10 passos para o diretor colocar o espaço escolar em ordem - e como conseguir dinheiro para isso
Protocolo claro para a retomada das aulas deve guiar toda a reorganização do espaço físico da escola. Eventuais reformas e compra de material de higiene podem trazer custos extras
Nas férias que separam um ano letivo do outro, os bastidores da escola agitam-se: é hora de botar ordem na escola, fazer rearranjos, reformas e consertos para receber os alunos para o novo ano.
Nesta virada de 2020 para 2021, porém, está tudo diferente. O ensino remoto emergencial ao longo da maior parte do ano passado e a expectativa para a implantação de um modelo híbrido, mas com regras ainda indefinidas, mudaram também a organização do espaço escolar.
E mais: impõem desafios financeiros aos gestores, que podem lidar com aumento de despesas por conta das adaptações necessárias para receber os alunos na volta às aulas. Como dar conta de tantas transformações?
A organização do espaço físico escolar é sempre um projeto institucional, pois ela revela a concepção de ensino e aprendizagem, afirma a educadora Maura Barbosa, uma das autoras do livro O Que Revela o Espaço Escolar?, disponível gratuitamente para download.
Agora, esse espaço precisa apresentar a reviravolta que estamos vivendo, pois a escola não é mais a mesma depois do ensino remoto e híbrido. "Não teremos todos os alunos na escola, as coisas funcionarão de outra forma, e o espaço precisa mostrar que estamos vivendo outro momento", explica.
O espaço escolar
A meta é sempre criar ambientes agradáveis, confortáveis e acolhedores. Agora, também mais seguros do ponto de vista da higiene. Para Maura, o primeiro passo é buscar entender o que o espaço físico revela, pois a ideia é sempre transformá-lo em ambiente de aprendizagem. “O espaço é o lugar das coisas e o ambiente é onde se dão as ações”, explica.
E ações envolvem pessoas, por isso o primeiro passo na organização é envolver todos os atores: funcionários, professores, alunos e familiares. Isso porque, qualquer ideia que seja adotada demanda continuidade e também precisa atender às necessidades e expectativas de quem estará nos espaços no dia a dia.
Por exemplo: uma nova disposição das carteiras na sala de aula para melhorar o ambiente de aprendizagem precisa também atender aos protocolos de distanciamento. Essas mudanças devem ser acordadas com os professores, confortáveis aos alunos e mantidas pelos funcionários que cuidarão da limpeza. Quanto às famílias, que se tornaram mais próximas da escola por conta do ensino remoto, as mudanças devem ser comunicadas a elas para que se sintam seguras quanto ao ambiente em que suas crianças e adolescentes estarão.
Além de Maura, NOVA ESCOLA ouviu Lúcia Cortez - diretora da Escola Municipal Professor Waldir Garcia, de Manaus (AM), e vencedora do Prêmio Educador Nota 10 de 2020 - e preparou este passo a passo para ajudar os gestores a preparem o espaço físico da escola para o novo ano letivo.
Você também pode clicar no botão abaixo para o download do passo a passo em dois formatos. O primeiro, em PDF, permite que o material seja impresso, recortado e afixado nos espaços da escola. Há também a possibilidade de baixar as dicas no formato de imagem, que podem ser salvas ou enviados por WhatsApp ou outra ferramenta.
Caso você seja diretor escolar, observe o espaço, tenha em mente os protocolos de higiene, a ideia de que acolher é importante, e, então, mãos à obra!
PREPARE O ESPAÇO FÍSICO DA ESCOLA PARA 2021
Confira, abaixo, 10 pontos para o diretor escolar organizar a escola neste início de ano
- Adote um protocolo de retomada. Leia e discuta o documento com toda a equipe escolar para que possam compreender a necessidade da reorganização do espaço;
- Comunique às famílias o protocolo de retomada para que se sintam seguras ao enviar seus filhos à escola, apoiem a implementação do protocolo e compreendam a reorganização do espaço;
- Caso necessário, busque um profissional da saúde para reforçar as orientações e os protocolos sanitários. Isso pode ocorrer em uma reunião com os funcionários, especialmente aqueles que estarão diretamente envolvidos na limpeza;
- Um profissional da saúde pode ser útil também na gestão do espaço de alimentação dos alunos, que pode auxiliar funcionários e nutricionistas com os protocolos que precisam ser adotados neste espaço da escola, onde os estudantes estarão juntos e sem máscara;
- Libere espaços para facilitar a circulação, impedindo o acúmulo de materiais, como excesso de carteiras nas salas de aula, por exemplo;
- Disponha por toda a escola orientações sobre os cuidados de higiene e distanciamento;
- Distribua totens de álcool em gel, tapetes de sanitização e pias para lavar as mãos por diversos espaços da escola;
- Reorganize o mobiliário das sala de aula e demais dependências, sempre deixando um espaçamento entre um aluno e outro, conforme determina o protocolo da saúde;
- Divida as turmas para frequentarem os espaços escolares de forma alternada, por meio do ensino híbrido, com foco na personalização do ensino, colocando o aluno no centro do processo educativo como protagonista da sua aprendizagem;
- Altere os horários de recreio, entrada e saída por turma, que devem ser alternados.
Então, como organizar as contas da escola em 2021?
As reformas e consertos desta época do ano exigem dinheiro. E a adoção de novos protocolos e compra de mais produtos de limpeza e higiene podem pressionar as finanças da escola.
Como lembra Juliana Rohsner - diretora EEEFM Jones José do Nascimento, em Serra (ES), vencedora do Prêmio Educador Nota 10 de 2019 e que em poucos dias assumirá a Secretaria de Educação de Vitória (ES) -, o ensino remoto trouxe economia de recursos em algumas áreas, como papelaria, material esportivo, jogos, copos.
E em contrapartida, houve aumento de gastos com tonner, papel, manutenção de impressora e insumos de higiene. “É fundamental que o gestor equilibre esses gastos planejando um 2021 conforme a realidade da unidade de ensino”, afirma.
Contas feitas, é hora de buscar os recursos necessários para as despesas de 2021. Em geral, as escolas têm acesso ao Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), financiado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) do governo federal. É uma forma rápida de obter recursos financeiros para além daqueles já programados. A adesão ao PDDE é feita pelo site do FNDE e todas as escolas públicas podem ser contempladas pela verba e não é necessário escrever um projeto para solicitar o recurso.
Juliana lembra também que outra possibilidade são os recursos obtidos por prêmios ou parcerias com instituições privadas. “O diretor escolar é o grande articulador das aprendizagens e o lugar dele é o pedagógico, e mesmo quando falamos de recursos financeiros não podemos nos esquecer desse local. O olhar para os gastos públicos precisa passar pelo crivo do impacto pedagógico e isso faz total diferença”, explica.
GESTÃO FINANCEIRA DA ESCOLA EM 2021
Cinco dicas para cuidar das contas da escola no início deste ano
- Mapeie as necessidades e expectativas da equipe, estudantes e comunidade para estabelecer o plano de aplicação dos recursos financeiros;
- Estabelecer uma relação clara e eficiente entre o plano de aplicação e o plano de ação da unidade escolar;
- Na hora de comprar, observe a qualidade dos equipamentos e insumos: às vezes o melhor preço tem duração muito menor por conta da menor qualidade;
- Tenha cuidado com fornecedores que oferecem produtos e insumos diretamente na escola: use a internet para pesquisas prévias de preço e busque, na hora da negociação com o fornecedor local, o melhor custo-benefício;
- Priorize a escolha de fornecedores locais, valorizando e fortalecendo a economia da região da escola.
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