Para usar com seus alunos

Sugestão de Atividade: a expressão corporal no cinema mudo

Trabalhe o corpo como ferramenta de criação com os alunos do 6º e 7º ano

A linguagem cinematográfica muda é inspiração para a atividade. Ilustração: Nathalia Takeyama/Nova Escola

Quando a escola foi para dentro das casas, foi preciso criar uma nova relação com esse espaço. Da mesma forma que o ensino de Arte estimula os estudantes a observarem a escola como lugar de criação, o mesmo pode acontecer nos ambientes domésticos.

No replanejamento, levando em conta que neste momento tudo acontece por meio virtual, é fundamental propor atividades desconectadas da internet. O desafio é utilizar a tecnologia a nosso favor, sem deixar que ela se torne o centro da experiência de aprendizagem.

A atividade proposta aqui tem a investigação do corpo e a sua relação com o espaço doméstico como objetivo principal, utilizando a linguagem do cinema silencioso como inspiração e o vídeo como suporte. A ideia é experimentar as ferramentas do teatro e da dança para criar uma pequena dramaturgia corporal.

ATIVIDADE: EXPRESSÃO CORPORAL E CINEMA MUDO

Propondo a criação de uma cena do cotidiano na quarentena utilizando recursos de filmes do início do século 20


Indicado para:  Turmas do 6º e do 7º ano

Materiais: Objetos de uso cotidiano, selecionados pelo aluno, e equipamento eletrônico com filmadora (celular, tablet, computador, máquina fotográfica).

Na BNCC: uso de diferentes linguagens artísticas e interseccionalidade entre elas.

Tempo: 2 horas para a atividade prática e 4 horas para as discussões prévias e posteriores


PASSO A PASSO

1. Promova um mergulho no cinema silencioso: Proponha que os estudantes entrem em contato com referências do período silencioso do cinema, apresentando o trabalho de alguns realizadores. Em seguida, faça uma discussão coletiva ou enuncie perguntas sobre a gestualidade dos atores e atrizes. Abaixo, segue uma sugestão de material para esta etapa:

O Cinema é uma das principais invenções do século 20, foi a partir do surgimento dessa linguagem que muitos artistas de teatro começaram a adaptar seu trabalho para a câmera. Logo, as histórias filmadas tornaram-se mais complexas, fabricadas em ritmo industrial, com efeitos e recursos específicos. No entanto, durante um longo período, os filmes eram em preto e branco e ainda não contavam com o recurso do som. Contar uma história sem palavras exige um preparo corporal ainda mais intenso, já que são os gestos e expressões dos atores os responsáveis por comunicar o que acontece em cada cena. Muitos elementos da mímica e da dança foram utilizados para auxiliar nesse desafio.

A seguir, algumas sugestões de filmes desse período:

- A Corrida do Ouro (1925), Tempos Modernos (1936) e O Grande Ditador (1940), de Charlie Chaplin.
- A Cabra (1921), de Buster Keaton.
- O Homem Mosca (1923), de Fred C. Newmeyer e Sam Taylor.

A ideia é que o estudante experimente, no seu corpo, essa forma de atuar com gestos e expressões de grande dimensão. 

2. Crie uma situação do cotidiano: Convide o estudante a criar uma pequena situação cotidiana, em que um conflito aparece. Pode ser algo muito simples, como: “Um menino volta da cozinha com um copo d'água e tropeça no tapete”. Reforce a importância de determinar o começo, o meio e o fim dessa dramaturgia corporal.

3. Escolha do cenário e do figurino: Estimule o estudante a escolher um espaço da casa para realizar sua pequena cena. Assim como objetos e figurinos que possam auxiliar a composição.

4. Proponha o ensaio: Peça para o aluno ensaiar a sua ação algumas vezes, aprimorando os movimentos. Provoque-o a ampliar cada gesto, para que sejam capazes de contar o que acontece na cena e quais são as reações ao acontecimento, relembrando o tipo de atuação usado no cinema silencioso.  

5. Peça que o estudante filme sua pequena cena: É possível pedir ajuda para alguém da família neste momento.

PONTO DE ATENÇÃO: Relembre alguns cuidados necessários, como o uso do celular ou tablet na posição horizontal e a atenção para que o ambiente esteja silencioso ao longo da gravação.

6. Promova uma apreciação coletiva: Por fim, proponha um modo de compartilhar os vídeos com a turma. Os vídeos podem estar organizados em lista em um canal criado no YouTube, por exemplo. Caso vá usar trilhas sonoras, cuide para que os alunos utilizem obras autorizadas ("trilha branca"). É possível pensar em situações de apreciação coletiva, para que um aluno possa tecer comentários sobre a produção do colega. No Google Classroom e Google Meet é possível assistir aos vídeos e debater em conjunto.

Possibilidade do plano para aula presencial:

No contexto das aulas presenciais, as filmagens podem ocorrer em espaços diversos da escola – não só na sala de aula, deixando os alunos livres para fazer essa escolha. É também possível fazer em etapas: os alunos assistem aos trechos dos filmes e fazem a discussão da linguagem na sala de aula, levam as filmagens como lição de casa, e depois fazem a apreciação juntos, novamente na escola.Esta sugestão de atividade  foi elaborado pela professora de Artes do Corpo da Escola da Vila, em São Paulo (SP), Luiza Zaidan, sob a consultoria da professora de Arte Marisa Szpigel, também da Escola da Vila.

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