, de Educação Física, contabiliza 300 contatos de alunos e gerencia 7 grupos. Crédito: Fábio Setti

Há várias formas de usar o WhatsApp para que o aplicativo seja, também, um ambiente virtual de aprendizagem. E para que isso ocorra de forma saudável, é preciso tomar algumas precauções, segundo Cristiano Gomes Lopes, autor de Aprendizagem Histórica na Palma da Mão: Os grupos do Whatsapp como extensão da sala de aula. Em sua obra, resultado de uma pesquisa que começou durante o mestrado em Ensino de História, ele destaca os benefícios da ferramenta, mas também alerta sobre os cuidados necessários.

COM OS ALUNOS
Não é conversa fiada, é lição de casa!
Se o professor está mesmo disposto a trabalhar conteúdos por meio de grupos de WhatsApp, o primeiro passo é que a direção da escola autorize. Em seguida, a dica é fazer uma reunião com pais e responsáveis para explicar o uso pedagógico desse recurso para que não haja mal-entendidos.

Bom dia, boa tarde e boa noite: para quem?
Professores e alunos devem firmar o compromisso de cumprir as regras do que pode e do que não pode fazer ao usar o WhatsApp, especialmente em grupo. O mais interessante nesse momento de orientação é deixar que os alunos participem ativamente. Uma dica é perguntar o que eles acham válido ou não, como por exemplo: quem acha legal compartilhar propagandas ou correntes no grupo? Ou então, mensagens de ‘bom dia, boa tarde e boa noite?’ “A gente já sabe o que é bom e o que é ruim, mas é interessante que façam parte desse pacto para que eles próprios ajudem a construir as regras. A construção deve ser coletiva até mais para que o aluno seja o protagonista desse processo”, reforça o especialista.

Não pode ser uma central de dúvidas
Os alunos podem compartilhar suas dúvidas a qualquer hora, mas isso não deve significar que o docente estará disponível a qualquer momento; afinal de contas, isso pode se tornar atividade extra sem remuneração. Por isso, o ideal é conversar com os alunos e estabelecer os horários e os dias que esse canal de comunicação entre eles deverá funcionar.

Ih, será que isso é adequado para essa turma?
É preciso estar atento ao tipo de conteúdo compartilhado com cada faixa etária. Há o consenso de que turmas de 8º e 9º ano são mais maduras em relação ao uso de ferramentas como o WhatsApp, mas, ainda assim, o professor deve filtrar o que for enviar nos grupos. Já com 6º e 7º ano é preciso ter mais cautela. A mediação do professor sobre cada tema colocado no grupo faz toda a diferença para alcançar o resultado esperado.

Não podem faltar filtro e monitoramento
Além do mais, segundo Cristiano Lopes, a falta de filtro no que os estudantes pesquisam pode abrir uma brecha para que eles compartilhem visões sem o amparo científico correto. Por exemplo: se o assunto é a Segunda Guerra Mundial e alguém diz que não houve Holocausto. “Se algo desse tipo acontecer, o professor deve estar preparado para argumentar e provar, pela Ciência ou pela História, que não é uma verdade científica”, alerta Lopes. O monitoramento também é necessário para que não haja ofensas ou bullying entre os alunos. Caso isso ocorra, o professor deve tomar as devidas providências.

Mais um grupo?
Com o celular na mão e tantas notificações ao mesmo tempo, fica fácil perder o foco, não é mesmo? Ainda mais em grupos. Por causa disso, se os alunos se dispersarem ou se perderem com tanta informação, uma opção é criar grupos com início e fim. Por exemplo, antes de provas e avaliações, o professor pode fazer um grupo apenas para tirar dúvidas em relação àquele momento específico e, depois disso, deletá-lo. Outro ponto é o compartilhamento de conteúdos relacionados à disciplina, mas fora de contexto. Para isso, a dica é sugerir a criação de um grupo da turma, onde eles possam discutir sobre assuntos diversos sem atrapalhar o andamento do grupo principal.

COM AS FAMÍLIAS E A COMUNIDADE ESCOLAR
Dá para economizar papel? Então, pronto!
Na EE Santa Olímpia, em São Bernardo do Campo (SP), a gestão percebeu que o uso do WhatsApp estava ajudando na economia de papel. Em vez das folhas impressas, a direção usa o Google Formulários para colher informações e opiniões dos professores e, em alguns casos, de pais e responsáveis de alunos, enviando o link por meio dos grupos.

As regras são as mesmas para os adultos
Embora a comunicação entre os adultos seja diferente, as regras são as mesmas: saber se o que está compartilhando está dentro do contexto e respeita a finalidade do grupo, seja ele da escola, seja de familiares de alunos. A professora de Arte Silvia Regina de Abreu Lopes, da EE Oscar Thompson, acredita que cada um deve saber qual o limite. “Eu sou professora, brinco, mas nunca extrapolo, não faço piadas que possam dar interpretação maliciosa. Nunca tivemos problemas com isso, por isso é importante conversar e deixar tudo bastante claro sobre a intenção do grupo”, comenta.

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