Fanfics: Mergulho em um mar de imaginações

Quando você pede para a turma escrever um texto, já notou que muitos alunos respondem à proposta com desânimo, por mais que você ache a pauta interessante? O mesmo acontecia com Raquel Zandonadi, professora de Língua Portuguesa da EM Sebastião Tavares de Oliveira, Praia Grande (SP). No entanto, tudo mudou quando Raquel descobriu que vários alunos escreviam, e muito, fora da escola. “Eles eram autores de fanfics”, conta.

As fanfics, termo criado a partir do inglês fanfiction, são ficções inventadas por e para fãs de determinado universo cultural. As possibilidades são imensas, do tamanho da criatividade de quem as produz. Podem partir de livros, séries, filmes, jogos, celebridades, e dar origem a romances, contos, HQs, músicas, ilustrações e poemas. Também existem vários subgêneros de produção, como a autoinserção, em que o autor se coloca como personagem da história, do cânon, que tenta ser fiel à originalidade do texto, crossover, que mistura personagens de universos diferentes, shipper, onde relações românticas entre um casal são estabelecidas, e universo alternativo, quando um personagem é inserido em um mundo completamente diferente do seu.

Atualmente, as fanfics são consideradas uma prática social que se difundiu graças à ampliação do acesso à internet e a plataformas de publicação e consumo de fanfics, onde autores e leitores interagem e também constroem narrativas coletivamente.

Raquel colocou a ideia de trabalhar com fanfics, e por sugestão dos próprios alunos estudou com sua turma do 9º ano a série A Casa de Papel, analisando vários episódios, a estrutura narrativa e os símbolos e referências presentes nela, como a cor vermelha e a máscara do pintor espanhol surrealista Salvador Dalí (1904-1989).

Como produto final, os textos dos alunos foram publicados na plataforma Spirit Fanfics e Histórias (disponível aqui). “Nesse site, é possível que o professor acompanhe tudo que os estudantes fazem, e aproveite a oportunidade para trabalhar também o multiletramento, porque dá para conversar sobre como se relacionar em ambientes virtuais”, indica Raquel.

A educadora abordou o gênero fanfic em sua dissertação de mestrado, Leituras e escrita em Língua Portuguesa: a fanfiction na sala de aula (disponível aqui).

Para além das aulas de Língua Portuguesa, as fanfics podem ser úteis também para aulas de outras disciplinas, como História. É possível, por exemplo, pesquisar sobre um momento histórico e criar relatos com base em um personagem histórico inventado. “É também um exercício de empatia, porque os alunos têm de se colocar no lugar desse agente”, afirma Lucas Monteiro, professor de História do Colégio Rainha da Paz, na capital paulista.

Clique nos botões abaixo para baixar sugestões que você pode explorar com os estudantes

Eu, um autor de fanfic

Eu, personagem da História