Independência do Brasil: 15 dicas para atualizar a sua aula no Fundamental 2
Aproveite a data histórica para conhecer cinco pontos de atenção e dez tópicos que não podem ficar de fora quando o assunto é o nosso processo de Independência
O ensino de História é vivo como é a própria História. Por isso, é importante que os professores especialistas não só se mantenham atualizados sobre novas descobertas a respeito do passado, como promovam com as turmas do 6º ao 9º ano uma contextualização eficiente de cada um dos conteúdos.
Dia 7 de setembro é a comemoração oficial da Independência do Brasil, um bom gancho para propor atividades e discussões sobre esse período histórico.
Nova Escola Box conversou com os professores de História Sherol dos Santos e Jair Ferreira, ambos historiadores do Time de Autores de NOVA ESCOLA, para produzir um guia com cinco pontos de atenção quando o assunto é Independência do Brasil e dez tópicos que não podem ficar de fora dessas aulas.
São dicas do que abordar, de acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), sugestões para contextualizar temas e também alguns fatos que nem sempre ganham o destaque merecido nas salas de aula. Confira:
1. Saiba o que a BNCC diz sobre a Independência
Nos primeiros anos do Ensino Fundamental 2, a BNCC enfatiza “a produção dos marcos da memória”, com destaque para o local onde a criança estuda. Por isso é interessante discutir “lugares de memória”. Toda cidade tem monumentos relacionados à Independência, como as ruas com nomes como “Dom Pedro” ou “7 de Setembro”, por exemplo. Vale discutir com os alunos os motivos da escolha destes nomes e o que eles significam.
Para os mais velhos, a Independência é abordada diretamente no 8º ano em três habilidades:
- EF08HI11: Identificar e explicar os protagonismos e a atuação de diferentes grupos sociais e étnicos nas lutas de Independência no Brasil, na América espanhola e no Haiti;
- EF08HI12: Caracterizar a organização política e social no Brasil desde a chegada da Corte portuguesa, em 1808, até 1822 e seus desdobramentos para a história política brasileira; e
- EF08HI13: Analisar o processo de Independência em diferentes países latino-americanos e comparar as formas de governo neles adotadas.
2. Trabalhe o contexto, sempre
Se é no 8º ano que a Independência do Brasil é abordada de forma mais focada, é também nesta etapa que se dá a melhor oportunidade para contextualizar os processos históricos.
Na unidade temática da BNCC, “os processos de Independência nas Américas”, há a necessidade de se pensar as relações entre Europa, Américas e África, sem o protagonismo do primeiro continente, mas de forma relacional e interdependente.
É importante que os estudantes identifiquem que naquela época eram debatidas questões que são temas ainda hoje, como o equilíbrio de forças entre o Legislativo e o Executivo.
É válido também aproveitar o 7 de Setembro para discutir conceitos como território, Estado, nação e país. “Sem contexto, a história se torna sem sentido para o aluno, sem crítica e sem relação com a vida dos estudantes”, afirma Jair Ferreira.
3. Fato ou fake?
Vale a pena ensinar o que realmente aconteceu na Independência do Brasil, desmitificando alguns fatos como, por exemplo, o brado do Ipiranga. Mas os professores devem sempre estar atentos em mostrar aos alunos que o conhecimento sobre o passado nunca é absoluto e que a História é construída a partir da análise de testemunhos do passado e, por isso, passível de interpretações.
“Dessa forma, relacionar diretamente as 'fake news' pode ser perigoso. É uma linha muito tênue entre diferentes interpretações e “opiniões diferentes”. Na História é preciso consultar historiadores”, destaca Sherol dos Santos. O mesmo cuidado é reforçado por Jair: “Geralmente, são questões que geram discussão, mas não acrescentam muito ao aprendizado”.
4. Atenção ao uso de arte nas aulas de História
Importante ferramenta de aprendizagem, o uso de obras de arte no ensino de História também demanda contextualização. A pintura Independência ou Morte, de Pedro Américo, é um exemplo. Ela deve ser trabalhada como uma obra de arte de 1888, não como representação do que ocorreu em 1822.
5. O papel das mulheres e dos grupos minorizados na Independência
Felizmente, mais e mais a atuação dos grupos minoritários está sendo considerada no ensino dos processos históricos que envolvem a Independência do Brasil, algo impensado para a historiografia mais tradicional. Há pesquisas que apontam lideranças negras e indígenas em muitos focos de rebelião do período colonial.
Um exemplo é a Conjuração Baiana, que tinha a participação de escravizados e ex-escravizados reivindicando o fim da escravidão. A historiografia também trata muito pouco da Batalha do Jenipapo, justamente por ser uma batalha popular, que reuniu minorias.
A melhor forma de incluir esses temas nas aulas é manter-se atualizado com a leitura de historiadores e historiadoras negros/as e indígenas. A dica da professora Sherol é o perfil do Instagram Rede de Historiadorxs Negrxs (@historiadorxsnegrxs), que se dedica a divulgar pesquisas feitas por esses profissionais sobre os mais diversos temas.
10 dicas práticas e conteúdos para atualizar suas aulas de História:
- Relacione as discussões feitas na Revolução Liberal do Porto e as pressões das Cortes de Lisboa sobre a Família Real abrigada na Colônia Brasil.
- Identifique os diferentes movimentos e rebeliões na colônia portuguesa que desencadearam diferentes tensões que culminaram na Independência.
- Dentre as diversas tensões fora da Região Sudeste, destaque para a Independência da Bahia e a Batalha do Jenipapo.
- Situe o processo de Independência do Brasil em relação aos processos de independência nas Américas Espanhola e Inglesa. Veja mais aqui.
- Promova a compreensão da formação geopolítica do período para que os alunos entendam que o Brasil colonial tinha uma conformação diferente e que não havia um sentimento nacional latente integrando as regiões.
- Exponha o papel da Revolução do Haiti nas discussões sobre a manutenção da escravidão na “Nova Pátria”.
- Apresente os antecedentes da Independência, retomando o que significava ser colônia, o pacto colonial e as mudanças que ocorreram após a chegada da família real em 1808.
- Na abordagem do processo de Independência propriamente dito, pontos marcantes são o Dia do Fico, o 7 de Setembro e a Coroação em 12 de outubro.
- Contextualize as disputas entre dom Pedro I e a Assembleia, e também a disputa pelo Dia da Independência, se 7 de setembro ou se 12 de outubro.
- Aborde a Construção do Brasil, por meio da Constituição, da bandeira e outros símbolos nacionais, considerando a participação de Jean-Baptiste Debret nesse processo.
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