Dicas, recursos digitais e ferramentas para organizar as devolutivas de avaliação em 2020
Os professores chegam ao fim do ano com uma enorme bagagem de experiências para a adaptação ao ensino remoto. Aqui, compartilham algumas dicas de como organizar o material dos alunos para avaliação
O ensino remoto - ou com características do ensino híbrido - alterou também os métodos de avaliação nas escolas brasileiras. As dinâmicas em sala de aula e provas escritas abriram espaço para vídeos, áudios e formulários -, além de grande volume de materiais, foram produzidas pelos estudantes ao longo da quarentena.
Todas as entregas dos alunos têm valor na hora da avaliação, mas quais são as dicas, recursos digitais e estratégias para organizar as devolutivas? Como organizar a produção de forma eficiente e fazer devolutivas claras para que meninas e meninos possam compreender seus próprios avanços na trajetória de aprendizagem?
Segundo Renata Capovilla, cofundadora da Íntegra Educacional, para os alunos que já possuem uma autonomia no uso das tecnologias, o Google Sala de Aula possibilita a troca entre alunos, devolutiva do professor, organização dos materiais, conteúdos e atividades em tópicos, onde tudo fica arquivado em um drive. Por meio da ferramenta, o professor pode dar devolutivas utilizando rubricas e pontuações de forma intuitiva e prática.
Já para alunos mais novos, uma possibilidade é o Google Site, que pode ser utilizado como um portfólio virtual, registrando o processo de desenvolvimento do estudante ao longo do ano letivo. Também há recursos como o Padlet, que permitem a criação de murais, linhas do tempo, e podem ser utilizadas como organizador do material produzido pelos alunos.
Confira as dicas dos professores ouvidos por NOVA ESCOLA para a organização do material dos alunos e fazer devolutivas.
Organizar a avaliação no Google Sala de Aula
Dica de Fabiana Soares de Guimarães, professora de Língua Portuguesa da Escola Municipal Walmir de Freitas Monteiro, de Volta Redonda (RJ).
A EM Walmir de Freitas Monteiro adotou o Google Sala de Aula, e as pastas, por turma, são organizadas pela gestão da escola, o que facilita muito o trabalho docente.
A professora Fabiana conta que os alunos enviam tudo por lá e o material fica arquivado na sala de cada turma: áudios, documentos e vídeos. A professora também usou o Google Formulários para aplicar o que ela chama de “minitestes” sobre cada um dos conteúdos apresentados.
Dentro da plataforma, as postagens foram por semana e em cada uma consta o ano, a disciplina e o conteúdo da matéria. “Quanto mais identificações na postagem, mais fácil localizá-la. Eu nunca havia mexido no Sala de Aula, nem no Meet, também não sabia fazer formulários. Então tive formações para aprender e a organização da escola contribuiu para o trabalho”, conta.
Ela explicou também que quando o professor quer buscar uma atividade específica, há um drive com todas as semanas e os respectivos conteúdos. “Virtualmente ficou muito fácil de achar qualquer coisa porque tem tudo no drive, separado por semana e conteúdo. E no Sala de Aula dá para ir direto na semana em que preciso, lá estará todo o material enviado pelos alunos sobre aquele tópico.” O acesso é feito por turma, independentemente da disciplina. O que permite, por exemplo, saber se um aluno está participando de uma disciplina e não de outra.
As devolutivas dos minitestes foram feitas por meio dos feedbacks de respostas do próprio formulário. “Elaboramos mensagens com explicações e eles viam após entregar o formulário. Nós montamos gabarito nos formulários, então eles viam o que erraram e no feedback as explicações dos erros e acertos. Textos, áudios e vídeos foram corrigidos individualmente, com comentários e devolutivas. “Nunca me dirigi à turma de forma coletiva, apenas quando postava as atividades. Todas a correções e comentários foram no privado. Pelo próprio Google sala de aula, no post da atividade ou via email”.
Sistematizar devolutivas por e-mail e fazer correções à mão
Dica de Luiz Felipe Lins, professor de Matemática da EM Francis Hime, do Rio de Janeiro (RJ).
O Google Sala de Aula também foi a ferramenta adotada por Luiz Felipe, mas como nem todos os seus alunos têm acesso regular à internet, as atividades também são enviadas por e-mail. “Eu sempre passo uma atividade avaliativa para que eles façam. Alguns entregam pelo Google Sala de Aula, onde faço a devolutiva, outros pelo e-mail pessoal”, conta.
Luiz Felipe prefere imprimir todas as tarefas e corrigi-las à mão, pelo método tradicional. Na plataforma ele transcreve as devolutivas de forma individual, pontuando o que cada aluno precisa melhorar ou o que precisa ser refeito. “Não socializo os resultados em conjunto, acho que a exposição, neste momento, não seria interessante”, reflete.
Aproveitar o Google Forms/Google Formulários para avaliar
Dica de Douglas Takasu Bomfim de Oliveira, professor de Matemática da EE Manuela Lacerda Vergueiro, de São Paulo (SP).
Douglas adotou o Google Sala de Aula para postar semanalmente o conteúdo de suas aulas e receber o material dos alunos. Para as avaliações, os formulários do Google foram os escolhidos. “Organizei as atividades por semana e bimestre, logo a atividade A1B2 se refere à primeira atividade do segundo bimestre. Eu uso uma pasta para a turma toda e uma planilha para controlar quem entrega e qual a nota de cada atividade”, conta. A devolutiva das avaliações são via questões certas e erradas do próprio Google Forms.
Usar Moodle, devolutivas individuais e relatório-avaliação
Dica de Marília Prado, professora de Matemática do Colégio Ítaca, de São Paulo (SP).
A escola onde Marília leciona adotou o Moodle como ferramenta-padrão no ensino remoto. “Eu costumo criar tópicos para cada conteúdo novo: em cada aula preparo uma apresentação em PowerPoint e complemento com registros que vou fazendo com a mesa digitalizadora durante a aula. Depois das aulas posto tudo no Moodle. No mesmo tópico incluo as atividades que os alunos devem fazer, geralmente, em forma de questionário do próprio Moodle”, explica a professora. Os alunos podem entregar as tarefas pela própria plataforma ou no caderno. Neste caso, basta enviar a foto da atividade. O próprio Moodle organiza o material por atividade.
A devolutiva é sempre individual. A própria plataforma permite comentários sobre cada uma das questões. Em caso de erro, Marília parte do ponto onde houve o equívoco e aponta os caminhos para que o aluno compreenda onde foi que ele errou. Quando a mesma dificuldade se apresenta para muitos alunos, o tópico é retomado em aula. Todas as atividades recebem nota, com cada questão tendo um valor. O Moodle contabiliza os pontos e gera uma nota final para a atividade.
No último bimestre, porém, Marília adotou o método “relatório-avaliação”, do matemático Ubiratan D'Ambrósio. Assim, é pedido aos alunos que produzam um relatório do que foi abordado nas aulas. Não um resumo das aulas, mas sim, um texto que conte o que eles aprenderam, quais as aplicações práticas do conteúdo e o que eles sugerem para melhorar a aprendizagem. Esses relatórios estão em processo de avaliação e, por enquanto, Marília está satisfeita com o resultado e o engajamento dos alunos.
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