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Um exemplo de Aprendizagem Baseada em Projetos

Confira todas as etapas de uma proposta realizada com uma turma de 9º ano

Garota estudando com conteúdos online. Ilustração: Estúdio Kiwi/NOVA ESCOLA

O caminho indicado pela metodologia de Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP) – investigação, trabalho coletivo e elaboração de um produto final – pode ser aplicado em todas as áreas de conhecimento. Confira como a professora Lilian Ianishi, da EMEF Desembargador Amorim Lima, em São Paulo, desenvolveu com a turma do 9º ano o roteiro preparado pela equipe docente da escola. O tema central é a Primeira Guerra Mundial. 

Defina o tema e os grupos

Toda proposta de ABP começa pela eleição da temática que será trabalhada. Na EMEF Desembargador Amorim Lima, os docentes elegem os tópicos e elaboram os roteiros coletivamente durante o planejamento. No início do ano, os estudantes recebem as opções de roteiros de pesquisa a serem trabalhados obrigatoriamente ao longo do período letivo. A ordem na qual vão realizar o percurso fica a critério dos alunos, que se organizam em grupos de cinco integrantes, em média. Os roteiros são interdisciplinares e seu desenvolvimento é mediado por um professor tutor. Neste exemplo, o tema é a Primeira Guerra Mundial. 

Esclareça os objetivos de aprendizagem

Os alunos necessitam entender claramente quais são os objetivos de aprendizagem da proposta a ser desenvolvida. O roteiro da turma da professora Lilian aponta um objetivo geral: estudar os impactos profundos gerados pela Primeira Guerra Mundial e a eclosão e o desenvolvimento da revolução socialista na Rússia. “Para introduzir o assunto, colocamos uma tirinha do Calvin & Haroldo falando de guerra e paz. Isso permite que os estudantes se apropriem do tema e se posicionem sobre o que sabem, provocando uma reflexão inicial”, explica a professora. O roteiro é, então, desdobrado em nove objetivos específicos, cada um abordando um aspecto da questão central. Exemplos: Entender as causas que levaram à eclosão da Primeira Guerra Mundial e Estudar a relação da arte com política e revolução. Todos os objetivos precisam ser trabalhados pelos estudantes. 

Proponha investigação coletiva

Com os grupos formados, inicia-se a fase de investigação coletiva. Nas aulas presenciais, os alunos podiam se reunir para discutir o projeto e pedir auxílio para qualquer educador, não apenas o tutor. Com o distanciamento, a interlocução, por enquanto, tem sido restrita ao professor-tutor. O debate ocorre virtualmente entre os integrantes de um mesmo grupo e também com o restante da turma. “Ainda estamos testando o debate entre grupos maiores e menores. A proposta é que cada um apresente suas hipóteses e achados e vá questionando e complementando com as contribuições dos colegas”, diz Lilian. As fontes de pesquisa são o livro didático e outros materiais de consulta indicados pelo docente. 

Realize debates com a turma 

Os avanços em relação a cada objetivo do roteiro são acompanhados e analisados pelo professor-tutor por meio de conversas com os grupos. Essa mentoria permite identificar se é preciso ajudar o grupo ou um estudante a desenvolver ou aprofundar algum ponto específico. 

Peça fichamentos individuais 

A investigação dos grupos serve de base para a elaboração de um fichamento individual. Nesse documento, o aluno diz o que aprendeu no desenvolvimento de cada objetivo do roteiro. “Esse não é um instrumento da escola, mas uma etapa que eu gosto de aplicar. Fica a critério de cada professor-tutor”, observa Lilian.

Solicite a elaboração de um portfólio

Ao terminar o roteiro, os estudantes fazem um portfólio individual destacando o que acharam importante e o que aprenderam. Nesta elaboração, as opções de linguagens vão além do texto e podem incluir animação, histórias em quadrinhos, mapas mentais etc. Como forma de socializar esses conteúdos são organizados seminários, nos quais todos os grupos apresentam suas produções. “Geralmente, são dois por ano, um em cada semestre”, conta Lilian.

Faça mais de um tipo de avaliação

No final do projeto, os alunos recebem uma ficha de finalização, com questões elaboradas pela professora para verificar o aprendizado da turma. As respostas são individuais. Este não é, porém, o único instrumento de avaliação. Ao longo de todo o processo são realizadas observações e análises do percurso dos estudantes. “Ao final de cada semestre, o professor-tutor faz um relatório bem completo sobre cada aluno, no qual aponta também a qualidade com que ele desenvolve os roteiros”, explica Lilian. Neste documento, são indicados os pontos fortes e as dificuldades. 

Incentive desdobramentos

A depender do tema e dos resultados alcançados, é possível propor desdobramentos. “Um roteiro sobre água feito com o 6º ano, por exemplo, levou à criação de um projeto, em parceria com a ONG Engenheiros Sem Fronteiras, para a construção de uma cisterna na escola”, conta Lilian.

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