Foi bom ou pode melhorar

Reflexão sobre a prática: acertos e aprendizados de Renata com sua turma de adultos

Após sete meses de aulas a distância, a docente levantou alguns pontos em sua prática na EJA para ajudar outros professores a enfrentarem questões semelhantes

Conheça sugestões e reflexões sobre a prática da professora Renata Gibelli, do CIEJA Professor Francisco Hernani Alverne Facundo Leite. Foto: Hudson Rodrigues/NOVA ESCOLA 

Renata Gibelli, professora de História do CIEJA Professor Francisco Hernani Alverne Facundo Leite, em Interlagos, na capital paulista, transformou o WhatsApp em seu principal aliado no ensino remoto. 

Por ele, ela faz tanto atividades didáticas síncronas como mantém em dia a relação de afeto com os estudantes, tão importante no engajamento na educação de jovens e adultos. 

Aqui, ela faz uma reflexão sobre sua experiência, levantando alguns pontos de acerto e outros de dificuldade ou frustração. Para comentá-los, NOVA ESCOLA ouviu a educadora Renata Capovilla, cofundadora da Íntegra Educacional, que deu algumas sugestões para superar desafios e aperfeiçoar os aprendizados. 

E aí, vamos aprender juntos?


FOI BOM

Atendimento individualizado 

“Para manter as relações afetivas a melhor estratégia foi o atendimento individualizado. Atender os estudantes por meio de seus números privados de WhatsApp foi a forma para conseguir escutar e compreender um pouco melhor a diversidade de realidades que estão vivenciando”

Cultivar as relações afetivas são uma excelente estratégia para manter o engajamento dos alunos. Uma sugestão, além da troca de mensagens no atendimento individualizado, é usar as chamadas de vídeo para os alunos tirarem dúvidas específicas. Também é possível personalizar a aprendizagem dando à eles atividades que sejam relacionadas ao que se está trabalhando, porém atendendo as demandas específicas de cada um. 

Manter a troca e a esperança 

“Um ponto relevante foi manter a esperança de nos reencontrar em breve. Frases e planos como “Quando voltarmos para escola faremos um café da manhã coletivo” ou “Quando estivermos juntos vamos retomar o clube de leitura”, ideias que fortalecem a identidade do grupo”

O fator emocional é um dos grandes motivadores dos alunos e deve ser sempre valorizado. Uma ideia que pode auxiliar nesse processo é utilizar um padlet - site que gera murais, linhas do tempo, mapas de forma colaborativa - como mural para que registrem essas ideias motivacionais.


PODE MELHORAR

Equilíbrio entre conteúdo e interação 

“Quando o ensino remoto começou, uma das minhas principais preocupações era conseguir imprimir um caráter de seriedade ao trabalho que iríamos propor virtualmente. Tive medo dos estudantes não entenderem que o espaço virtual era um local de aprendizagem e caracterizassem aquele momento com um horário de bate-papo com os professores. Por conta disso, me posicionei de forma bastante fechada, restringindo os diálogos ao que era referente aos temas estudados e exercícios” 

O momento remoto foi um reaprendizado para professores e alunos. Por conta disso, muitas posturas foram sendo testadas, hora de rigidez, hora de troca, e assim fomos experimentando como trabalhar melhor neste período. 

Nas próximas vezes… O que foi observado, em geral, é que os alunos entenderam a necessidade de trabalhar de forma séria, compreendendo as dificuldades e busca constante dos professores em melhorarem as práticas. A troca com os alunos, de forma objetiva, mas mantendo a proximidade emocional é sempre eficaz.

Evasão 

“Minha maior preocupação é a evasão. Muitos alunos argumentam que preferem esperar normalizar. Não sabemos se, na volta ao presencial, esses alunos que não aceitaram o ensino remoto irão retornar”.

A instabilidade e insegurança estão presentes em todos os setores da sociedade nesse momento. Quando falamos de evasão e de alunos que não se adaptaram ao ensino remoto, será necessário buscar esses alunos de forma individualizada, desenvolvendo um projeto com os alunos que voltaram para a escola para mostrar a importância do estudar, engajando-os para que os próprio alunos motivem aqueles que não retornaram. 

Nas próximas vezes… Outra possibilidade é desenvolver um projeto de aluno tutor. Ainda não sabemos como se dará o retorno, é possível que continuemos com aula remotas por um tempo ou de forma híbrida. Neste caso, aqueles alunos que não se adaptaram ao ensino remoto podem aprender com os alunos que possuem mais habilidades e assim, haver uma troca entre os pares e aprendizado para todos.

Respeitar o tempo de cada um 

“Nem sempre dá certo buscar, tentar contato com os alunos que evadem. É preciso também aceitar que nem tudo está ao nosso alcance e respeitar o tempo de cada estudante.”

Respeitar o tempo de cada um, entender que nem todos possuem as mesmas habilidades ou possibilidades no uso das ferramentas para aulas remotas, ter empatia uns pelos outros, são competências socioemocionais que tanto falamos quando lembramos da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e que, nesse momento, temos a oportunidade de desenvolver de forma muito produtiva. 

Nas próximas vezes… Nem tudo está ao nosso alcance, mas pode estar ao alcance de pessoas muito próximas. Vimos neste período de pandemia uma grande rede de auxílio e troca se formando entre diversos setores que deve ser aproveitado por todos. Esse apoio é importante e necessário para a continuidade do trabalho, pois juntos, chegamos sempre mais longe.

Mais sobre esse tema