Para usar com seus alunos

Sugestão de Atividade: palavras e imagens para inventar um mundo novo

Dirigida para o 8º ou 9º ano, aula propõe uso das linguagens verbal e visual como mergulho na dimensão subjetiva de cada aluno

Criar novos mundos por meio de fotografias em preto e branco é a proposta da atividade. Ilustração: Nathalia Takeyama/NOVA ESCOLA

O plano sugerido aqui coloca as linguagens visual e verbal (imagens e palavras) como ferramentas para pensar o mundo. A sequência Janelas para Sonhar tem a intenção de provocar um olhar mais contemplativo, no sentido de dedicar tempo e de nos permitir o devaneio. 

No livro Ideias para Adiar o Fim do Mundo, publicado em 2019, o líder indígena, escritor e ambientalista Ailton Krenak escreve: “Vamos aproveitar toda a nossa capacidade crítica e criativa para construir paraquedas coloridos. Vamos pensar no espaço, não como um lugar confinado, mas como um cosmo onde a gente pode despencar em paraquedas coloridos”.

A primeira orientação é propor aos estudantes a realização de fotografias em preto e branco. Por dois motivos: para criar novos mundos e para desafiar o espectador a olhar por mais tempo para cada uma das janelas interiores. A duração da proposta também tem considerações sobre o tempo. O tempo do processo, que não é igual para todos os alunos e alunas, o tempo para o devaneio e o encontro com as que melhor revelam os sonhos.

ATIVIDADE: PALAVRAS E IMAGENS PARA INVENTAR UM MUNDO NOVO

Construção de um mural digital coletivo de fotos selecionadas ou produzidas pelos alunos


Indicado para: Turmas do 8º e 9º ano

Materiais: WhatsApp, câmera (celular, tablet, computador ou máquina fotográfica), Padlet (ou mural de sua escolha).

Na BNCC: EF69AR01, EF69AR06, EF69AR07

Tempo: A atividade deve ser feita em etapas, levando até quatro semanas para ser concluída. Os exercícios mais práticos podem durar 4 a 5 horas.


PASSO A PASSO

1. No fórum, dê voz aos sentimentos: Para iniciar, é importante criar um fórum para conversar sobre as mudanças que os adolescentes estão percebendo nos dias de hoje. Nessa situação, é importante mediar a conversa, estabelecer relações entre as colocações, fazendo questionamentos que favoreçam aprofundar as reflexões acerca dos acontecimentos nos âmbitos pessoais e planetários, mesclando os sentimentos individuais e os coletivos. O encaminhamento da conversa é importante, pois deve apontar para a escrita de duas palavras que sintetizem o debate, uma sobre a realidade e outra sobre os sonhos, a partir de duas frases:

Qual o mundo que desejamos quando a pandemia acabar?

Nós podemos sonhar!

Compartilhar as palavras por WhatsApp. Alguém da turma pode fazer uma lista - duas colunas - ACONTECIMENTOS | SONHOS, com todas as palavras e compartilhar com a turma. 

O texto Ideias para Adiar o Fim do Mundo, de Ailton Krenak, pode ser usado como estudo pelos professores para essa conversa inicial com os alunos.

2. Peça para os alunos coletarem as imagens: Em um segundo momento, cada estudante partirá para a coleta de imagens, que nada mais é do que fazer fotografias mobilizados pelas palavras presentes na segunda coluna (SONHOS). Aqui é fundamental conversar com a turma que a ideia de fotografar sonhos é justamente para possibilitar o mergulho em uma dimensão mais subjetiva, e não literal. Para esta conversa, o professor pode compartilhar com os estudantes fotografias de diferentes fotógrafos e fotógrafas.

Sugestões:

Fotógrafo: Evgen Bavcar

"Evgen Bavcar nunca viu um de seus trabalhos, conhece-os através de descrições. Seu mundo criativo de sombras, luz e sobreposições inusitadas desafia em polêmica o conceito de fotografia: "[Ela] não é exclusividade de quem pode enxergar. Nós também construímos imagens interiores". Bavcar é cego desde os 12 anos, e ainda na adolescência descobriu a fotografia." 

Fotógrafa: Rosângela Rennó

A exposição “#RioUtópico” propõe uma visão da “cidade maravilhosa” alternativa àquela dos cartões-postais. Com a ajuda dos jovens fotógrafos convidados e também do público – convocado a submeter fotos de 50 comunidades com nomes “utópicos” do Rio de Janeiro, como Chácara do Céu, Cidade de Deus e Final Feliz. Rennó transformou a Galeria Marc Ferrez em um mapa fotográfico interativo e diverso da cidade.

3. Prepare um mural: Para finalizar, peça aos estudantes que escolham uma fotografia entre as que realizou para compor um mural. Isso pode ser feito utilizando o Padlet. O professor pode criar o mural e compartilhar o link com os estudantes para que cada um faça sua publicação. Além de colocar as imagens, desafie os estudantes a elaborarem um pequeno poema a partir da palavra que motivou a realização da fotografia, abarcando as proposições iniciais: 

- Qual o mundo que desejamos quando a pandemia acabar?

- Nós podemos sonhar! 

Para ajudar na reflexão, sugira a leitura do poema Guardarde Antonio Cícero: 

Guardar

Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.

Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.

Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por
ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
isto é, estar por ela ou ser por ela.

Por isso, melhor se guarda o voo de um pássaro
Do que de um pássaro sem voos.

Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
por isso se declara e declama um poema:
Para guardá-lo:
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guardar-se o que se quer guardar.

Extraído de Projeto Releituras, de Arnaldo Nogueira Júnior. Disponível em http://www.releituras.com/antoniocicero_menu.asp. Acesso em 13 de julho de 2020.

Possibilidade do plano para aula presencial:

No contexto de aulas presenciais, as discussões prévias podem ser feitas na escola, assim com a apreciação dos trabalhos individuais. Já as fotos e poesia podem ser endereçadas como lição de casa.

Esta sugestão de atividade foi elaborada pela consultora Marisa Szpigel, professora de Arte na Escola da Vila, em São Paulo (SP). 

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