Para aprender com a prática

Como construir critérios de avaliação dos estudantes na pandemia

Confira dicas e informações para organizar o planejamento e fechar as avaliações dos alunos em 2020

Estabelecer um critério de avaliação utilizando uma rubrica é uma alternativa interessante. Ilustração: Rafaela Pascotto/NOVA ESCOLA

Uma nova dinâmica de ensino pede uma nova dinâmica de avaliação. A expectativa dos professores é de que os estudantes desenvolvam de maneira eficiente as habilidades de cada uma das disciplinas, como resolver problemas, argumentar e fazer pesquisas criteriosas sobre temas propostos, o que exige um alinhamento entre planejamento, aula e avaliação. 

Porém, em um ano em que o planejado caiu por terra e a reinvenção deu o tom, como avaliar a aprendizagem? 

Em geral, os planejamentos articulam certa abrangência de conteúdos de ensino a determinado período - bimestre, semestre, ano - em razão de uma série de expectativas de aprendizagem que se pretende alcançar. A finalidade da avaliação, assim, é identificar quais estudantes atingiram ou não as metas de rendimento previstas para o período para promover ações de reparação. “Tudo isso continua valendo em 2020? Sim!”, afirma Mazé Nóbrega, consultora de Língua Portuguesa de NOVA ESCOLA.

No entanto, segundo a educadora, se já com as aulas presenciais os educadores sentiam certo esgotamento da avaliação por meio das clássicas provas, em 2020, com as aulas remotas ou com as formas híbridas que mesclam ensino remoto e presencial, buscar outros instrumentos avaliativos é essencial.

Estabelecer um critério de avaliação utilizando uma rubrica é uma opção interessante segundo as especialistas ouvidas por NOVA ESCOLA, considerando que este ano as atividades pedagógicas foram nos mais variados formatos, das tradicionais provas escritas a áudios pelo WhatsApp.


Na prática: dicas para avaliar os alunos no ano letivo de 2020

Para ajudar os professores na tarefa de avaliar os estudantes no encerramento de 2020, NOVA ESCOLA convidou, além de Mazé, as educadoras Kátia Chiaradia, Renata Capovilla, cofundadora da Íntegra Educacional e Tereza Perez, diretora da Comunidade Educativa CEDAC

1. Antes de avaliar os estudantes, avalie-se: Quais condições tive para exercer meu papel e também quais as condições que cada aluno teve para interagir com as propostas da escola?

2. Ouça a comunidade escolar, os estudantes e as famílias, propondo três questões: O que aconteceu ao longo da pandemia que foi bom e devemos manter? O que fazíamos antes da pandemia e não queremos que volte? Do que temos saudades?

3. Retome o seu planejamento e selecione os objetivos de aprendizagem que foram priorizados durante o período: Relacione quais instrumentos têm em mãos para obter indícios a respeito da produção das crianças. Algum áudio que postaram? Algum trabalho que enviaram?

4. Procure obter informações com os próprios estudantes. Como houve poucas oportunidades de acompanhar presencialmente o processo deles, a autoavaliação é uma ferramenta muito importante. Por exemplo, peça que organizem uma espécie de portfólio para mostrar a você o que conseguiram produzir remotamente. Você pode obter muitas pistas simplesmente conversando a respeito desse material organizado pelos próprios estudantes. Pergunte quais foram suas dificuldades e quais foram suas aprendizagens.

5. Deixe de lado uma avaliação quantitativa e se concentre na elaboração de um relatório descritivo a respeito do que cada um pôde aprender nesse período tão excepcional e de quais são os objetos de conhecimento previstos para 2020 que precisarão ser retomados em 2021. Esse instrumento será, certamente, muito útil para planejar o próximo ano letivo. A aprendizagem acontece em multidimensões, portanto, o instrumento de avaliação precisa dar conta de avaliar as multidimensões, por isso as rubricas são importantes.

6. Compartilhe os critérios: Além dos alunos, os critérios de avaliação devem ser compartilhados também com a coordenação da escola e com as famílias.

7. Lembre-se de que há níveis de aprendizagem a serem desenvolvidos e que isso deve ser considerado. Por exemplo, antes do resultado (in)correto de uma conta, há um raciocínio matemático. Para além de palavras grafadas em desalinho com a norma, existem as estruturas de gênero dos textos em que essas palavras aparecem. A avaliação precisa captar esse processo. 

8. Organize o que se pretendia com cada uma das propostas avaliativas e compare ao que os alunos entregaram.

9. Tenha atenção às evidências de aprendizagens apresentadas mesmo em dinâmicas que não tinham a intenção de ser avaliativas: o desempenho em uma aula on-line, o interesse num contato com você, em uma dúvida.

10. Os sinais de aprendizagem se dão em variadas produções dos alunos: Às vezes é na lição de Ciências que a criança vai mostrar que entendeu a contagem ou a composição do solo, e não na de Matemática ou de Geografia. Ou na redação ela mostra que entendeu o que é sustentabilidade. Troque experiências com os colegas. 

11. Acolha as diferentes realidades: Às vezes o melhor que aquela criança pode fazer é entregar metade da tarefa e isso não tem a ver com desrespeito às propostas.

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